sábado, 25 de novembro de 2006

Prêmio Empulhação

Na linha da bolsa-boçalidade, premiação instituída pelo Boa Noite Pro Porco, o Blog Ponto de Vista tem o Prêmio Empulhação.

22 de dezembro, dia de salvar o mundo pelo orgasmo

Que tal unir o mundo em um grande orgasmo no próximo dia 22 de dezembro? Pela paz, pelo futuro.

A proposta da Global Orgasm é unir o mundo adulto em um grande orgasmo sincronizado.

É uma das melhores, mais esclarecidas e responsáveis das idéias de ação pela paz que vi em muito tempo. É algo que está ao alcance e ao desejo de todos. Bem, talvez não de Bush, talvez não do Papa, talvez não da Opus Dei, talvez não dos fundamentalistas aburridos e lideranças tanatistas deste início de milênio, mas, precisamente, eis o problema.

(Tanatistas: os líderes que conduzem a humanidade à guerra, à morte. Erotistas: os líderes que conduzem a humanidade à união, ao amor.)

Segundo o blog Global O (postagem Thanks, and Keep Spreading the Word), a idéia é unir a humanidade em torno do seu impulso para o amor, a união, ao outro.

Há muito impulso para o ódio, a guerra e o egoísmo no mundo atual. Precisamos de algum equilíbrio, coisa que o aahhhhh-global pode ajudar a trazer.

(Postado originalmente no Animot.)

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Maneiras de boicotar a Editora Abril

- Evitar a Veja e a MTV

- Evitar os produtos e serviços dos patrocinadores da Veja e da MTV

- Ligar para o 0800 dos patrocinadores da Veja e da MTV e explicar que você não compra seus produtos por causa do apoio financeiro dado à imprensa tendenciosa-no-armário (sem declarar explicitamente sua posição POLÍTICA explícita) e desrespeitadora da inteligência do público

quarta-feira, 22 de novembro de 2006

As bancadas das grandes empresas

Bancada da Vale do Rio Doce: 47 deputados

Bancada da Gerdau: 27 deputados

Bancada do Itaú: 27 deputados

Bancada da Aracruz: 16 deputados

Nós, grandes acionistas, capitalistas sem pátria, agradecemos.

Ver Terra Magazine, Diário Gauche e Boa Noite pro Porco

PSDB e PFL, além da compreensão

Não dá para entender uma oposição que não defende aquilo em que acredita e ainda morre de dar risadas quando tromba com seu próprio programa.
Oposição em clima de brincadeira colegial - Franklin Martins

"Liberdade, Essa Palavra", documentário sobre Aécio Neves e a mídia mineira

Relação com os meios de comunicação, estilo PSDB mineiro

Agosto de 2006. O Centro Acadêmico Afonso Pena, entidade representativa dos estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG publica uma edição especial de seu jornal Voz Acadêmica. O título: 4 anos sem liberdade de imprensa na terra da liberdade. Em suas doze páginas, o Voz denuncia o espancamento de professores em greve, a maquiagem das contas do governo, o direcionamento da imprensa oligárquica do estado pela irmã do governador (“dedicada tutora do ainda não interdito”), o silêncio sepulcral sobre a CPI da MBR, os subsídios da Cemig — Companhia Energética de Minas Gerais à Vale do Rio Doce e outras mineradoras.

Com humor e sutileza, mas também com veemência, o jornal expõe os desmandos do governo Aécio Neves. Um governo no qual, em torno de uma imagem moderna, jovial e festiva, tem-se construído um clima de unanimidade forçada. Encarnando o otimismo, o governador promete devolver ao estado a expressão política perdida desde o fim do gerenciamento militar. Mas por trás de seu sorriso, esconde-se a continuidade do domínio oligárquico e de suas violências — entre elas, a censura à imprensa.

-- Saudações a quem tem coragem, em A Nova Democracia

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Imune

Porque ela, a Folha, como se sabe, sofre daquela patologia do patrãozinho gótico: está imune a qualquer emoção positiva.
-- Nirlando Beirão na CartaCapital da semana, p. 45

O Dia da Inconsciência Branca

Hoje publico aqui no Blogoleone umas postagens que republico todo dia 20 de novembro no Animot.

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Hoje, 20 de novembro, é o Dia da Consciência Negra. É uma data importante. Primeiro, por ser uma data dedicada à reflexão, à consciência. Segundo, pelo objeto da reflexão, a situação acintosa na qual nós brancos deixamos os negros no nosso país.

Nós, brancos ("branco racista" é quase pleonasmo), somos os responsáveis pela precária situação de vida dos negros. Nós deveríamos ser os primeiros a refletir sobre nossos próprios erros. Nossos principais crimes, bastante graves, têm sido:

* Assassinato de negros - Policiais fazem isso o tempo todo; só nos indignamos quando eles matam um branco de classe média (veja o caso daquele garoto de São Leopoldo).
* Estupro de negros - nossos antepassados eram estupradores de escravas - de avós, de mães, de irmãs, de mulheres.
* Roubo de terras - Nós brancos somos ladrões. Grileiros adoram tirar uma terrinha de uma família negra. No RS o caso de Morro Alto, cidade próxima de Osório, ilustra isso muito bem.
* Discriminação no trabalho - Tente encontrar um trabalhador negro no Unibanco, por exemplo. É bem difícil. Já para encontrar um branco ou uma loira é só abrir os olhos.

A lista de crimes que merecem ser punidos e que devem levar a reparações é muito maior, mas já deu pra sentir o clima.

Eu me envergonho de ser um brasileiro branco. Acho que pertenço a uma das etnias mais brutais do planeta.

A primeira vez que publiquei um post intitulado O dia da inconsciência branca foi em 20 de novembro de 2003. A edição do Correio do Povo daquele dia foi paradigmaticamente inconsciente. Eis o que encontramos na capa do jornal:

CORREIO DO POVO
PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2003
Pelotas e Alvorada sem feriado

Os desembargadores Vasco Della Giustina e Paulo Augusto Monte Lopes, do Tribunal de Justiça do Estado (TJ), concederam ontem liminares solicitadas pela Federação do Comércio de Bens e Serviços do RS (Fecomércio) suspendendo os feriados municipais de 20 de novembro em Pelotas e em Alvorada. Com mais essa decisão, o poder Judiciário gaúcho acabou com as esperanças de três municípios gaúchos - Porto Alegre, Alvorada e Pelotas - de fazer feriado hoje em comemoração ao Dia da Consciência Negra, em homenagem ao líder Zumbi dos Palmares.

A liminar expedida na sessão do Órgão Especial do TJ na segunda-feira, considerando inconstitucional o feriado em Porto Alegre, pelo fato de não ser religioso, serviu como base para as ações de ontem. À noite, o Tribunal de Justiça também negou dois agravos regimentais que pediam a cassação das liminares. Os agravos foram interpostos pela Câmara Municipal e pelo município de Pelotas, e pelo Movimento Negro Unificado e pelo Centro Memorial de Matriz Africana 13 de Agosto.
A notícia me revoltou. No que ficou dito, claro ficou o não dito:

* Empresários brancos entraram na justiça contra o feriado. Talvez isso não tenha sido dito porque "empresário branco" é quase um pleonasmo.
* É um absurdo que tais empresários não tenham sido imediatamente presos, sem direito a fiança, sob a acusação de racismo. É o que exige nossa Constituição.

Até aqui as coisas já iam mal, mas o que veio após a capa era muito pior. Era o puro pesadelo do racismo aparecendo descaradamente na página de opinião do jornal. Eis o que escreveu um sujeito supostamente com estatura moral suficiente para ser um "formador de opinião":

PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO DE 2003
Nosso Colaborador

QUASE FERIADO
Percival Puggina

Se a Justiça não tivesse impedido, hoje seria feriado em Porto Alegre. Uma iniciativa da Câmara de Vereadores, sancionada pelo prefeito, havia transformado em feriado municipal o Dia da Consciência Negra, que coincide com a morte de Zumbi, no ano de 1695. Com grande risco de parecer politicamente incorreto, atrevo-me a afirmar que discordo da idéia. Fazer feriado para celebrar a consciência de uma determinada raça significaria termos um dia inteiro de folga para pensar em raças. Convenhamos, dar tanta importância assim ao assunto, passar a vida lidando com ele e remexendo nele parece coisa de gente racista. E é exatamente assim, como procedimento racista, aliás, que vejo toda essa pressão cobrando quotas raciais nas universidades, nos locais de trabalho e nos espaços de publicidade.

Sob o ponto de vista econômico, haveria um dia a menos de trabalho para cerca de 500 mil pessoas, o que corresponderia a um prejuízo de 4 milhões de horas e a um dano econômico superior a R$ 30 milhões. "Há coisas que valem mais do que dinheiro", filosofavam os defensores da idéia - nenhum dos quais, por certo, com responsabilidade sobre folhas de pagamento. É verdade, há sim. Mas qual o ganho que a raça negra teria em Porto Alegre e qual o prejuízo dela em Canoas, onde não seria feriado? Não sei.

Suponhamos, por outro lado, que nossas autoridades locais tenham razão e que houvesse algum proveito, fosse qual fosse. Nesse caso, conviria multiplicá-lo significativamente usando outras possibilidades que a história e o calendário, benevolamente, nos propiciam: a) dia da consciência índia, fazendo feriado em 7 de fevereiro, que corresponde à morte do grande Sepé Tiaraju, no ano de 1756; b) dia da consciência revolucionária latino-americana, folgando em 9 de outubro, que corresponde à morte de Che Guevara, no ano de 1967; c) dia da consciência socialista e antiimperialista, no qual o 11 de setembro cumpre os dois objetivos, pois, em 1973, suicidou-se Allende e, em 2001, foram explodidas as torres gêmeas. E poderíamos rematar com um feriadinho dedicado a nós mesmos, no dia da consciência dos bobos, em 1o de abril.

www.puggina.org

arquiteto
Foi uma das coisas mais cruéis que se possa imaginar, em termos de racismo verbal. No Dia da Consciência Negra, o jornal abre espaço, na parte de opinião, a um branco com preconceitos indizíveis. E o branco escreve seus preconceitos, e os mesmos são publicados.

Não é preciso dizer que isso bastou para mim dizer "não, obrigado" a esse jornal irresponsável e inconsciente, desde então. Espero que você faça o mesmo.

Eis a postagem que publiquei em 2003, muito revoltado, imediatamente após ter lido o que o sujeito acima mencionado, morador de um mundo moral muito cruel, escreveu:

O dia da inconsciência branca - No Brasil, o dia 20 de novembro é dedicado à Consciência Negra. No Rio Grande do Sul, é triste, doloroso e vergonhoso constatar que o mesmo mais parece o Dia da Inconsciência Branca.

Empresários porto-alegrenses vociferaram contra o feriado do dia 20 de novembro, alegando prejuízos. Poderiam ter sido honestos, e alegar pouco caso com a questão racial, ou mesmo assumir o próprio racismo. Se a questão são prejuízos por dias parados, e a possibilidade destes deve ditar a agenda social, então o melhor é acabar com o feriado do Natal.

É claro que o problema não são os ditos prejuízos ocasionados por uma data comemorativa, pois os empresários são engenhosos quando querem transformar o que quer que seja em fonte de lucro. O problema é que eles não querem nem mesmo lucrar com a consciência do próprio racismo. Para eles, que o 20 de novembro seja o Dia da Inconsciência Branca, o dia ao qual eles não vincularão nem mesmo algum tipo de fonte de lucro.

É repugnante assistir ao espetáculo da cloaca racista gaúcha, no qual todos nós brancos gaúchos estamos em maior ou menor grau envolvidos. Enquanto não fazemos nada, enquanto silenciamos quando outros gaúchos brancos chamam, em páginas dedicadas a editorias de jornais como o Correio do Povo, a consciência negra de bobice, o mínimo que fazemos é celebrar, amargamente, nossa própria inconsciência.

Eu realmente me envergonho de pertencer a uma etnia brutal, estúpida e intolerante como os brancos gaúchos e brasileiros. Hoje [2005, 2006], como fiz no ano passado, e no anterior, me dedicarei a refletir sobre minha própria inconsciência.

Nesse ano [2005] o feriado caiu em um domingo. Talvez por isso os brancos não entraram na justiça contra ele, se é que não entraram. [Em 2006 a cidade - Porto Alegre - segue em frente, inconsciente.]

Sabe, depois de tirarmos tudo dos negros, depois de os roubar, os usar, os estuprar, os matar, ainda exigimos que não haja pausa alguma para a reflexão.

Talvez a maior de todas as brutalidades, aquela que anima todas as outras, seja a irreflexão. A inconsciência.

Leitor branco (pleonasmo?), toma consciência da tua parte em toda essa violência. E te emenda.