quarta-feira, 9 de maio de 2018

Lula: as classes sociais existem


Alejandro Gómez

No Brasil chegou-se a uma situação que desmente categoricamente a tese do fim das ideologias

Em 5 de abril, logo após a negação por parte do Supremo Tribunal Federal do habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, o juiz Moro ordenou sua detenção. Chega-se assim ao desenlace de uma obra dantesca iniciada há vários anos atrás, com a apertada vitória de Dilma Roussef nas eleições para seu segundo mandato. Chega-se assim a uma situação que desmente categoricamente a tese do fim das ideologias, e que nossas direitas regionais hasteiam ante cada microfone que se lhes apresente.

Eterno retorno da luta de classes

"Querido Lula: as classes sociais existem"[1], começa a breve mas contundente carta que Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio, escreveu a Lula nestas horas agitadas, ridículas e trágicas. Ante a onda de restauração conservadora e neoliberal, e o ressurgir da teoria de que não existem esquerdas e nem direitas, e de que os problemas sociais são somente fruto da corrupção ou se reduzem a questões de gestão empresarial, esta afirmação de Mujica se torna essencial e necessária.

O que coloca claramente de manifesto no caso brasileiro é a existência das classes sociais, e a presença de antagonismos irreconciliáveis. O que reflete por trás da campanha encarniçada contra Lula é a aliança das classes dominantes em seguida cortar pela raiz a possibilidade, clara, do retorno ao poder do ex-presidente. Nestes últimos anos viu-se como no Brasil os meios de comunicação monopolizados pela Rede Globo, o setor industrial, o financeiro e o partido militar, cerraram fileiras em torno deste objetivo. A destituição de Dilma e a queda de seu governo, vítima também de numerosos erros internos, não eram o fim deste projeto, mas sim um elo a mais. A meta da direita brasileira sempre foi cassar Lula.

Por que? Porque na figura de Lula se encarna o projeto que começou a reverter a história do país mais injusto e desigual da América Latina, projeto que tirou quase 40 milhões de brasileiros e brasileiras da pobreza, que permitiu processos de mobilidade social, que democratizou o acesso à educação, possibilitando o ingresso pela primeira vez de setores excluídos e historicamente discriminados, às universidades. Como assinala Alejandro Grimson em seu artigo de Anfibia[2], Lula foi o responsável de tirar o Brasil do Mapa da Fome da ONU. 

As classes existem, como encabeça a carta Mujica, talvez com a clareza que outorga toda uma vida de luta e andar por essa rota. E no Brasil, a classe dominante faz sentir seu peso nestas horas ao proclamar em cada ato que o governo do PT foi um acidente na longa história de desigualdade do país irmão, e que esse acidente deve corrigir-se e apagar-se da memória. Os privilégios não podem voltar a serem questionados, a riqueza não pode voltar a ser redistribuída de forma um pouco mais justa (um pouco, porque esses setores nunca perderam recursos nem muito menos); os dominados devem voltar a seu lugar de subalternidade. E neste afã, as classes dominantes brasileiras demonstraram que estão dispostas a tudo, inclusive a tirar de si mesmas o último e gasto disfarce de democratas.


A pergunta pela Democracia

Porque estes momentos do Brasil  levam a perguntar-se pelo conceito de democracia e que é o que define um governo ou classe social como tal. Alcança em chegar ao poder mediante o voto popular? Em manter as "formas" republicanas?  É um estado que uma vez conseguido se mantém no tempo, ou é o acaso da democracia algo distinto, uma prática e que como toda prática deve exercitar-se diariamente, ante cada situação ou ato de governo?

Caracterizar a situação do Brasil pode ajudar a responder estas interrogações. Quem hoje governa não chegou através do voto, mas mediante o recurso "constitucional" de destituir Dilma Roussef via processo judicial político. Mas até ali o institucional, já que o processo se desenvolveu sem provas e sob pressão constante dos meios de comunicação. Temer parece então com um presidente sem legitimidade e sem apoio social. Uma vez conseguido esse primeiro objetivo, se lançou a campanha judicial contra Lula. O poder judicial, uma casta senhorial herdeira de outros tempos históricos, se põe a serviço da perseguição de opositores apenas pelo fato de serem opositores; as provas e os fatos não tem vez nessa encenação. Assim, Lula é condenado num processo sem provas. E encerra a saga o voto e a alegação da juíza Rosa Weber que rechaçou o habeas-corpus, desempatando a votação em 6 a 5. Ali se liquidou a doutrina da presunção de inocência, substituindo-a pela presunção da culpalidade, ao votar por "convicções", esclarecendo que poderia rever sua posição se chegassem provas da inocência do ex-presidente. Assim, não é já a culpalidade a que deve ser demonstrada, mas sim a inocência: todo adversário político é culpado até que se demonstre o contrário, pareceria ser a máxima.

Com esta cadeia de fatos, pode-se questionar a qualidade democrática do governo e das instituições brasileiras. Não alcança com a aparência dos lugares comuns, a "separação" de poderes, a imprensa "livre". Há que se questionar as práticas nas quais essa democracia se desenrola. E neste caso o resultado desse questionamento mostra um sistema opressivo e repressivo, que persegue os opositores através dos meios de comunicação e os juízes, enquanto aplica um brutal ajuste sobre os setores médios e populares, enquanto se ataca o trabalho através da instauração das leis mais retrógradas de toda a região. A Democracia deve ser articulada com práticas democráticas reais e não só de nome.

Pode sustentar-se que este sistema é  o que busca consolidar-se através da perseguição a Lula, cerceando com o cárcere a possibilidade de apresentar-se às eleições. Mas o banimento que se busca é mais amplo, as classes dominantes brasileiras buscam banir através da figura de Lula a imensa população humilde, popular, aos setores subalternos que a princípios do século XXI viram melhoras reais em sua qualidade de vida e em seus espaços de participação e representação; essa experiência é a que se busca banir ao perseguir Lula.

Neste contexto trágico e de extrema complexidade, restar ver qual será a reação dessas classes populares, com suas matizes, diferenças e complexidades. Resta ver que capacidade de articular-se em torno de seus pontos comuns, a sua posição de classe oprimida, poderão desenvolver para fazer frente a uma aliança dominante que aparece como um bloco em proveito de seu objetivo central. Um primeiro vislumbre pode ser percebido nas multidões que começam a se mobilizar não reconhecer, junto a seu líder, um erro injusto, produto de um processo sem provas, que agrega uma ferida a mais à  convalescente democracia brasileira.

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[1] Evo y Maduro rompen el mutismo regional con apoyos a Lula. (jueves 5 de abril de 2018). Tiempo Argentino: https://www.tiempoar.com.ar/articulo/view/75732/evo-y-maduro-rompen-el-mutismo-regional-con-apoyos-a-lula

[2] GRIMSSON, Alejandro. “La autodestrucción de Brasil”. Revista Anfibia: http://www.revistaanfibia.com/ensayo/la-autodestruccion-de-brasil/


Texto completo en: https://www.lahaine.org/lula-las-clases-sociales-existen

A maior mentira do mundo

Pablo González Casanova

Rebelión

Nunca o império havia mentido tanto como que hoje ignora na relação com um poder perdido.

As ridículas e pedantes ameaças de seu Grande Chefe, como suposto defensor da democracia, são vistas como as de um demente que, ao amedrontar o mundo com seu imenso poderio, a ninguém convence com suas grosserias e mentiras. Preocupam suas declarações e decisões pela ferocidade insana que expressam e que podem terminar num holocausto que ele mesmo viveria, em seus últimos momentos, e faria viver aos seus e ao país que governa.

O problema é ainda mais grave, porque Mr. Trump, com sua ameaçadora cólera de Zeus trovejante, é somente uma expressão da crise e cegueira que padecem as classes dominantes de seu império e de outros que numa ofensiva mundial o apoiam, combinando seu silêncio cúmplice com seus meios de comunicação massiva num concerto de interesses e cobiças comuns.

As potencias dominantes e os distintos apoios financeiros, militares, políticos e midiáticos de que se servem, geralmente, deixam de lado seus distintos estilos de dominação e acumulação e arremetem em função do poderio de seus donos e senhores e dos interesses que uns e outros pretendem defender como valores respeitáveis e dos quais cada vez se burlam mais, como "a democracia", "os direitos do homem" e o "estilo de vida" civilizado, honorável e eficiente.

No caso dos EEUU, os "interesses e valores" que realmente movem os senhores das grandes corporações, os levam a apoiar, em suas zonas de influência e nas regiões que dominam -para o caso da América Latina e o Caribe-, a governos golpistas, hoje encabeçados pelos novos ricos multimilionários, como Michel Temer, no Brasil e Maurício Macri na Argentina, enquanto isso sabotam o poder dos governos e movimentos de tendência socialista, nacionalista e moderadamente patriótica, aos quais debilitam com variadas medidas de repressão, corrupção, cooptação, pressão e desestabilização, como tem feito contra a própria Cuba invicta, a cada vez mais contraditória Bolívia, a já muito desfeita Nicarágua ou o já traído Equador.

E mais, como muitos triunfos de passadas revoluções e rebeliões ou movimentos progressistas tem sofrido com o tempo, crescentes contradições, em todos eles e nas recentes lutas e vitórias democráticas e sociais, impulsionam políticas que tornam os países vítimas numa incessante desestruturação, desintegração, desorganização. Para isso se servem -com muitos outros recursos- das crescentes contradições em que caem os regimes de antigas revoluções como a mexicana ou dos governos populistas  e seus sucessores, como os do Brasil e Argentina. A todos lhe aplicam medidas de efeitos diretos e indiretos que, ao impulsionar a cultura da negociação e da globalização neoliberal privatizadora do Estado, tem promovido em muito, de um lado,  a cultura do individualismo, do enriquecimento multimilionário e da macro corrupcão, e do outro, o desmantelamento do Estado-nação ou de seus poderes, suas empresas e recursos estatais e nacionais, assim como a perda de sentido do "interesse geral" e o "bem comum" nos partidos políticos. Descartadas ideologias e programas nas lutas políticas, com alternativas que tenham alguma possibilidade de cumprir-se, seja no social ou no nacional, os projetos de futuro que se limitam a oferecer é um papo furado de terminar a corrupção ou o narco terrorismo sem explicar como o farão. Partidos e políticos profissionais do governo de plantão e da oposição nem sequer defendem um programa político que impeça o despojo dos recursos da nação ou inclusive um moderadamente patriótico que se proponha defender a educação pública das ciências, das técnicas e as humanidades a todos os formandos por brilhantes que sejam. E mais, nenhum partido político apresenta e defende um programa de controle monetário e produtivo ou de serviços que proponha as medidas necessárias para dar fim ao terror e sistemático despojo do solo e do subsolo da nação, com o conseguinte desemprego de inteligência e mão-de-obra, causa fundamental das crescentes migrações de camponeses já despojados de suas fontes de vida e de trabalho pelas grandes corporações agrícolas, mineiras, industriais, que por meio de capangas impõe o terror e o narcotráfico, os deixam sem segurança alguma, sem território nem terra, sem água, alimentação e saúde.

Assim, enquanto nenhum partido ou movimento institucional defende um programa coerente que permita sair de tão grave situação, surge um crescente repúdio aos imigrantes que tentam refugiar-se nos países sede das corporações e do poder imperial. Desestruturadas as nações em desenvolvimento -mesmo de forma desigual- de fato, os partidos já não tem nada que oferecer que possam cumprir. Seu papel na democracia simulada, neoliberal, globalizadora, rapinante, é obter postos remunerados de eleição "popular", cujos agraciados façam negócios com a venda dos bens que o Estado ainda conserva, mesmo sabendo que se forem acusados de corrupção nada lhes acontecerá, se chegam a ser denunciados ninguém os processará, se são aprovados ninguém os perseguirá e se os perseguirem ninguém os encontrará. Tudo isso ocorre porque do início ao fim e de cima a baixo, corrupção e capitalismo tardio constituem parte do atual sistema global e seu funcionamento, como política de acumulação de despojos e exploração dos recursos humanos e naturais e já despojada de seus antigos recursos pelos capangas do grande capital e os governos subordinados. Como os benefícios da ação formal e legal cabem na ordem dos delitos para seus beneficiados principais do centro e da periferia, os grandes bancos, que dominam o sistema, tem estabelecido suas próprias redes de "paraísos fiscais", que de passagem servem para não pagar impostos ao fisco e esconder os bilhões furtados com um efeito conhecido, pelo que velhos e novos multimilionários se enriquecem mais e mais com todo tipo de alianças e apoios das corporações e bancos, feitos com os que se convertem mais e mais em estados tributários, que com uma linguagem enganosa correspondem a crescentes taxas de lucros pelas crescentes e impagáveis dívidas. Tudo isso ocorre numa recolonização financeira que conta a mais das empresas qualificadoras, como a Moody's e com as redes de "bancos vampiros", dependentes ocultos da grande banca ou de pequenos Shylocks piedosos.

Essas e muitas outras características de dominação e acumulação são as que caracterizam o sistema, e os que este segue defendendo com o aberrante pretexto de que correspondem às mais inovadoras e eficazes políticas científicas e à luta pela democracia e pela liberdade, argumentos com os quais atacam numa guerra integral, formal a informal, pacífica e violenta, a todos os movimentos e países que atentam contra seus "valores e interesses", entre os quais decidiram transformar em vítima "privilegiada" o atual governo da Venezuela.

O governo dos EEUU -com o apoio das grandes potencias do Ocidente- lança hoje a mais feroz ofensiva contra a pequena e valorosa Venezuela, a cujo, patriótico, rebelde e democrático governo acusa com indignação e sanha de oprimir e esfomear seu povo, quando na realidade é um país que com seu governo e a imensa maioria de seus cidadão está plenamente identificada com uma das maiores lutas libertadoras de nosso tempo.

Em ofensiva integral e crescente, o governo dos EEUU e o complexo empresarial, militar, político e midiático do qual ele participa mostram a mesma sanha que, desde 1959, tem mostrado contra a revolução cubana, e hoje mesmo não só esperam que a situação lhes seja favorável com o crescente peso que o mercado negro adquire, e com a eliminação de seus necessários provedores de combustíveis, que ao continuar recebendo não venham permitir que Cuba passe novamente a um maior desenvolvimento igualitário. Fomentam e toleram, por isso, o crescente mercado negro e criam eles mesmos misteriosos e reprovados ataques com "ruídos criminosos" que tornam vítimas boa parte do pessoal da embaixada dos EEUU e a ninguém mais nos arredores. Com semelhante engano pretendem renovar o medo à vizinha "ditadura comunista" com a qual "é impossível ter boas relações plenas".

Paradoxalmente -como já ocorreu em larga história do processo revolucionário em Cuba -hoje, frente ao duradouro e crescente ataque contra a Venezuela, nem o próprio povo venezuelano nem o poderoso império que com seus incontáveis enganos diz fazer "todo o possível para salvar o povo venezuelano de uma nova e feroz ditadura", nem o império nem o povo empobrecido e rebelde conseguem derrotar o "criminoso e inepto governo", por isso o império se vê obrigado a acrescentar outra grande tramoia, sustentando que a situação política da Venezuela representa sobretudo "um grande perigo para a segurança nacional dos EEUU".

Se semelhante argumentação da grande potência não de todo nova, pois se antes dizia defender-se do projeto "comunista", hoje é francamente ridícula, quando na maior parte do mundo reina o capitalismo, e o governo da Venezuela está muito longe de constituir um perigo para a segurança dos EEUU por oprimir barbaramente -segundo a acusam- a seu próprio povo. Na realidade é óbvio que o superpoder imperial esconde algo mais baixo que a suposta defesa do povo da Venezuela para livrá-lo de um governo que respeite a democracia e a liberdade do povo venezuelano, tal como entende o império, por exemplo nos casos do Brasil e Argentina, onde recentemente, com os tristemente famosos golpes brandos "triunfe a democracia", ao por na cadeira presidencial um Temer no Brasil e na Argentina um Macri, dois notórios milionários que adquiriram seus bens de formas comprovadamente ilegais.

O estranho é que semelhantes argumentos contra Temer e Macri, no caso da Venezuela, tem levado a um silêncio cúmplice e um grande apoio entre as grandes potências do mundo ocidental, de seus governos e suas mídias de comunicação massiva, que em versão uniforme da "realidade" hoje, mais que nunca, obedecem a uma subsidiada concatenação informática favorável a quem com milhões de dólares subsidiam os "meios", e que por os mesmos interesses que o governo dos EEUU se somem à luta contra "o bárbaro, cruel e inepto governo da Venezuela".

A denúncia da "barbárie" e das "barbaridades" do governo venezuelano contra seu próprio povo mostram uma estranha coincidência com os argumentos do atual governo dos EEUU e, de fato, correspondem a uma bem coordenada campanha apoiada diariamente em imagens fotográficas e vídeos de valentes aficionados, como em fotos e películas profissionais dos grandes canais de televisão, às quais se acrescentam análises críticas e respeitáveis publicadas nas páginas editoriais dos grandes diários do mundo, assim como comentários e notícias que os "pintam como são" em numerosas e não menos globais "redes sociais", e até em apoios que o governo dos EEUU recebem em amplos círculos de suas dependências, assim como nos foros econômicos e políticos que defendem "os direitos do homem", apoios que se acompanham de certa admiração e elogio a quem realizou um golpe suave, que à maneira de impeachment estavam há pouco de dar na Venezuela... quando, para o grande desagrado dos apátridas, sofreram uma acachapante  e inesperada derrota quando o governo venezuelano, tão criticado por inepto e autoritário, convocou eleições gerais para a instauração de um novo congresso constituinte que deveras represente o povo e realize eleições nas quais a máfia, supostamente "democrática", se nega a participar, com ridículos pretextos de perdedora e sabedora de que só conseguiria mostrar contar com uma minoria e impopularidade cidadã.

E aqui é o momento de esclarecer que outras medidas tem montado o império e as forças oligárquicas empresariais locais e dos países vizinhos, como Colômbia, Brasil e a pequena colônia que a Holanda conserva, todas destinadas a desestabilizar e derrubar o governo "inimigo da civilização", da "democracia", dos "direitos dos homens" e da "segurança dos Estados Unidos". A essa declaração será necessário acrescentar outras mais que o imperialismo empregou em intervenções anteriores, especialmente uma que parece ter aperfeiçoado com o auxílio das tecnociências da complexidade e da comunicação, que para o caso correspondem à construção mentirosa de fatos que comprovam as acusações feitas e outras novas mentiras  em que apareçam o ineficaz governo e suas instituições como o que não são. Também se faz necessário descobrir como não se trata só de lançar enganos e mentiras, mas de "semear provas da punível, cruel e inescrupulosa política" que cai em direito penal, e dão lugar a um processamento humanitário e judicial por juízes e tribunais que as grandes e humanitárias potências integram e dominam, e que agora é mais conhecido quando os tribunais do império e seus aliados jogam aos governos das nações recolonizadas.

À síntese desses feitos há que se acrescentar também outra circunstância significativa, e é que tamanha mentira não é só atribuível ao governo Trump e às oligarquias creoulas, senão que pelo menos começou durante o governo neoliberal e globalizador de Barack Obama, o que nos obriga a repetir esses feitos para não seguir estendendo a crença de que se trata da política de um presidente mentalmente insano, senão de uma medida acostumada pelo império, falsamente atribuída ao governo de um paciente mental metropolitano, e quando na realidade é uma a mais das tradicionais e renovadas intervenções do império e seus aliados e subordinados locais e regionais.


Mas inclusive  até aqui não teremos conseguido fazer a síntese da maior mentira do mundo se não esclarecermos que outra grande razão se esconde sob a "nobre luta", mas para perguntar-nos: por que tão grandes batalhas e tão poderosas forças, com tamanhas técnicas e políticas antigas e modernas agora renovadas e enriquecidas com as novas ciências e tecnociências, não tem conseguido derrotar o suposto governo ditatorial e bárbaro da Venezuela, que destrói, desgoverna, empobrece e esfomeia a seu próprio país? Por que?

Numa análise mínima das intenções de derrubar o atual governo da Venezuela podem ser destacadas além de algumas das múltiplas razões e políticas pelas que a resistência venezuelana tem triunfado e seguirá triunfando.

A capacidade exponencial de resistência começou desde que o comandante Hugo Chávez Frias mostrou, nas palavras e nos feitos, que a revolução venezuelana tem força apoiada pelo exército bolivariano venezuelano e a cargo de um crescente sistema de poder baseado na estruturação de comunas e de redes de comunas, seus conselhos e comissões promotoras e coordenadoras.

Na Venezuela construiu-se uma resistência invencível, que o presidente Chávez formulou e seu sucessor Nicolás Maduro continua, enriquece, apoia e explica, tanto em cada um de seus atos de governo como em seus discursos e entrevistas. Em todos eles aparece com força a coincidência de que suas palavras tem, tanto nos feitos como na estruturação da "realidade ética" de Chávez Frias foi precursor com um novo projeto de revolução, não somente venezuelana, mas bolivariana, não somente original pelo fato de que foi apoiada desde o princípio e até agora com êxito e crescente poder, após o erro da intenção de golpe de alguns militares traidores dominados e encarcerados pelo seu próprio exército, apoiado por uma imensa multidão de pessoas que desceram as colinas circundantes de Caracas para libertá-lo e protege-lo, convencidos de que era o mais valioso defensor do povo com os do próprio povo. Chávez  pode continuar assim  com mais força, firmeza e apoio um caminho que, entre variações concretas, tem e terá efetividade universal com aqueles exércitos que se unam por convicção ética e política aos empobrecidos povos do mundo. Povos e exércitos que façam seu o interesse geral poderão construir e construirão outro mundo sem dúvida possível, em que a organização da vida e o trabalho sejam capazes de alcançar a prática concreta da liberdade, a justiça e uma genuína democracia estruturada como poder dos cidadãos, em tudo diferente ao que deixa fora e até sem direito formal  de serem considerados cidadãos como cidadãos os pobres da terra, servos, meeiros ou assalariados e outros. que sendo "desaparecidos" em número crescente tenham sido reduzidos à escravidão.

Se nas alternativas ao mundo atual, o movimento de 26 de julho em Cuba e do EZLN no México, tem aberto caminhos de vida, liberdade, justiça e democracia que são referencias universais, a eles se acrescenta hoje que na Venezuela iniciou o general revolucionário Chávez, não só ao expressar formas éticas e ideológicas das quais Nicolás Maduro é fiel e irrepreensível herdeiro, mas também de formações de luta em que a moral fundamenta ou pratica com a estruturação nos feitos e vai muito mais além das palavras sobre uma sociedade "libre, democrática y socialista". Vai das palavras aos feitos.

Assim, quando queremos esclarecer o porque da grande mentira não derrubar o governo revolucionário da Venezuela temos que explorar tanto o novo nos ideais e valores dos insubmissos, como os que se fazem realidade na variada organização da resistência militar, à qual se soma a forte e estruturada resistência intelectual e moral, que fortalece os valores com palavras e feitos.

A tamanha união se acrescentam outras forças não menos importantes, que de um lado incluem o poder defensivo nessa guerra integral -chamada de quarta geração-, cujo campo de luta abarca todas as atividades materiais e intelectuais, financeiras, econômicas, políticas e bélicas, articuladas entre si, e nas de não menor importância, que não só respeitam e fazem respeitar as diferenças religiosas e filosóficas, senão com as que no caso da Venezuela identificam sua maneira de pensar com as de crer e fazer de dirigentes, como o fez reiteradamente Chávez, com o catolicismo no religioso, com o marxismo no científico e revolucionário e com o liberalismo ilustrado e radical, como o que Bolívar -pai da Pátria- representa na Venezuela, com as ideias que vieram da ilustração e da revolução francesa e que na América hispânica se reformularam por Bolívar ao propor como meta alcançar um governo em que se estruture "a soberania do povo, única autoridade legítima das nações", e por isso, capaz de impor, com seu poder organizado, "a máxima felicidade possível possível de todos os habitantes", e capaz de conseguir como realidade a união de nossos países numa grande nação que os inclua.

Chegados a este ponto, podemos traçar um esboço mínimo de uma visita real a uma pequena cidade que já se encontra no seio da nação venezuelana. Trata-se de uma cidade na qual o poder político e todas as atividades da mesma estão sob a responsabilidade de uma comuna de comunas. Vemos assim que nela cada comuna ou grupo de comunas e sua atividade coordenadora acordada tem construído suas casas e seus lares onde dormem, se asseiam e trabalham, com materiais e instrumentos que sai do cérebro e os braços de seus habitantes. As distintas comunas cultivam seus alimentos necessários como o pão, as verduras, as frutas, as carnes de gado menor, mais abundantes do aquelas do gado maior e as que obtém de algumas aves como as galinhas, ou a água que bebem e extraem dos poços que cavaram e purificaram, em que atendendo a útil divisão de trabalho os leva a completar o necessário com a troca e seus mercados, nos quais além da troca usam a criptomoeda chamada petro, que o Estado venezuelano emite e já é aceita no mercado internacional por alguns países do oriente. À organização do mercado acrescente-se a de várias comissões destinadas a atender os problemas de saúde, creche e educação de crianças ou de jovens e adultos, e nesse terreno destaca-se um incrível projeto, o da formação de quadros revolucionários e de uma força defensiva que está preparada para coordenar-se com o exército nacional bolivariano. O número dos contingentes preparados e armados alcança a cifra de 400 mil jovens de ambos os sexos, adestrados pelas comissões dos comuneiros da nação venezuelana. Deles, 200 mil estão adestrados e armados para a luta; outros 200 mil estão adestrados, ainda que carecem de armas, vitalmente participam na defesa da Pátria, para que, conforme aqueles que já estejam armados percam suas vidas na batalha heroica, eles façam uso de suas armas. E ali não acaba o projeto, mas segundo o que sabemos tem como meta alcançar um contingente de aproximadamente um milhão de habitantes.

Muito se poderia contar de nossa visita a esta cidade das comunas, mas não resta dúvida de suas capacidades concretas para enfrentar as políticas com que ontem o imperialismo derrotou Salvador Allende e com que ameaça destruir a Venezuela: já nem uma pode funcionar, nem a desvalorização da moeda, nem o ocultamento de víveres e nem muito menos o exército bolivariano nas antípodas do pobre diabo do Pinochet.

Já pode a maior mentira do mundo seguir armando crescentes formas de ataque, como a que busca com os países que mandam a seus seguros e servis chefes de Estado à reunião do Ministério das Colônias e apoiem na realidade a maior mentira do mundo para apoderar-se da maior reserva de petróleo do mundo. Agora sim, nos feitos, não passarão!


México, 12 de abril de 2018

http://www.jornada.unam.mx/2018/04/14/opinion/002a1pol

segunda-feira, 7 de maio de 2018

O general estadunidense aposentado Wesley Clark confirma que países amigos e aliados dos EEUU criaram o grupo terrorista Daesh


Hispan TV
O general estadunidense aposentado Wesley Clark, voltou a dar palestras informativas, declarando que países amigos e aliados dos EEUU criaram o grupo terrorista EIIL (Daesh, em árabe) com o propósito de lutar contra o Hezbollah e o Irã. 
Através de suas intervenções, Clark confirma o que era um "segredo para o público". Segundo especialistas, as declarações estão gerando questionamentos sobre as relações dos EEUU. 
Recorrer a grupos extremistas para conseguir objetivos, não é algo novo. Estas práticas já foram utilizadas no passado. 
Clark menciona aliados dos EEUU sem especificar quais seriam esses aliados. Especialistas dizem que os antecedentes históricos mostram às claras certos países com interesses geopolíticos no Oriente Médio.
Talibán e Al Qaeda foram os antecedentes do EIIL que agora, converteu-se num monstro cuja sombra preocupa os EEUU.