sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A conspiração confessada por Janot e a hora da OrCrim Lava Jato no banco dos réus



Por Jeferson Miola*
O livro de Rodrigo Janot agrava sobremaneira a situação dos agentes da organização criminosa – OrCrim – chefiada por Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, como Gilmar Mendes chama a força-tarefa da Lava Jato.
Janot ilustra com riqueza de detalhes as numerosas ilegalidades, desvios e crimes perpetrados pelo bando que corrompeu o sistema de justiça do país e promoveu a conspiração que alçou ao poder a extrema-direita para executar o projeto racista, entreguista e liquidacionista à feição dos interesses dos EUA.
No capítulo 15, sugestivamente intitulado O objeto de desejo chamado Lula, Janot relata reunião em setembro de 2016 na qual Deltan Dallagnol, acompanhado de 4 comparsas de Curitiba, pede para ele, Janot, antecipar a denúncia contra Lula e o PT, “nem que para isso tivesse que deixar em segundo plano outras denúncias em estágio mais avançado”.
O grave, segundo o próprio Janot, é que para viabilizar a aceleração da denúncia forjada contra Lula, o bando de Dallagnol havia desobedecido ordem expressa do falecido ministro Teori Zavascki que proibia a força-tarefa de investigar e denunciar Lula por crime de organização criminosa, dado que este processo seguia no Supremo.
Janot então reclamou a Dallagnol – e ficou só na reclamação: “Vocês desobedeceram à ordem do ministro […]”.
É especialmente grave que, naquela altura dos acontecimentos, em setembro de 2016, Janot já tinha consciência de que o espetáculo midiático do power point produzido em desobediência à ordem de um ministro do STF “levou à condenação do ex-presidente Lula e, depois, à exclusão de sua candidatura nas eleições presidenciais de 2018”.
O ex-procurador-geral da República prevaricou, pois sabia que seus subordinados estavam atentando contra o ordenamento jurídico brasileiro com propósitos pessoais, políticos e partidários.
E assim, com atropelos, ilegalidades, arbítrios e conivências do Janot, de desembargadores do TRF4 e do STJ e dos comemorados ministros do STF  – “aha, uhu, o Fachin é nosso!”, “In Fux we trust”, “Barroso vale por 10 PGRs” – o Estado de Exceção foi aprofundado e a conspiração seguiu sua marcha inexorável rumo à tragédia atual.
Agora não se está diante da falsa discussão inventada por Moro e Dallagnol e difundida pela Rede Globo sobre suposta ilegalidade e inautenticidade das provas reveladas pelo Intercept que incriminam agentes públicos implicados na conspiração.
A farsa do suposto ataque hacker, antes já inverossímil, tornou-se agora totalmente obsoleta e bizarra; imprestável como álibi dos criminosos.
Agora se está diante de confissões e revelações de ninguém menos que o ex-Procurador-Geral da República, quem a seu tempo também foi o chefe hierárquico da força-tarefa da Lava Jato e que, ao invés de agir nos marcos da Constituição, agiu como integrante do bando.
Está tudo escrito e documentado no que pode ser chamado de “livro aberto da conspiração” Nada menos que tudo, que alguns consideram a “delação premiada do Janot”.
A conspiração que destruiu a democracia e devastou o país a partir do impeachment fraudulento da Dilma seguido da prisão e inabilitação farsesca do Lula para impedi-lo de vencer a eleição de 2018 foi confessada com todas as letras por Janot.
A farsa da Lava Jato foi desvelada na sua plenitude. A conspiração e os conspiradores que atentaram contra o Estado de Direito e corromperam a justiça do país devem ser imediatamente demitidos dos cargos públicos e submetidos a severo julgamento.
A confissão do Janot coloca a OrCrim Lava Jato no banco dos réu. Aos procuradores da Lava Jato e a seus comparsas no judiciário, na polícia federal, no empresariado, nos círculos militares, no parlamento e na mídia deverá ser assegurado o amplo direito de defesa que sequestraram do Lula.
Eles deverão ter o direito, por exemplo, de se manifestarem/se defenderem por último, ao final de toda confissão/delação que Janot fará.
É chegada a hora do julgamento e da condenação dos agentes públicos que agiram em bando e destruíram o Estado de Direito, a economia, a soberania nacional, os empregos e a vida do povo brasileiro.
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*Jeferson Miola é Integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial - Via Brasil247

terça-feira, 30 de abril de 2019

Por que as mulheres sábias são desafortunadas?


Fernán Caballero foi na realidade uma mulher disfarçada sob um pseudônimo

BERNA GONZÁLEZ HARBOUR
Madrid 5 ABR 2019 - 10:21 CEST


Uma leitora sustenta a biografia de Fernán Caballero. JENIFER SANTARÉN

Alguns autores devem se lamentar atualmente de não serem autoras para poder receber algo mais da atenção em tempos em que as editoras buscam eminentemente vozes de mulher ante o tsunami feminista. Mas ao longo da história foi o contrário: muitas mulheres se viram obrigadas a adotar pseudônimos masculinos para conseguir publicar e abrir-se logo ao mundo editorial. Foi o caso de Cecília Böhl de Faber e Ruiz de Larrea (1796-1877), que escolheu o nome de Fernán Caballero e com ele conseguiu converter-se "no autor espanhol" mais traduzido e lido na Europa. O crítico José Fernandez Montesinos lhe atribui o início da novela espanhola contemporânea.

E não foi precisamente graças a seu pai o impulso que adquiriu esta espanhola filha de alemão e da região de Cádiz com uma relação complicada que deixou formalizada em cartas que voavam como balas entre a Alemanha e Espanha quando se separaram. Ele explicava assim as causas: "as humilhações que a sorte me impõe pelas extravagâncias de minha mulher. Se minha mulher tem tido a inconcebível loucura de imaginar-se que tal é a hora necessária para minha felicidade, está atrozmente enganada. Se não quer ser outra, tem agido muito bem em ir-se; quando ela mudar, tornar-se humilde, dócil, obediente, complacente e econômica, será recebida por mim com os braços abertos". Escreveu em 1805, segundo consta a biografia escrita por Milagros Fernández Poza para a coleção Mulheres na História.


Essa mãe que não quis ser outra, nem dócil, nem obediente, nem econômica, pelo contrário tentou inculcar em seus filhos e filhas sem distinção o amor à literatura. Sobre isso discordaram ex-marido e ex-mulher num diálogo de surdos que as cartas refletiam como testemunho do machismo estruturado que tentava subjugar então à mulher: "A esfera intelectual não foi feita para as mulheres", escrevia o pai a sua ex-mulher. "Deus quer que o amor e o sentimento sejam seu elemento. Por que são desafortunadas todas as mulheres sábias? Por que são detestadas? Por que são ridicularizadas, pelo menos? Não se encontra todavia uma mulher a quem a mais pequena superioridade intelectual não produza alguma deficiência moral. O dia que forem queimados teus 'Direitos da mulher' será para mim um grande dia".

Em carta com data de 14 de setembro de 1806, ela lhe responde: "Retirando das mulheres a capacidade de julgar por si, de formarem-se seus princípios e caráter, se as fazem escravas de suas paixões, e quando as quiserem subordinar à razão do homem -como se a razão e a alma tivesse sexo-, e se aquele homem destinado a guiá-las não tem razão... que farão as pobres então?

Sua mãe não quis ser outra, como lhe pedia seu pai. Cecília não foi outra senão outro, pelo menos de nome. Um disfarce eficaz em forma de pseudônimo que adotou para levar adiante sua carreira. Tudo mudou e as estantes estão hoje cheias de autoras mas, felizmente, nenhum homem necessita pseudônimo de mulher.


https://elpais.com/cultura/2019/04/05/actualidad/1554451707_966586.html

sexta-feira, 26 de abril de 2019

LULA: DURMO TODO DIA COM A CONSCIÊNCIA TRANQUILA. O MORO E O DALLAGNOL TENHO CERTEZA QUE NÃO


Em entrevista aos jornalistas Florestan Fernandes Jr., do El País, e Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o ex-presidente Lula diz que "não consegue imaginar os sonhos que teve para o Brasil" para agora ver a situação como está, sob o governo Bolsonaro; o Brasil está sendo governado "por um bando de maluco", disse; ele também fez duras críticas aos ministros e juízes que o condenaram, mas declarou que dorme com a consciência tranquila todos os dias; "Eu tenho certeza que o Dallagnol não dorme, que o Moro não dorme", ressaltou; assista

247- Na primeira entrevista concedida desde que foi preso politicamente, em 7 de abril de 2018, o ex-presidente Lulareforçou sua inocência nesta sexta-feira 26 e disse dormir com a consciência tranquila, ao contrário do que acredita que seus algozes o façam. Ele afirmou, no entanto, que o que mais o preocupa na prisão é a situação do Brasil atualmente. Um trecho de oito minutos do vídeo foi publicado no site do jornal El País. (...) -Via https://jcsgarcia.blogspot.com/ 


sexta-feira, 22 de março de 2019

Um dia para separar Justiça de linchamento


Por Fernando Brito*

Michel Temer e Moreira Franco são dois personagens que me embrulham o estômago.

Que vão além da repulsa racional ao que são e ao que representam.

O primeiro, porque, como um canalha, conspirou para derrubar a ordem constitucional que me custou a juventude ajudar a repor no Brasil.

O segundo, por razões mais próximas, porque vi agarrar-se à demagogia de José Sarney e a criminosos – e falo no sentido literal – para interromper o sonho de educar nossas crianças que me levou à caminhar com Leonel Brizola e Darcy Ribeiro durante duas décadas.

São figuras abjetas, portanto, para mim, porque me roubaram vida e não relógios ou o conteúdo de uma carteira que se possam repor.

É um desafio civilizatório defender que tenham um tratamento legal e justo.

Isso não é ideologia, é princípio, coisa que vem antes e nos obriga a não sermos selvagens  com quem é diferente de nós.

O abandono dos princípios nos torna monstros, nos torna selvagens.

E, fazendo assim, nos torna indignos de nossas crenças na humanidade, na justiça, na igualdade, nas velhas e insuperáveis bandeiras que moldaram gerações das quais nos orgulhamos de suceder, radicalistas republicanos.

Foi, portanto, um dia duro, em que , ao escrever, tive de deixar de lado os ódios pelo que Temer e Moreira fizeram com este pais e colocar à frente disso o que este pais não deve fazer com ninguém: prisões espalhafatosas, uso político da Justiça e linchamentos virtuais.

Dói mais conter a mão, pela razão, do que bater.

Preocupam-me menos os bandidos que estão apeados de suas posições de mando do que os bandidos estão lá e  que os colocaram no poder e, agora que estão inservíveis, montam operações de guerra para prendê-los e humilhá-los.

Dia difícil, do qual se sai, porém, com a alma limpa, por não ceder à histeria, por não se entregar ao ódio, por não se brutalizar quando é fácil e prazeroso se entregar à vingança.

Do qual se sair não como o “melhor”, mas como aquele que respeita os seres humanos, embora tão miseravelmente diferentes de nós.
...

*Fernando Brito é jornalista, Editor do Blog Tijolaço, fonte desta postagem. (postado originalmente em 21/03/2019)

E.T.: Este Editor também assina embaixo! (Júlio Garcia)

sexta-feira, 1 de março de 2019

Mentirosos e criminosos - quadrilha de sete estadunidenses ataca a Venezuela

x John Catalinotto


Manifestação nacional em Washington, DC, em 16 de março e outra em 30 de março.

A princípios da década de 1960, um grupo de altos funcionários da administração John Kennedy, conhecidos como os "gênios" por seu suposto desempenho na universidade, como executivos industriais ou como funcionários dos EEUU, intensificaram a guerra de agressão de Washington contra o Vietnã.

O repórter do New York Times David Halberstam em seu livro de 1972, "O melhor e o mais brilhante", um título que pretendia ser irônico, descreveu como os gênios superestimaram a capacidade dos EEUU ao mesmo tempo que subestimaram os vietnamitas e sua liderança.

Agora, quase 60 anos depois, outro grupo de alto funcionários dos EEUU está liderando uma nova cruzada reacionária. Ninguém os chamaria os melhores e mais brilhantes inclusive ironicamente.

Estes sete funcionários estão liberando uma agressão mais abertamente do que o habitual. Tem declarado publicamente seu objetivo: conquistar a Venezuela e aproveitar-se de seus recurso, especialmente suas reservas de petróleo e ouro, e também restabelecer a dominação completa dos EEUU sobre o hemisfério ocidental mediante a derrubada dos governos de Cuba e Nicarágua.

Veja mais em  https://josejustino.blogspot.com/2019/02/mentirosos-e-criminosos-quadrilha-de.html

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Xadrez do fim do governo Bolsonaro
















Por Luiz Nassif*
 
“A verdade iniciou sua marcha, e nada poderá detê-la”. Émile Zola, analisando os movimentos da opinião pública no caso Dreyffus. Há uma certeza e uma incógnita no quadro político atual. A certeza é que o governo Bolsonaro acabou. Dificilmente escapará de um processo de impeachment. A incógnita é o que virá, após ele. Nossa hipótese parte das seguintes peças. 

Peça 1 – a dinâmica dos escândalos políticos
Flávio Bolsonaro entrou definitivamente na alça de mira da cobertura midiática relevante com as trapalhadas que cercaram o caso do motorista Queiroz. Não bastou a falta de explicações. Teve que agravar o quadro fugindo dos depoimentos ao Ministério Público Estadual do Rio, internando Queiroz no mais caro hospital do país, e, finalmente, recorrendo ao STF (Supremo Tribunal Federal) para trancar a Operação Furna da Onça, que investiga a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Nas próximas semanas haverá uma caçada implacável aos negócios dos Bolsonaro. A revelação, pelo Jornal Nacional, de uma operação de R$ 1 milhão – ainda sem se saber quem é o beneficiário – muda drasticamente a escala das suspeitas. (...)

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