Clive Thompson, veterano repórter de tecnologia – e, nesta seara, um dos melhores – é o autor de uma longa reportagem sobre a saga das urnas eletrônicas nos EUA.
Com o fiasco da recontagem de votos na Flórida, em 2000, o país começou a buscar novas tecnologias para votar e, naturalmente, urnas eletrônicas entre elas. As urnas mais populares são as da Diebold, que rodam Windows CE, e são inferiores à versão brasileira. Aparte feito, segue trecho:
A questão, no fim das contas, é se estas máquinas são confiáveis para gravar votos corretamente. Ed Felten não acha. Ele é um cientista da computação na Universidade de Princeton e ficou famoso por analisar – e criticar – urnas com telas touch-screen. Diga-se, aliás, que os primeiros críticos de tais urnas – começando há dez anos – foram cientistas da computação. Talvez devêssemos esperar que estas pessoas fossem fãs de sistemas digitais de voto, mas acontece que, quanto mais se sabe sobre computadores, mais apavorado se fica em saber que eles controlam as eleições.
Isto acontece porque cientistas da computação compreendem, devido a sua própria experiência, que softwares complexos não funcionam com perfeição todo o tempo. Uma miríade de coisas pode dar errado. Pode haver bugs – erros no código cometidos por programadores cansados. Ou os eleitores podem fazer algo que a urna eletrônica não espera, como tocar a tela em dois pontos ao mesmo tempo. ‘Computadores dão pau e não sabemos o porquê’, diz Felten. ‘Isto faz parte da rotina com computadores.’
As urnas eletrônicas são alvo de intensas críticas, nos EUA. O motivo é simples: na Flórida, em 2000, George W. Bush levou uma eleição presidencial por uma diferença que se conta em cento e poucos votos. Um nada. Se acontecer de novo uma eleição que fique pendurada por um único estado, um único condado, com uma diferença mínima e o computador der pau – ou, mais provável, houver suspeitas de que as urnas apresentaram problema na hora da votação, como se resolve?
O texto continua no Weblog do Pedro Dória.