sábado, 15 de março de 2008

100 palestinos mortos...

Num post cheio de justificativas e racionalizações para os massacres israelenses, Pedro Dória escreve (todas as citações são tiradas do post e vão em itálicos):

1) os árabes agüentam o sangue. São mais duros, morrem sem se preocupar. É inacreditável que um jornalista continue reproduzindo essas grotescas caricaturas racistas. A cada chacina perpetrada por Israel, aparecem na mídia essas generalizações sobre os árabes. Os árabes não gostam de sangue e sacríficio mais que qualquer outro grupo humano. Submetidos a décadas de humilhações, invasões e ocupações, reagem como qualquer outro grupo humano, ou seja, num leque de alternativas que vai desde a violência suicida mais desesperada até a perda completa da capacidade de ter esperanças. Os africanos não gostam de matar suas crianças mais que qualquer outro grupo humano. Mas incontáveis africanos e afrodescendentes recorreram ao infanticídio como forma desesperada de tentar salvar seus filhos do opróbrio da escravidão. Os indígenas da Mesoamérica não gostam de se suicidar mais que qualquer outro grupo humano. Mas incontáveis mexicas, toltecas e chichimecas recorreram ao suicídio como forma de fugir dos horrores da colonização espanhola. A idéia de que “os árabes cultuam o martírio” é nada mais que isso: um estereótipo racista. Em incontáveis conversas com amigos árabes, escutei sempre, invariavelmente, a mesma história: “por que não nos percebem como humanos? Por que achariam que vamos viver contentes sob botas estrangeiras dentro da nossa própria casa? Vocês viveriam?”


Idelber Avelar, expondo sua indignação, no Biscoito Fino e a Massa. Mais lá.


Sabores da democracia

O que dizer de um país onde o presidente da República veta uma lei aprovada no Senado, seguindo a linha de tratados e convenções internacionais, que proibiria uma forma de tortura?

Ora, só o que se pode dizer é que é a principal democracia do Ocidente. E, pior, que merece o apoio de boa parte da brasileirada.


Nos jornais do Brasil não mereceu registro nas primeiras páginas, só referências nas páginas internas. A RTP conta o caso:

"O presidente dos Estados Unidos vetou um diploma do Congresso que proibia a CIA de utilizar técnicas de interrogação controversas, tais como o afogamento simulado. Bush argumentou que a sua decisão se deve à necessidade de continuar a luta contra o terrorismo.
tamanho da letra

Na habitual comunicação semanal na rádio, o presidente dos EUA confirmou o que já tinha anunciado. Vetou a legislação do Congresso que pretendia acabar com as mais severas técnicas de interrogatório da CIA. “Porque o perigo mantém-se, devemos velar para que os nossos serviços de informações tenham os instrumentos necessários para parar os terroristas”, disse Bush, argumentando que esta legislação iria “diminuir estas ferramentas vitais” da CIA. "


Eu cá, que detesto dor, já aviso que, só sob ameaça de tortura, confesso tudo. Não pertenço a nenhuma organização, nem ao Clube de Imprensa, nem gosto de ouvir segredos de ninguém. Mas sou como aquele personagem orelhudo da piada sobre a eficiência das polícias: competindo para ver qual era a melhor polícia investigativa do mundo, a PM carioca tinha de encontrar uma raposa no prazo mais curto possível; solto o bichinho, a PM voltou vinte minutos depois com um coelhinho cheio de hematomas, pelo estropiado, olho roxo, que gritava: "eu sou a raposa! eu sou a raposa!". Lembram daquele rpeso da Al Quaeda que confessou terrorismos de toda sorte, na África e nos EUA? Pois é.

Oliveira, o canalha que trabalha no Valor, me disse que vai além; basta ser apanhado pela imigração espanhola, e ser isolado numa salinha à parte que já confessará ser uma prostituta brasileira com intenção de imigrar ilegalmente e tirar o emprego dos pobres europeus. Ou da mãe de alguns, sei lá.

Texto das Ralações Internacionais, também do Sérgio Léo.

Um bom resumo sobre a crise colombiana

Vale a pena ler o material abaixo, do jornalistaCláudio Tognolli, sobre o conflito envolvendo Colômbia, Equador e Venezuela. É um material de fôlego e, sobretudo, muito didático.


Entenda o que está por trás de Colômbia x Equador


Por Cláudio Tognolli em 5 de março de 2008.

Entenda o que está por trás da invasão do Equador pelo exército colombiano, liderado pelos norte-americanos e o serviço secreto de Israel o Mossad, que matou mais de vinte pessoas entre elas o porta-voz das Farc que negociava a libertação de reféns.

1 - Não é a primeira vez que O governo colombiano entra em conflito com as Farc.

2 - Não é a primeira vez que UM governo colombiano entra em conflito com as Farc.

3 - Não é a primeira vez que as Farc entram em território do Equador, Brasil e Venezuela para se proteger e/ou abastecer, sem o conhecimento e o consentimento de seus respectivos governos.

4 - MAS É a primeira vez que o governo colombiano invade território estrangeiro para eliminar tropas das Farc.

5 - Por que agora? Qual a urgência? Por que justamente o líder das Farc mais favorável ao diálogo e aquele que dialogava com a França e com Chávez para a libertação dos reféns?

6 - Até agora, quem mentiu foi o governo colombiano. Disse que havia entrado no Equador em perseguição a uma coluna das Farc em fuga e reagido a tiros daquela. O que se viu no sítio foram sinais de execução de guerrilheiros que dormiam (todos estavam usando pijamas) e foram surpreendidos por tropas bem equipadas, inclusive por ataque aéreo, e treinadas para tal. ...

7 - A operação foi ato pensado e refletido e com retaguarda política de peso. Não havia justificativa para este extremo. As Farc de longe não têm poder para desafiar o governo. O governo não fazia operação para libertar reféns ou ganhar território. Era para eliminar liderança.

8 - Uribe vinha sendo seguidamente colocado contra a parede com as negociações entre Chávez, as Farc e o governo francês. Tinha que engolir o que não queria fazer. Encontrou um meio de acabar com isto em alto estilo. E os EUA? Mantêm Uribe sob proteção.

9 - Além de acabar com sua principal fonte de preocupação ultimamente, as conversações entre as Farc e Chávez, Uribe consegue unir o país em torno de si em momento de crise e retoma sua principal plataforma política, que é a solução militar contra as Farc.

10 - De quebra, pode eliminar também uma futura concorrente política, Ingrid betancourt, que poderia ser libertada e lhe fazer frente, com legitimidade para apresentar-se capaz de bancar um acordo político com as Farc, anulando a principal plataforma de campanha de Uribe.

11 - Os EUA têm na Colômbia de Uribe seu único porto seguro na América do Sul. Ver o aliado enfraquecido não é bom. Um acordo de paz com as Farc também não é bom. Retira dos EUA sua desculpa para permanecer na Colômbia...

12 - A crise política entre as nações é uma mão na roda para os EUA. Provoca instabilidade, torna Uribe ainda mais dependente dos americanos e é desculpa para reforçar sua presença no continente.

13 - O alvo principal dos americanos é a Venezuela. Os americanos não dão a mínima para a coca da Colômbia. Dependendo do desenrolar da crise, os americanos podem achar o que procuravam há muito para eliminar Chávez.

14 - Cabe ao governo brasileiro diagnosticar bem a situação e posicionar-se como mediador e tentar anular o passo americano. É uma grande oportunidade de exercer liderança. Nada de declarações apressadas. O momento é de conversa de bastidor...

Veja abaixo um trecho de texto de uma matéria da conceituada revista norte-americana Newsweek onde fala sobre um relatório da inteligência do Departamento de Defesa dos USA que diz que o Uribe, presidente da Colômbia, tinha e tem envolvimento com os narcotraficantes...continua...

As mídias do Brasil tentam fazer a gente aceitar que as Farc é que são ligadas aos traficantes da Colômbia. (quem for alienado que acredite)

Este texto continua no Blog Entrelinhas.



O Quinta Coluna

Visto por dentro, o mundo da política é mesmo um cada qual por si e salve-se quem puder, mas o César Maia, na propaganda eleitoral do DEM, que ouvi ontem na CBN, mostrou que é mesmo do balacobaco. Graças à eficiência e ao combate à corrupção, explica ele, as obras contratadas no Rio de Janeiro tem preços, no mínimo, inferiores em 30% às de "qualquer outro lugar no país".

A fala bacana do prefeito maluquinho é seguida de outra do correligionário José Roberto Arruda, governador do GDF, anunciando obras e obras no metrô de Brasília, onde pretende derramar mais R$ 600 milhões ou quantia parecida.

Pelo que indica César Maia, Rio à parte, há superfaturamento nas obras de todas as outras cidades e nos Estados brasileiros. Pela lógica maiista, nós cidadãos de Brasília deveríamos cobrar do Arruda um corte de, pelo menos, uns R$ 180 milhões nesse metrô anunciado na propaganda do DEM.

Mal posso esperar pela próxima propaganda com novas revelações do César Maia,grande cara, sobre os descaminhos das administrações do partido dele no país.

Outro texto do Sítio do Sérgio Léo. O que ele disse para o Arruda em Brasília, também vale para Kassab em São Paulo.

Favoritismo

Nesa confusão dos brasileiros barrados na Espanha, um detalhe chama a atenção. Alegam barrar estrangeiros porque competem com os espanhóis no apertado mercado de trabalho de lá. Preferem barrar as moças jovens desacompanhadas porque suspeitam que vão para lá para entrar na prostituição. Então a preocupação do governo europeu é com a competição estrangeira contra as prostitutas locais, é isso?

Categoria poderosa, essa a das piranhas espanholas.

Com humor do Sítio do Sérgio Léo.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Manifestantes queimam carros no Tibete

Manifestantes pró-independência queimaram lojas e carros em Lhasa, capital do Tibet, na sexta-feira, mesmo dia em que policiais chineses teriam matado duas pessoas na cidade, na pior onda de instabilidade surgida na região em duas décadas.

A China acusou simpatizantes do líder espiritual do Tibet, Dalai Lama, atualmente exilado, de "arquitetar" o levante, que mancha a imagem do país cuidadosamente construída de prosperidade e harmonia nacionais, às vésperas dos Jogos Olímpicos de Pequim.

O Dalai Lama pediu que a China pare de usar a força e que dê início a um diálogo com os tibetanos. Manifestações semelhantes ocorridas em outras oportunidades foram violentamente esmagadas pelas forças de segurança chinesas com armas de fogo e prisões em massa.

As passeatas pacíficas realizadas por monges budistas nos últimos dias deram lugar a multidões em fúria enfrentando policiais.

"A situação está bem caótica nas ruas", afirmou por telefone um tibetano que mora na região. "As pessoas estão queimando carros, motos e ônibus. Há fumaça por todos os cantos. Eles estão atirando pedras e quebrando janelas. Nós estamos com medo."

Mais na Reuters.


Escândalo do DETRAN

ALIADOS DE YEDA ACUSADOS DE CRIME ORGANIZADO E FORMAÇÃO DE QUADRILHA

Matéria na Carta Maior: Polícia Federal indicia 39 pessoas no Rio Grande do Sul, acusadas de integrar uma quadrilha que roubou R$ 40 milhões do Detran. Entre os envolvidos, está um dos coordenadores da campanha de Yeda Crusius (PSDB) e figuras importantes de seu governo. Ex-secretário de Segurança do governo Rigotto (PMDB) é acusado por delegado de chefiar quadrilha. Clique AQUI para ler.

* Do blog RS Urgente

Cuba: Jovens usam tecnologia para driblar censura

Cresceu nos últimos meses o número de jovens cubanos que desafiam o governo ao divulgar informações que a mídia oficial não mostra, através de conexões clandestinas à internet, trocas de pen drives e uso de câmeras digitais, noticia James C. McKinley Jr. em artigo no New York Times [6/3/08].

Em fevereiro, estudantes da Universidade de Ciências da Informação filmaram uma briga que tiveram com Ricardo Alarcón, presidente da Assembléia Nacional. Alarcón parecia desnorteado quando os estudantes lhe perguntaram por que não podiam viajar ao exterior, ficar em hotéis, ganhar salários melhores ou usar ferramentas de busca como o Google. De pen drive em pen drive, o vídeo espalhou-se rapidamente em Havana e vazou para a BBC e a CNN, prejudicando seriamente a reputação de Alarcón. No começo de janeiro, algo parecido ocorreu: o governo tentou impor uma nova taxa para empregados de empresas estrangeiras no país. A reação destes funcionários ao tomar conhecimento da imposição foi registrada por uma câmera de celular e repassada por pen drives.

Em Cuba, o acesso público à internet é limitado; antenas de satélite não autorizadas costumam são apreendidas pela polícia e é pequeno o número de cibercafés abertos aos cidadãos cubanos. Em Havana Velha, há apenas um cibercafé disponível, que cobra 1/3 do salário médio mensal de um cubano (o equivalente a US$ 5) por uma hora. Os outros dois cibercafés que existiam no centro da capital transformaram-se em serviços de correio, que permitem que cubanos enviem e-mails através de uma rede restrita à ilha – sem ligação com a internet. "É como se fosse um serviço de telégrafo", explica um jovem que costuma enviar mensagens pelo sistema.

Texto completo no Observatório da Imprensa.


Reuters: Cuba pode liberar venda de eletrodomésticos

Cuba disse na sexta-feira que pode liberar a venda varejista de eletrodomésticos e o acesso a hotéis para estrangeiros, mas frustrou quem esperava uma reavaliação do peso cubano.

O Granma, jornal do Partido Comunista, disse que não é possível eliminar da noite para o dia a circulação da moeda dupla: os pesos cubanos, com os quais o Estado paga aos trabalhadores, e o peso conversível, 24 vezes mais forte, com os quais vende os produtos importados.

O editorial chega 24 horas depois que a Reuters divulgou um memorando oficial que libera a venda no varejo de produtos importados como computadores, aparelhos de DVD e fornos de microondas. É a primeira medida do novo presidente, Raúl Castro, contra o "excesso de proibições" que assola os cubanos.

"Encarar o estabelecimento de algumas medidas relacionadas com as chamadas 'proibições' como, por exemplo, o acesso ao turismo e a venda de equipamentos, é uma coisa. O assunto da moeda dupla é outra", disse o editorial assinado por Lázaro Barredo, o diretor do Granma.

A proibição de hospedar-se em hotéis reservados para turistas estrangeiros é uma queixa frequente dos cubanos.

O Granma explica que essa medida foi feita contra os "opositores" na década de 1990, para evitar desigualdades na sociedade socialista da ilha.

O texto completo na Reuters.


Vale a pena acompanhar La Vieja Bruja

Em suas análises sobre a recente invasão da Colômbia ao território equatoriano, o blog consultou jornais do Equador, como no seu "post" chamado Sobre regionalizações, frustrações e apoios incondicionais; ou o jornal argentino Clarin, no "post" Sobre teorias da conspiração. Outro jornal argentino, o Página 12, é citado em "Gran Hermano".

Há mais. Abaixo os títulos dos "posts", com os respectivos linques:
- Sobre os limites das ilusões;
- Sobre manobras de bastidores;
- Sobre veracidades;
- Resolução da OEA;
- Sobre ataques cirúrgicos;
- Sobre ataques cirúrgicos, ainda;

Mas, enfim, La Vieja Bruja não comenta só crise diplomático-militares na América do Sul. Há mais. Confira o blog La Vieja Bruja, do Marcelo S. Duarte.


A água de Malraux e a água de Sarkozy

Brasil

André Malraux, glória da França, veio ao Brasil como ministro da Cultura do presidente De Gaulle. Foi recebido por Juscelino presidente, em Brasília, que chamou de "Capital da Esperança", e de volta, no Rio, fez conferência na Associação Brasileira de Imprensa.

Na mesa, Oscar Niemeyer, Austregésilo de Athayde, da Academia Brasileira de Letras, Danton Jobim, Prudente de Morais, neto. O auditório quente, abafado, enfumaçado, lotado de políticos, jornalistas, escritores.

A noite espichava e Malraux, suado, avermelhado, com seu francês rápido e côncavo, contava aventuras e lutas, a libertação da China, a resistência da Espanha, o "maquis" da França, as esperanças do homem.

Diante de Malraux, intocado, um copo dágua. Lá de trás, levanta-se um senhor alto, moreno, cabelos grisalhos, terno branco, gravata vermelha e sai andando em direção à mesa. Ploc, ploc, olhar firme, erecto. Como um general. Malraux pára, fica olhando. O auditório não entende, sussurra. E o homem vai em frente, passos fortes, cabeça levantada.

Chega perto da mesa, estira o braço, pega o copo dágua do conferencista, bebe gole a gole, põe o copo no lugar, volta, ploc, ploc, senta-se. Malraux apenas sorriu e continuou. Era o deputado federal Fernando Santana, comunista do PTB da Bahia, que na véspera tinha sido eleito, pelos jornalistas de Brasília, o melhor parlamentar do ano.

Na saída, os amigos escandalizados:

- Mas, Fernando você bebeu a água do orador?
- Água é para quem tem sede. Água não tem propriedade privada.

França

Domingo, os franceses beberam a água de Sarkozy.

(Sebastião Nery, na Tribuna da Imprensa de ontem)

Disminuye el riesgo cardíaco


CRÍTICA DIGITAL:

El "mañanero" ahora tiene justificativo científico

Según la revista New Scientist, una buena sesión de sexo matutino entre dos y tres veces por semana genera todo tipo de anticuerpos.

De acuerdo a un estudio de la universidad de Queen, en Belfast, una buena sesión de sexo matutino tres veces a la semana baja el riesgo cardíaco, mejora la circulación y baja la presión sanguínea. En la revista New Scientist también lo recomiendan. Pero para esta publicación, alcanza con dos mañanas por semana para generar los anticuerpos que protegen de los microbios que se reproducen con las secreciones. Además, alivia la artritis y la migraña y disminuye el riesgo de desarrollar diabetes.

“El sexo en general hace bien a cualquier hora –dice León Gindín, médico sexólogo-. Pero probablemente este estudio apunte a que por la mañana se liberan más endorfinas, que activan el sistema inmunológico y el metabolismo en general”.

ESTADO MÍNIMO NEOLIBERAL

CARTA CAPITAL:

Bezerro de ouro

Uma heresia para os adoradores do livre mercado multiplica-se como um eco pelas catedrais do laissez-faire: Wall Street e Washington. Diante das enormes perdas com a crise imobiliária, é cada vez maior o coro de financistas a clamar por uma intervenção mais contundente do Estado no setor financeiro.

O chefe do Comitê de Bancos do Congresso dos Estados Unidos, Chris Dodd, quer criar uma versão moderna de uma instituição da era da depressão dos anos 30, que permitia o refinanciamento das hipotecas. De acordo com a revista The Economist, há propostas similares. Uma delas é permitir que a Administração Federal de Moradias compre as dívidas com desconto ou as refinancie, com a garantia do Tesouro. Outras consideram até a hipótese de uma estatização dos bancos em dificuldades, para posterior devolução aos acionistas quando curados da ressaca do subprime.

O prestigiado jornalista do Financial Times Martin Wolf considera que o custo da salvação do sistema seria de 7% do Produto Interno Bruto dos EUA, ou 1 trilhão de dólares, totalmente assimilável. Opinião divergente tem o colunista de CartaCapital, Nouriel Roubini (clique para ler a coluna), uma vez que ele levanta questões éticas a respeito de usar dinheiro público para socializar prejuízos.

Se, de um lado, as instituições financeiras querem almoço grátis, de outro, os governos exigem mais transparência dos jogos que envolvem trilhões de dólares. Uma perceptível mudança de discurso acontece nos fóruns mundiais. O clamor maior vem da Europa. Os acadêmicos franceses reforçam barricadas aguerridas contra a falta de controle sobre os balanços dos bancos. Para Robert Guttmann e Dominique Plihon, da Universidade Paris-Nord, o que está posto à mesa é a sobrevivência do padrão econômico global que prevaleceu nas últimas duas décadas, cujos alicerces são os Estados Unidos como consumidores mundiais em última instância. É um trocadilho com o papel dos bancos centrais (por definição, financiadores em última instância), considerados a caixa-forte que sempre abrirá os cofres para salvar o mundo financeiro. Entusiasmados, eles consideram que, desta vez, o mocinho sobrevivente do tiroteio não será norte-americano.

Mas o debate não se esgota na academia. Em 29 de janeiro, houve um encontro de líderes em Londres, recepcionados pelo primeiro-ministro Gordon Brown. Estavam presentes a primeira-ministra alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Nicolas Sarcozy, o então primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, e o presidente da União Européia, José Manuel Barroso. Em pauta: a necessidade de maior transparência e regulação, em função da escassez global de crédito.

A mais contundente foi Merkel. Em entrevista coletiva, disse que os questionamentos foram feitos, há buracos regulatórios e o G-8 (grupo que reúne os países mais ricos do mundo) quer vê-los fechados. Segundo suas palavras, “no caso de as instituições financeiras não tomarem providências sérias, nós adotaremos medidas regulatórias”. Em comunicado conjunto, os líderes afirmaram que, “se os participantes do mercado se mostrarem relutantes ou incapazes a dar soluções à crise, nós estaremos prontos para apresentar alternativas de fiscalização”.

Logo depois dessa reunião de cúpula, em 13 de fevereiro, o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, fez um forte discurso, em visita à Índia. “A atual crise é resultado de uma tempestade perfeita: um longo período macroeconômico de taxa de juro baixa, liquidez abundante e pouca volatilidade, que levaram as instituições financeiras a subestimar os riscos, uma total desorganização nas práticas de concessão de crédito e avaliação de riscos e deficiências na supervisão e regulação financeira.”

E concluiu que o Fundo tem de mudar suas práticas, alterar o sistema de representatividade, para dar mais voz aos países emergentes e fazer um ajuste fiscal na instituição: cortar gastos e aumentar a arrecadação. Isso reforçaria o poder de supervisão do FMI, tão questionado por críticos. Cumpre-se lembrar que a ascensão de Strauss-Kahn foi considerada, por muitos analistas, como uma necessária renovação no pensamento conservador da instituição. “Que houve uma mudança na mentalidade, é inquestionável”, diz Maryse Farhi, do Instituto de Economia da Unicamp. “O problema é se quem dá a verba vai permitir”, provoca a economista, referindo-se ao poder que os EUA têm na organização.

Segundo ela, consertar a crise do subprime necessariamente passa pela Basiléia (Suíça), mais precisamente pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês). Maryse lembra que a balbúrdia provocada pelas hipotecas podres teve origem no acordo Basiléia 2. “O subprime é um filho bastardo. O acordo incentivou os bancos a esconder falcatruas, a omitir informações nos balanços”, diz. Trocando em miúdos, em vez de provisionar recursos para eventuais perdas, as instituições financeiras criaram os Structured Investment Vehicles (SIVs), que empacotavam dívidas potencialmente inadimplentes e foram espalhados pelas carteiras dos investidores globais. Sem constar nos balanços, ressalte-se. De nada adianta, ainda, fazer remendos nacionais. Somente um novo acordo coibiria o advento de novas crises, porque os bancos são “useiros e vezeiros” de acharem um país qualquer para fazer operações suspeitas.

“Esta crise é subproduto de Basiléia 2”, faz coro Fernando Cardim, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O acordo não deu respostas a crises de liquidez, como ocorre agora. “Não basta ter capital imobilizado, se o cliente bate à porta da agência para resgatar seu dinheiro”, diz. Descrente de concertos internacionais do quilate suíço, ele lembra que “a regulação é necessariamente nacional, mas o sistema é globalizado”. Há um vácuo, segundo o economista, não preenchido por nenhuma instituição, por não possuírem mandato para tal. “Os Estados são muito menores do que os mercados. São liliputianos”, constata.

Também para Peter Weissman, editor da revista Multinational Monitor, “controles internacionais seriam muito desejáveis, mas não parecem estar no horizonte de curto prazo”. Para ele, ressuscitar a discussão sobre a Tobin Tax (imposto sobre capitais financeiros internacionais) é infelizmente uma quimera. Não há força política dos governos nem disposição para encarar o poderio dos mercados. Por isso, ele defende que isoladamente países ponham-se na defensiva e criem mecanismos anti-especulação. Sobre o papel do FMI, Weissman admite à revista que houve um avanço significativo, com a gerência-geral de Strauss-Kahn. Mas é realista ao provocar: “Você imaginaria o FMI concordar com países que adotassem controles de capitais?”

Apesar de se confessar um entusiasta das idéias keynesianas, Weissman não vê espaço para a formulação de uma espécie de New Deal global. “O momento político não é apropriado. Nem se sabe o tamanho do estrago feito na economia americana. Além disso, mesmo os candidatos democratas têm obstáculos ideológicos a iniciativas que visem maior intervenção do Estado na economia.” Para ele, o enorme déficit do país é outro entrave, que limita iniciativas proativas do governo.

Peter Morici, professor da Universidade de Maryland e ex-economista-chefe da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos, escreveu um ácido artigo para o site contracorrente CounterPunch, com críticas severas ao governo Bush e ao presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, no que se refere às medidas, por ele consideradas paliativas, para refrear a crise do subprime. À CartaCapital Morici mostrou-se cético quanto à eficácia de grandes acordos, para corrigir distorções financeiras globais.

“Nem o FMI nem o G-8 têm poder para impor maior regulação. A tarefa seria do BIS. Na visão do economista, no entanto, a questão bancária é basicamente nacional. “Para haver maior supervisão, é preciso envolver os políticos no Congresso. Seria preciso que bancos regionais quebrassem para que houvesse uma movimentação maior.”

Segundo ele, leis internacionais são mais voltadas para recomendações do que imposições. A exceção talvez esteja no âmbito do comércio e do meio ambiente. “É uma bobagem pensar que os burocratas das instituições internacionais estejam interessados em algo mais concreto. Eles vivem muito bem, almoçando em restaurantes maravilhosos na Grã-Bretanha e em Washington.” Não haverá um New Deal global porque, em qualquer circunstância, os EUA farão o que é melhor para eles, “assim como vocês no Brasil”. É o modo de funcionamento da engrenagem mundial, diz o economista.

“Um acordo internacional demora 20 anos para ser costurado. Por que o Brasil, por exemplo, aceitaria regras bancárias que não foram discutidas e votadas localmente?”, pergunta Morici. Apenas um detalhe: o Brasil acatou as regras de Basiléia 2 sem ao menos participar do comitê que regulamentou as regras que envolvem patrimônio e investimentos, lembra Cardim, da UFRJ. Tudo é decidido pela meia dúzia de sempre. A não ser que os franceses Guttmann e Plihon tenham acertado na análise de que mudou o padrão econômico mundial. A conferir.

Justiça barra cultivo de eucalipto em São Luiz do Paraitinga


O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou a suspensão do corte, do replantio e o plantio de novos eucaliptos no município de São Luiz do Paraitinga, a 182 quilômetros a leste de São Paulo, até a realização de um estudo de impacto ambiental e a elaboração de um relatório dos danos ao ambiente da região. A decisão é da última quinta-feira. Em novembro de 2007, a Defensoria Pública do Estado propôs ação civil pública contra expansão da monocultura de eucaliptos no município. De acordo com o órgão, as empresas responsáveis pelo cultivo do eucalipto seriam a Votorantim Celulose e Papel e Suzano Papel e Celulose. De acordo com a ação, o plantio de eucalipto causa danos graves ao ambiente e o êxodo rural na área.


Da Videversus, jornalismo de adjetivos.


Universidade para negros forma primeira turma em SP

Primeira instituição de ensino superior para afrodescendentes da América do Sul, a Unipalmares (Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares) forma sua primeira turma na noite desta quinta-feira (13), em São Paulo.
Na cerimônia, formam-se 120 dos 200 estudantes que se matricularam no primeiro ano do curso de administração de empresas da universidade, em 2004.

Confira o texto completo no UOL Educação.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Previdência Chilena

Chile promulga lei que modifica sistema de pensão instaurado há 27 anos

da France Presse

O Chile promulgou nesta terça-feira uma nova lei de pensões que modifica o sistema privado instaurado há 27 anos pela ditadura do general Augusto Pinochet e instaura uma inédita pensão básica universal que favorecerá 40% da população mais pobre.

A promulgação coincidiu com o segundo aniversário da instauração do governo da presidente Michelle Bachelet, que definiu a reforma como o projeto mais emblemático de sua administração.

A nova lei contempla, em seu ponto mais importante, o pagamento, a partir do próximo 1º de julho, de uma pensão básica universal, de 60 mil pesos (US$ 133/R$ 225), a todos os homens maiores de 60 anos e às mulheres maiores de 65 pertencentes aos 40% mais pobres da população. Um ano depois, a pensão se reajustará a 75 mil pesos (US$ 166/R$ 282).

A pensão beneficiará, em sua primeira etapa, cerca de 80 mil pessoas, em sua maioria donas-de-casa, artesãos e outros trabalhadores independentes, que estavam foram do sistema privado.

Em seu primeiro ano de implementação, terá um custo de US$ 2 milhões (R$ 3,3 milhões). A nova lei modificou o sistema privado de pensões instaurado em 1981 pela ditadura de Augusto Pinochet e cuja principal característica foi a criação das chamadas administradoras de fundos de pensão.

Da Folha Online. Comentário: Intervenção estatal no louvado modelo previdenciário liberal chileno.

Ficam os dedos...

Notinha da coluna da Mônica Bérgamo, na Folha de São Paulo de 12 de março de 2008 (para assinantes):

FICAM OS DEDOS
Depois da venda da Cesp, que o mercado calcula que poderá chegar a R$ 8 bilhões, pouco restará ao governo de SP. As estatais restantes e "vendáveis", de acordo com um profissional que participa da avaliação das empresas, não chega a R$ 3 bi.

Embaixador da Suíça pede desculpas à Via Campesina

"Em nome do governo do meu país, eu quero pedir desculpas". Foi com essas palavras que o embaixador da Suíça, Rudolf Bärfuss, terminou a reunião com uma comissão de mulheres da Via Campesina ocorrida nesta sexta-feira (7/4), em Brasília.
(DO FAZENDO MEDIA)
LEIA MAIS NO SÍTIO DO MST

quarta-feira, 12 de março de 2008

Israel decreta boicote à emissora Al Jazeera

Guila Flint
De Tel Aviv para a BBC Brasil

O Ministério das Relações Exteriores de Israel decretou nesta quarta-feira um boicote à emissora de TV Al Jazeera, do Catar, o canal com a maior audiência no mundo árabe.

De acordo com as autoridades israelenses, a emissora “incita o terrorismo”.

O vice-ministro das Relações Exteriores de Israel, Majali Wahabe, afirmou que a Al Jazeera “é inconfiável, prejudica Israel e incita as pessoas a atividades terroristas”.

“Israel não vai mais prestar serviços a um canal que pode nos causar sérios danos”, disse Wahabe.

O ministério também afirma que a Al Jazeera é “tendenciosa em favor do Hamas”.

A partir desta quarta-feira, porta-vozes israelenses deixarão de dar entrevistas à emissora e as instituições governamentais de Israel suspenderão qualquer tipo de colaboração com os jornalistas do canal.

Os jornalistas da Al Jazeera estarão, inclusive, proibidos de entrar em escritórios do governo.

O diretor da Al Jazeera em Israel, Walid El Omari, disse “estar espantado” com a decisão do governo israelense.

“É surpreendente que um país que fala tanto de democracia persiga jornalistas e tente reduzir a liberdade de expressão e de movimentação”, disse El Omari.

A crise entre a emissora e o governo israelense se agravou depois da cobertura do canal aos últimos choques na Faixa de Gaza, que deixaram mais de 120 palestinos mortos.

De acordo com as autoridades israelenses, a cobertura foi “propaganda do Hamas”.

O boicote à Al Jazeera foi criticado por especialistas em mídia de Israel.

Raanan Gissin, que foi porta-voz do ex-primeiro ministro de Israel, Ariel Sharon, afirmou que a decisão “talvez satisfaça uma vontade de vingança, porém Israel está abandonando o palco para apenas um tipo de opinião”.

O ex-embaixador de Israel no Egito, Tzvi Mazel, também criticou a decisão e afirmou que, em vez de boicotar a Al Jazeera, Israel deveria enviar à emissora porta-vozes “fortes, que pudessem apresentar as posições de Israel de uma maneira mais vigorosa”.

Incra é proibido de fazer vistoria em fazenda

A Justiça Federal em Santa Catarina proferiu uma decisão inédita na última semana. Proibiu o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de fazer qualquer tipo de vistoria ou avaliação na Fazenda Mato Queimado, em Taió. A fazenda de 935 hectares tinha sido declarada de interesse para fins de reforma agrária, através de Decreto Presidencial de 21 de janeiro de 2008.

Redes sociais registram mais páginas vistas do que sites de conteúdo

Em janeiro de 2008, os internautas passaram 7,5% de seu tempo em redes sociais, revelou o Internet Activity Index, divulgado pela Online Publisher Association (OPA) e pela Nielsen online, nesta terça-feira (11/03).

Os sites de conteúdo foram os primeiros no ranking de tempo de permanência - os usuários dedicaram 42,7% de seu tempo a eles. Depois, vieram os sites de comunicação (28,7%), lojas virtuais (16,1%), redes sociais (7,5%) e sites de busca (5%).

Embora os usuários tenham passado quase metade de seu tempo online em portais de conteúdo, estes tiveram menos cliques que as redes sociais. As páginas de notícias receberam 72,1 bilhões de page views, em um total de 1,04 milhão de horas de permanência.

Enquanto isso, os 7,5% de tempo online que os usuários dedicaram às comunidades renderam mais navegação se comparados aos sites de conteúdo. Foram 36,5 bilhões de page views em um tempo total também proporcionalmente menor aos campeões de permanência: nas redes sociais, os internautas clicaram em quase o dobro de páginas durante um período total de 182 milhões de horas.

Texto completo no IDGNow! Redes sociais são aquelas: Orkut, MySpace, ...

A internet e os novos "formadores de opinião"

A internet e os novos "formadores de opinião"

Venício A. de Lima

São muitas as explicações que tentam dar conta das mudanças importantes que estamos assistindo na capacidade de influência direta da grande mídia na percepção política e no comportamento eleitoral da população brasileira. Depois da primeira eleição presidencial após o período autoritário, realizada em 1989, pesquisas de opinião vêm registrando um lento - às vezes contraditório, mas sempre progressivo - descolamento da opinião dominante na grande mídia da opinião da maioria da população. Esse fato coloca em questão, por exemplo, o poder dos "formadores de opinião" tradicionais e tem obrigado analistas e ideólogos a verdadeiros malabarismos teórico-explicativos.

Em tempos de tantas inovações tecnológicas, um dos fatores que certamente tem contribuído para essas mudanças é o crescimento avassalador do acesso de nossa população à internet, um meio de comunicação com características radicalmente distintas da velha comunicação de massa: interatividade versus unidirecionalidade.

Registre-se que o aumento da renda e avanços importantes na escolaridade de camadas significativas da população são pressupostos para que cresça o acesso à internet. E esses pressupostos estão, de fato, ocorrendo (ver, neste Observatório, "TSE & Escolaridade do eleitor: Obra-prima do jornalismo apressado").

Há de se considerar também que a inclusão digital é uma área onde as políticas públicas têm sido efetivas e têm provocado resultados positivos. Exemplos conhecidos são o programa "Computador para Todos" e os telecentros dos "Pontos de Cultura". Em 2007, pela primeira vez, a venda de computadores (10,5 milhões de unidades) ultrapassou o total de aparelhos de televisão comercializados no país.


Texto completo no Observatório da Imprensa.

terça-feira, 11 de março de 2008

CPI do DETRAN


Bohn Gass pede saída do relator da CPI por suspeição

Um escândalo marcou a sessão desta segunda-feira (10) da CPI do Detran. Antes que os depoimentos começassem, o deputado Elvino Bohn Gass (PT) exibiu à Comissão um release que a assessoria de imprensa do relator da Comissão, deputado Adilson Troca (PSDB), estava distribuindo aos repórteres que cobriam a sessão. No documento, Troca afirma que "os depoimentos dos dois ex-presidentes do Detran, Mauri Cruz e Carlos Bertotto, trouxeram novos elementos para o trabalho da Comissão" e faz referências "às novas revelações" dos depoentes. O problema é que os depoimentos a que o relator se referia em seu release nem haviam começado. "O episódio é gravíssimo. O relator está sob suspeição. Em 10 anos de Assembléia e já tendo participado de várias CPIs, nunca vi nada igual", disse Bohn Gass que, minutos depois, juntamente com outros deputados, apresentou um requerimento que pede o afastamento de Troca da função de relator. O petista afirmou ainda que a atitude do relator desrespeitava os colegas de Comissão, o Poder Legislativo e o povo gaúcho. "O material da assessoria do deputado Troca revela que o relatório dele já está pronto e, lamentavelmente, tudo indica que vem a ser uma peça imprestável porque não leva em conta os depoimentos mas apenas a versão, a tese, a vilania que ele pretende impetrar contra os seus adversários políticos. Uma vergonha", desabafou Bohn Gass.Para o petista, ao distribuir o release, "o PSDB desmentiu a governadora Yeda que, dias atrás, acusava a oposição de politizar os trabalhos da Comissão. "Mas o que é isso aqui se não a politização da CPI?" perguntou Bohn Gass.Explicações, covardia e incoerênciaA exibição do release causou tamanho alvoroço na Comissão que o deputado Troca viu-se obrigado a tomar a palavra para tentar se explicar. Primeiro, sugeriu que o documento fora elaborado por alguém que tencionava prejudicá-lo. Bohn Gass então invocou o testemunho dos repórteres que estavam presentes na CPI e que, minutos antes, haviam recebido o release das mãos da assessoria tucana. O relator então tentou uma segunda explicação, a de que não havia autorizado a distribuição do material. "O que temos então? Duas explicações que fazem o menor sentido, um ato covarde de jogar a culpa na assessoria e uma evidente incoerência do deputado Troca que, pego na mentira, meteu os pés pelas mãos na tentativa desesperada de se justificar. Infelizmente, ele não tem mais a menor condição de continuar na função", concluiu Bohn Gass.Veja o release do deputado troca aqui.

(Por João Manoel Oliveira, do site PT Sul)

Guerras de Bush ajudaram ascensão regional do Irã

Cinco anos depois, o Irã pode agradecer os Estados Unidos por derrotarem inimigos regionais de Teerã e involuntariamente ajudar a transformar a República Islâmica numa potência regional.

Primeiro os militares dos EUA derrubaram, no final de 2001, o regime islâmico afegão do Taliban, que também era inimigo do regime xiita de Teerã. Depois, em 2003, a invasão do Iraque pôs fim ao longo governo de Saddam Hussein, arquiinimigo dos iranianos.

"A remoção desses dois regimes sem que fossem sucedidos por Estados poderosos beneficiou enormemente o Irã e abriu a cotoveladas espaço para o Irã espalhar sua influência", disse Vali Nasr, pesquisador-sênior do Conselho de Relações Exteriores, de Washington.

Mas o Irã não pode descartar totalmente uma ação militar norte-americana para destruir suas instalações nucleares, e a economia do país, muito dependente do petróleo, pode se mostrar vulnerável dentro de alguns anos, embora atualmente vá de vento em popa.

Com o colapso do Exército iraquiano, em 2003, o Irã ficou sem um rival militar regional à altura, o que enfraquece o mundo árabe (ao qual Teerã não pertence) e seus governos, majoritariamente sunitas.

A bonança do preço do petróleo também alimenta a sensação de poderio da República Islâmica, e o presidente Mahmoud Ahmadinejad continua desafiando o Ocidente com seu programa nuclear, apesar das sanções impostas pela Organização das Nações Unidas (ONU).

"A cada 24 horas estamos ganhando 270 milhões em moedas fortes, uma quantia mágica", disse o economista iraniano Saeed Leylaz. "O Irã pode transferir os seus petrodólares para comprar lealdades internamente e parcerias estratégicas externamente."

Nos últimos cinco anos, o Irã se tornou um ator político importante no Iraque, nutrindo laços com xiitas e outras facções. O país também ampliou sua influência em outros pontos do mundo árabe, por meio de alianças com a Síria, com o Hezbollah libanês e com o Hamas palestino.

Aliados árabes dos EUA, como Arábia Saudita, Egito e Jordânia, estão alarmados com a ascensão do Irã, mas, depois do caótico resultado do Iraque, temem que uma eventual ação militar norte-americana contra Teerã provoque mais instabilidade.

Psicologicamente, o Irã parece em vantagem. "Não importa quais coisas politicamente corretas digamos, o mundo árabe demonstrou muito medo, receio e ansiedade com o Irã, enquanto para o Irã a recíproca não é a mesma", disse Nasr.

A possibilidade de ataques norte-americanos ao Irã diminuiu sensivelmente quando uma Estimativa Nacional de Inteligência dos EUA, divulgada em dezembro, admitia surpreendentemente que Teerã abandonou a busca por armas nucleares desde 2003 e provavelmente não a retomou desde então.

Reuters

Estão rindo de mim

O Subcomandante geral da Brigada militar do Rio Grande do Sul declara amor eterno a fazenda ilegal de eucaliptos da Sueco finlandesa Stora Enso. Agora a pouco no local em que mulheres e crianças da via campesina foram feridas pela BM na desocupação da fazenda, o coronel pago com o dinheiro de todos os gaúchos participou do abraço simbólico na fazenda juntamente com outras “autoridades” e mulheres da alta sociedade da Farsul. Leiam abaixo a matéria da ZH. Sinceramente não estou acreditando nisso, parece piada, brincadeira de mau gosto ou estão rindo mesmo da nossa cara.



Confira o texto completo no Blog do Gilmar da Rosa.

JORNALISTAS DENUNCIAM REPRESSÃO DA BRIGADA

Manifestante ferida pela polícia em Rosário do Sul durante ação de desocupação da fazenda Tarumã.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul divulgou nota oficial denunciando o cerceamento ao direito de informação por parte da Brigada Militar, por ocasião dos episódios envolvendo a ação da Via Campesina em uma fazenda da Stora Enso, em Rosário do Sul. A nota afirma:


"Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul denuncia o impedimento, por parte da Brigada Militar, do exercício profissional de jornalistas na cobertura da ocupação, pelas mulheres da Via Campesina, da Fazenda Tarumã, em Rosário do Sul. Repórteres fotográficos e cinematográficos foram impedidos de registrar a agressão sofrida por mulheres e crianças que estavam na manifestação, inclusive tendo equipamentos profissionais apreendidos. Outra jornalista foi retirada do local pelos policiais (ver fotos abaixo).



Vivemos em uma sociedade democrática de direito e não vamos aceitar as velhas práticas do período da ditadura militar. O Código de ética dos Jornalistas, em seu artigo 2o., inciso V, aponta que "a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à auto-censura são delitos contra a sociedade". O mesmo Código também identifica, no artigo 6o., ser "dever do profissional opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão".


A Secretaria de Segurança do Estado deve explicações sobre esse fato não só aos jornalistas agredidos no seu direito de trabalhar, mas a toda a sociedade, que foi impedida de ser livremente informada. As constantes denúncias que chegam ao Sindicato revelam que ameaças aos jornalistas têm sido prática constante por parte da Brigada Militar.


O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS está atento a esse tipo de comportamento e levará o caso à Federação de Periodistas da América Latina e Caribe que, já em sua Carta de Lima, Peru, de dezembro de 2007, exigia dos governos assumir a responsabilidade de garantir a todos os jornalistas o direito à vida, ao trabalho digno, à liberdade de expressão e o direito cidadão à informação".


As fotos são de Eduardo Seidl.


O texto e as imagens vieram do RS Urgente.




Por que a Globo só ouve a Colômbia?

Por Urariano Mota, no Direto da Redação


Há um fato que julgamos ser indiscutível até aqui: tropas colombianas mataram Raúl Reyes. Desse fato adiante, se o morto era comandante, terrorista, ou guerrilheiro; se 15, 16, 17 ou 18 foi o número de seus companheiros mortos; se em ação, se em fuga, se em um ataque, encontro ou recontro; se o que restou do que lhes pertencera foram roupas, bombas sujas, dinheiro ou computador... tudo é nebuloso e confuso, à procura de uma resposta. Dizemos que tudo é nebuloso, mas devemos corrigir. A julgar pelo que ouvimos, vemos e lemos em nossa grande mídia, tudo está resolvido, claro e insofismável. A começar pela qualificação, ou desqualificação, dos mortos. Substantivos e nomes não são bem um problema para os comentaristas e apresentadores da Rede Globo. William Bonner nos ...
Leia aqui o restante da matéria!


Ou seja, o texto continua no Vi o Mundo.


segunda-feira, 10 de março de 2008

Cristina anunció un plan "sistémico y masivo" de construcción de escuelas

La presidenta Cristina Kirchner exhortó a la comunidad educativa a recuperar el rol de la escuela pública "tantas veces dejada de lado y minimizada" y anticipó que pronto se lanzará un plan de construcción de mil colegios.

"Este año vamos a completar la construcción de las 700 escuelas que se lanzaron durante la anterior administración del presidente Kirchner", recordó la mandataria.

A su vez, adelantó las próximos pasos educativos de su gestión. "Pronto vamos a lanzar otro más ambicioso aún, el de mil escuelas", pronosticó la jefa de Estado con júbilo durante la inauguración del nuevo edificio de la escuela 132 José Virué, en la localidad entrerriana de Larroque.

La mandataria remarcó también que desde los años `50 que no existía en el país "un plan sistémico y masivo de construcción de colegios como el que queremos proseguir".

Con un inicio de clases conflictivo a nivel nacional en sus espaldas, Cristina convocó a los docentes a "dar la gran batalla por la igualdad", y volvió a hacer hincapié en la necesidad de no perder día de clases.

"No hay peor educación que la que no se da, y peor día de clases que el que se pierde", señaló en clara alusión a las medidas de fuerza que impidieron el inicio del ciclo lectivo en muchas provincias.

"La educación es el instrumento que permite igualar y mejorar las condiciones de calidad de vida", explicó la mandataria, que llegó a lugar acompañada por los ministros de Educación, Juan Carlos Tedesco; de Planificación, Julio De Vido; el gobernador de Entre Ríos, Sergio Urribarri, y el intendente de Larroque, Raúl Riganti.

Antes de recordar la tragedia en Dolores, reiteró que es su deseo es que "todos los argentinos y argentinas tengan la misma posibilidad que tuvo esta mujer que hija de trabajadores pudo llegar a la más alta magistratura de la república, porque tuvo formación en la escuela y universidad públicas".

Fuente: DyN

ENQUANTO ISSO, NO RIO GRANDE DO SUL...

Chuck Norris, ídolo de los soldados en Irak


Chuck Norris es un verdadero duro de Hollywood, especie de estereotipo de soldado y parapolicial que imparte justicia por mano propia en filmes de pocas palabras y mucha acción.

El actor visitó Irak varias veces y el año pasado fue nombrado 'marine' honorario por su vocación de entreteiner marcial. En los últimos tiempos, cobró notoriedad además por una serie de aforismos que se publican en un página web creada por sus admiradores: www.chucknorrisfacts.com . Estas “frases célebres” son recitadas por el personal militar y de apoyo afectado al frente iraquí.

“Si tú tienes cinco dólares y Chuck Norris tiene cinco dólares, él tiene más dinero que tú”.

“El teclado de la computadora de Chuck Norris no tiene la tecla ‘Control’. Chuck Norris siempre tiene el control”.

"No hay armas de destrucción masiva en Irak, Chuck Norris vive en Oklahoma."

“Apple le paga 99 centavos a Chuck Norris cada vez que él escucha una canción.

En una base de helicópteros militares norteamericanos en Bagdad hay un pequeño altar de cartón dedicado a Norris, y según los soldados hay comentarios alabando la masculinidad y virilidad del actor en las paredes de los baños por todo el país e incluso en el vecino Kuwait, señala la agencia Reuters.

"El camino más rápido al corazón de un hombre es el puño de Chuck Norris," quedó inscripto en el altar, que consiste en una foto firmada por el actor.

A Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou a sua Cidade Limpa

BLUE BUS:

Foi aprovado pela Câmara Municipal de Porto Alegre projeto que proibe publicidade em postes, passarelas, arvores, viadutos, canteiros, obras de arte, monumentos, praças, jardins, sinalizadores de pista, abrigos de onibus e pontes. A restriçao inclui muros e fachadas que sejam de propriedade do municipio e abrange também a propaganda eleitoral. O projeto é de autoria conjunta dos vereadores Margarete Moraes, do PT, e Haroldo de Souza, do PMDB. Há excessoes - eventos e campanhas de assistência social, de saude, programas do Governo e projetos de adoçao de praças, jardins etc.

domingo, 9 de março de 2008

Uribe e Bush, enfim sós

CARTA CAPITAL:

Luiz Antonio Cintra

Na madrugada do sábado, 1º de março – à 0h25, segundo o ministro da Defesa colombiano, Juan Manoel Santos –, o comandante Raúl Reyes e uma tropa de guerrilheiros das Farc pernoitavam na província equatoriana de Sucumbíos, a 2 quilômetros da fronteira, quando o acampamento foi arrasado por bombas Cluster lançadas por aviões Super Tucano da Força Aérea Colombiana. Segundo explicaram depois os colombianos, uma ligação telefônica de Reyes, por celular, foi interceptada pela CIA dez dias antes, dando sua localização aproximada e a posição exata do acampamento foi revelada por um informante, provavelmente subornado.

Em seguida, militares colombianos entraram no Equador em dois helicópteros para se apoderar do corpo do comandante e de pelo menos mais um dirigente guerrilheiro, além de computadores e documentos. Deixaram para trás 22 cadáveres e três guerrilheiras feridas por estilhaços de bombas, entre as quais uma estudante de Filosofia mexicana, depois encontrados pelo Exército equatoriano. Entre os mortos estavam Olga Marín, esposa de Reyes, e Julián Conrado, autor de canções de protesto e negociador das Farc.

Raúl Reyes, cujo nome verdadeiro era Luis Edgar Devia Silva, foi militante de esquerda, empregado e sindicalista na Nestlé colombiana até meados dos anos 70, quando vários companheiros foram assassinados, ele mesmo foi ameaçado e passou à guerrilha e à clandestinidade. Era membro do secretariado das Farc (órgão então composto de cinco integrantes, hoje de nove) desde o início dos anos 80.

Desde 1997, como principal negociador e porta-voz da guerrilha em conversações com os EUA, Bogotá e organismos internacionais, era tido como o líder mais importante depois de Manuel Marulanda, o Tiro Fijo (“Tiro Certo”), mas sua importância era mais política do que militar. Ao morrer, foi substituído por “Joaquín Gómez” (Milton Toncel Redondo), da ala militar.

Às 8 da manhã, o presidente equatoriano Rafael Correa foi interrompido durante a gravação de um programa pela ligação do seu par colombiano Álvaro Uribe, que o informou que suas unidades de elite haviam perseguido as Farc através da fronteira e involuntariamente invadiram o território equatoriano. Segundo o governo colombiano, Correa reagiu com tranqüilidade e pediu apenas que Uribe se desculpasse. Durante a manhã e a tarde, o ministro da Defesa colombiano divulgou uma versão sustentando que suas forças haviam sido atacadas do lado equatoriano e, “sem violar o espaço aéreo equatoriano”, realizaram o bombardeio que matou Reyes.

Antes do fim do dia, o governo do Equador investigou o local e ficou claro que os guerrilheiros haviam sido massacrados do ar enquanto dormiam. Foram divulgadas as fotos do estado em que foi deixado o acampamento e as evidências de que o ataque havia sido cuidadosamente planejado. O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, denunciou a violação do território do Equador e advertiu que uma ação similar em seu território levaria à guerra.

O presidente colombiano Álvaro Uribe pediu desculpas informais e seu chanceler, Fernando Araújo, anunciou indenizações aos cidadãos equatorianos que pudessem ter sido afetados. Mas, à noite, Correa convocou o embaixador na Colômbia “para consultas”, acusou o país vizinho de violar o direito internacional e seu presidente de lhe mentir abertamente sobre a operação.

Na manhã de domingo, o governo colombiano alegava ter agido em legítima defesa e expressava surpresa pelas “reações cambiantes” de Correa. Hugo Chávez chamou Uribe de “criminoso, mafioso, paramilitar e narcotraficante”, fez 1 minuto de silêncio em homenagem a Reyes, rompeu formalmente relações diplomáticas com Bogotá e enviou dez batalhões à fronteira.

Horas depois, o Equador, insatisfeito com as desculpas colombianas, também rompeu relações diplomáticas, enviou 3,6 mil soldados à província de fronteira, expulsou o embaixador colombiano e pediu reuniões de emergência da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da Comunidade Andina (CAN). O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, condenou a ação colombiana e chamou de irmão e companheiro o dirigente abatido, assinalando que era o homem designado pela guerrilha para trabalhar pela paz.

Uribe passou à ofensiva. O diretor da polícia colombiana, Oscar Naranjo, divulgou e-mails e atas supostamente encontrados em notebooks de Raúl Reyes, segundo as quais o guerrilheiro teria se entrevistado com o ministro da Segurança do Equador, Gustavo Larrea, o que mostraria interesse de Correa em oficializar relações com as Farc. Ainda segundo tais notas, os “gringos” pediam a Quito que transmitisse à guerrilha o interesse de conversar, porque o novo presidente será Barack Obama e “não apoiará o Plano Colômbia e o Tratado de Livre Comércio”.

A alegada documentação incluiria mensagem do líder Manuel Marulanda, na qual as Farc diziam-se dispostas a “aportar com nossos modestos conhecimentos a defesa da revolução bolivariana na Venezuela” e menção a uma negociação do ministro venezuelano da Justiça, Ramón Rodríguez Chacín, com as Farc que mencionava algo referido como “300”, interpretado por Naranjo como financiamento de 300 milhões de dólares à guerrilha. E alusão a um agradecimento de Chávez por uma ajuda de 50 mil dólares recebida das Farc em 1992 (quando estava preso) e uma promessa de, em troca, contribuir para a guerrilha com “uns estilingues velhinhos que ele tinha guardados por aí e sabia que ainda funcionavam” – sinônimo de fuzis no jargão “delinqüencial terrorista”, segundo Naranjo.

Para arrematar e convocar às armas os neocons de Washington, o general alegou haver encontrado também informação sobre o envio de drogas ao México e a compra de 700 quilos de cocaína e 50 quilos de urânio pelas Farc, por 1,5 milhão de dólares. Passando de agressora a vítima, Bogotá denunciou uma “aliança armada” entre as Farc e a Venezuela, apresentou a Colômbia como vítima de uma confabulação terrorista das Farc com os governos vizinhos e mesmo de uma iminente agressão com “bombas radioativas”.

Que o governo do Equador conversasse com Reyes é crível. Tem muito mais razões para isso do que a França, que tem feito o mesmo. Três negociadores franceses estavam na Colômbia, a 200 quilômetros do local do ataque, à espera de falar com Reyes – que tentava obter uma audiência com o próprio Sarkozy –, quando foram advertidos pelo governo de Uribe, a par da negociação, para não se aproximarem do ponto de encontro.

Na prática, a guerrilha controla a maior parte da fronteira entre os dois países – há algum tempo, o ministro da Defesa do Equador, Miguel Carvajal, declarara que seu país não se limita ao norte com a Colômbia e sim com as Farc. Segundo a Acnur, comissão de refugiados da ONU, o êxodo de colombianos para o Equador é uma das piores tragédias humanitárias nas Américas.

Desde sua posse, Rafael Correa negou-se (como os demais governos latino-americanos) a qualificar as Farc de terroristas e apoiou a proposta de Chávez de considerá-las uma força insurgente, com direito a diplomacia. Faz sentido que, como Chávez, Correa desejasse se prestigiar como mediador na troca de reféns e outras negociações com a guerrilha. De fato, ele declarou que o ataque colombiano frustrou a libertação de Ingrid Betancourt e outros 11 reféns que ia se concretizar em março, no território equatoriano. Daí a lhe atribuir apoio ativo às Farc vai uma grande distância. No ano passado, o Equador destruiu 47 acampamentos móveis da guerrilha em seu território.

As acusações de Naranjo soam pouco convincentes, principalmente depois que a Colômbia divulgou uma versão sobre a incursão que se mostrou mentirosa. Assim como papel, um disco rígido de computador aceita tudo, principalmente das mãos de serviços de inteligência treinados pela CIA (se não da própria). Dificilmente tais provas seriam aceitáveis em um tribunal ou para uma acusação pública, quanto mais em um contexto de agressão internacional. Mesmo que os arquivos fossem autênticos, podiam indicar apenas aquilo em que Reyes e a cúpula da guerrilha gostariam que seus liderados acreditassem.

Parece muito plausível que vários desses arquivos tenham sido forjados em retaliação à disposição do Equador de desmentir Uribe, bem como em resposta às ameaças venezuelanas e numa tentativa de erguer uma cortina de fumaça para disfarçar sua agressão, ante a reação negativa da maior parte do mundo. A história do urânio soa particularmente inverossímil. Um grupo guerrilheiro como as Farc não poderia se dar ao luxo de atrair uma condenação universal e arruinar sua reputação entre simpatizantes com o uso de armas radioativas.

Computador por computador, o ministro venezuelano Rodríguez alega ter registros, em máquina tomada a Wilber Varela, traficante colombiano morto em 31 de janeiro na Venezuela (e responsável por 70% da cocaína colombiana vendida nos EUA), de que o general Naranjo participa do narcotráfico e o ministro da Defesa colombiano foi subornado para nomeá-lo. Juan David Naranjo, irmão de Oscar, está preso na Alemanha desde 2006, depois de tentar vender 35 quilos de cocaína a policiais disfarçados.

Na segunda-feira 3, a presidente Michelle Bachelet, do Chile, condenou a ação colombiana em entrevista à tevê: “Não podemos estar de acordo com que não se respeitem as fronteiras e lamentamos que o Equador se tenha sentido agredido”. Advertiu sobre “a extrema delicadeza” do fato de “que se possa atravessá-las por qualquer objetivo, legítimo ou ilegítimo”. O paraguaio Nicanor Duarte e Evo Morales, da Bolívia, se manifestaram em termos semelhantes.

O Peru, apesar de condenar a intromissão de Chávez, posicionou-se ao lado da parte ofendida ao considerar que a incursão violou as normas internacionais e cobrar desculpas mais claras e enfáticas da Colômbia.

O Brasil, por meio do chanceler Celso Amorim, considerou “gravíssima” a violação territorial e cobrou da Colômbia um pedido de desculpas formal e sem condições, além de garantias de que não voltará a invadir o país vizinho. Rafael Correa inicialmente acrescentou, a essas duas condições, a exigência de que a Colômbia reconhecesse que os supostos arquivos do computador de Reyes são produto de uma montagem.

Brasília também se posicionou contra a mediação da União Européia, proposta pela Colômbia, e juntou-se ao Chile e à Argentina por uma reunião da OEA. Jorge Taiana, o chanceler argentino, rechaçou, em nome de seu governo, “qualquer forma de violação da soberania territorial, princípio inviolável do direito internacional”. Na América do Sul, a Colômbia ficou totalmente isolada, ainda que os vizinhos procurem também ignorar o belicismo de Chávez.

Não que os europeus estejam dispostos a elogiar Bogotá: o chanceler francês, Bernard Kouchner, lamentou a morte do negociador Reyes, o contato por meio do qual Paris esperava obter a libertação da franco-colombiana Ingrid Betancourt. O chanceler italiano, Massimo D’Alema, também se declarou perplexo e preocupado com a agressão colombiana.

Se a incursão “dividiu o mundo”, como disseram alguns jornais, foi em partes muito desiguais. O único governo a respaldar explicitamente a ação de Bogotá foi o de Washington – de cujos “planos genocidas”, segundo Fidel Castro, a incursão faria parte –, com apoio de Hillary Clinton, para a qual a Colômbia “tem todo o direito de se defender de organizações terroristas”. A doutrina da “guerra preventiva” de Bush júnior é compartilhada pela oposição, ainda que possam discordar nas minúcias de sua aplicação.

Na terça-feira, Uribe escalou a guerra de propaganda dizendo que denunciaria Hugo Chávez à Corte Penal Internacional para “explicar o presumido delito de financiamento de genocidas” e as Farc à Comissão de Desarmamento da ONU pela suposta intenção de adquirir urânio.

Para defender a posição equatoriana, Correa viajou ao Peru e Brasil (dia 4), Venezuela e Panamá (dias 5 e 6) e República Dominicana, onde levará a questão à cúpula presidencial do Grupo do Rio em Santo Domingo. Nessa reunião, marcada antes da crise, deveriam participar todos os chefes de Estado da América Latina, mas ficarão de fora os da Colômbia, Venezuela, Bolívia (às voltas com a disputa constitucional com a oposição) e Nicarágua.

Hugo Chávez fechou a fronteira venezuelana a caminhões colombianos, apesar de esses fornecerem grande parte dos alimentos importados por seu país. Se prosseguir o bloqueio, a Venezuela precisará de importações emergenciais, provavelmente do Brasil.

Na reunião da OEA, na terça-feira à tarde, Equador e Venezuela pediram a condenação da Colômbia e esta insistiu em defender a legitimidade do “ataque preventivo”, e não aceitar uma resolução que falasse em “condenação” ou “investigação” de suas ações. Depois de dois dias de discussão, chegou-se a um texto para reafirmar que não é aceitável violar fronteiras por “qualquer motivo e mesmo de maneira temporária”. Foi criada também uma comissão para examinar o local, que deverá subsidiar uma reunião de chanceleres em Washington, em 17 de março. Não se chegou a condenar explicitamente a Colômbia, mas ficou claro o seu isolamento e a rejeição da tese da legitimidade do “ataque preventivo”.

O governo colombiano quis se apoiar nas resoluções da ONU que respaldaram a ofensiva dos EUA no Afeganistão, em 2001. Um absurdo perante o Direito internacional, pois tais decisões autorizaram uma ação específica ante uma circunstância excepcional. Não liberaram governos para invadir países estrangeiros para combater o que quisessem rotular de terrorismo como e quando bem entendessem. Mas o discurso de Bogotá mostra a que ponto os precedentes abertos pelos EUA e por Israel desgastam as bases jurídicas de uma comunidade internacional organizada sobre princípios racionais.

Na Colômbia, segundo a interpretação do governo francês, diz o jornal argentino Página/12, houve um confronto entre uma linha negociadora, representada pelo Comissário para a Paz Luis Carlos Restrepo e a linha dura, constituída pelas Forças Armadas e de Segurança, que não admite solução política – muito menos mediada por Chávez e Correa – e defende a continuação da luta até a liquidação total da guerrilha. Com ajuda da CIA, sabotou a possibilidade de acordo ao matar o negociador das Farc.

Uribe, abalado por sucessivos escândalos sobre assassinatos de oposicionistas e as relações de seu governo com paramilitares e traficantes, apostou no aplauso da opinião pública colombiana, informada por jornais conservadores e ansiosa pelo fim da guerra civil, e no apoio dos EUA, que lhe permitiria ignorar os países vizinhos.

A Correa, ainda em processo de consolidar seu governo e obter da Assembléia Constituinte um resultado adequado a seus projetos, não interessava um conflito internacional, mas, ante a evidência de uma violação planejada de seu território, não pôde fechar os olhos.

A Chávez, que luta para liderar o continente e abafar suas próprias dissensões internas, convém demonstrar força e decisão e unir seu povo e aliados contra um inimigo externo, além de defender as negociações com as Farc e prevenir uma desmoralizante incursão em seu próprio território. Mas dificilmente lhe interessa chegar às vias de fato. A Venezuela possui mais armas pesadas, aviões de guerra e tanques, mas a Colômbia tem um Exército maior, afiado por décadas de guerra civil. O desfecho de um conflito aberto seria duvidoso. Tanto poderia favorecer as Farc quanto dar aos EUA o pretexto para intervir a favor de Uribe e dos interesses eleitorais republicanos.

Mas se os ataques de Hugo Chávez, enquanto se limitarem a insultos verbais, são indesejáveis e condenáveis, a ação violenta de Bogotá é ilegal e indefensável. Na ausência de guerra aberta, Uribe pode até ganhar prestígio interno a curto prazo, mas seu país perde no cenário internacional, ao passo que a guerrilha conquista simpatias e oportunidades. Todos os países sul-americanos, sem exceção, condenaram a Colômbia, bem como a maioria dos países europeus interessados nas negociações.

Mesmo a conservadora Alemanha, de Angela Merkel, e os países latino-americanos mais próximos dos EUA, México, Guatemala, Costa Rica e El Salvador, abstiveram-se de apoiar a incursão colombiana. O próprio Felipe Calderón, presidente do México, deu razão ao Equador em conversa telefônica, segundo Correa. Quanto ao apoio dos EUA, não se sabe se continuará o mesmo após as próximas eleições, como os próprios oficiais colombianos parecem recear.

Espanto para este que batuca na Olivetti

Leio na coluna de Sonia Racy, no Estadão, que cinqüenta nomes “de peso da imprensa alternativa” reúnem-se sábado próximo no Maksoud Plaza, em São Paulo. Espanto para este que batuca na Olivetti. “Vão discutir uma forma de se articularem para montar plataforma única”. Espanto maior: eu estaria no meio da turma. A qual, a acreditar na senhora Racy, conta com presenças das mais respeitáveis. E amigas. Pela parte que me toca, é uma nota típica do mais tartufesco jornalismo nativo. Nada de surpresas, está claro. De todo modo, não sei desta reunião e tampouco não consigo imaginar o que seria essa “plataforma única”. Tenho também a dizer que não sou alternativo. Nos últimos 48 anos fui o jornalista que mais criou na imprensa brasileira. No próprio Estadão, a cuja sombra trabalhei com gosto, fui o primeiro diretor de redação da Edição de Esportes e do Jornal da Tarde. Talvez convenha à colunista social buscar a verdade factual antes de partir para a escrita.

Do Blog do Mino Carta.

Ex-namorada expõe vida do pai da Wikipedia

Após romper com namorada, Jimmy Wales tem dados expostos e é acusado de corrupção.

Juliano Barreto, da INFO

E este editor vive o seu momento "Quem". :)

TRE da Paraíba rejeita recurso e mantém cassação de Cássio Cunha Lima



O Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba rejeitou o recurso apresentado pelo vice-governador da Paraíba, José Lacerda Neto (DEM), e pelo superintendente do jornal estatal "A União", Itamar da Rocha Cândido, no processo a que respondem no tribunal por abuso de poder político ao utilizar irregularmente o diário. A decisão TRE foi durante a sessão de segunda-feira e mantém a cassação do governador Cássio Cunha Lima (PSDB) e de seu vice. O tucano continua no cargo por força de uma liminar concedida pelo Tribunal Superior Eleitoral. No dia 10 de dezembro de 2007, o TRE cassou pela segunda vez o mandato de Cunha Lima Nesse processo, ele é acusado de usar o jornal estatal "A União" para fazer promoção pessoal antes e durante a campanha de 2006.


Visto no Videversus.


Pesquisa surpreende Israel ao revelar que 64% apóiam negociações diretas com o Hamas


Pesquisa de opinião divulgada na quarta-feira (27/02) pelo jornal Haaretz revelou que a maioria dos israelenses apóiam negociações diretas entre o governo e o partido islâmico palestino Hamas, considerado terrorista por Israel.

De acordo com os números divulgados pelo Haaretz, 64% apóiam as negociações diretas com Hamas. Apenas 28% se posicionaram contrários, enquanto 8% não opinaram. Pesquisas anteriores indicavam que somente 30% dos israelenses apoiavam negociações.

“Os resultados são sem precedentes e revelam um amadurecimento do público israelense, que finalmente está chegando à conclusão de que a paz se faz com inimigos”, disse o analista do jornal Haaretz, Yossi Verter, à BBC.

A divisão por partidos políticos demonstrou que os que mais apóiam as negociações de paz são os simpatizantes do partido Trabalhista, com 72% de consentimento. 48% dos eleitores do partido de direita Likud apóiam a negociação. No partido de centro-direita Kadima, do primeiro ministro Ehud Olmert, o apoio é 55%.

Texto visto na Periferia do Império. Comentário: a pesquisa foi realizada antes do mais recente atentado contra estudantes israelenses.

Compare o poder militar dos países sul-americanos


Veja os números das Forças Armadas do Brasil, Venezuela, Colômbia e Equador. Embate diplomático entre países teve início após morte de número dois das Farc.

O infográfico do G1, contém informações interessantes.

Velório de estudantes assassinados paralisa Jerusalém

Milhares de pessoas participaram, nesta sexta feira, do velório de oito estudantes assassinados por um atirador palestino em um seminário de rabinos na quinta-feira.

Reportagem completa na BBC Brasil.

Tiroteio em escola religiosa de Jerusalém mata ao menos oito

Pelo menos oito pessoas morreram em um ataque terrorista realizado em um instituto de estudos do Talmude (livro sagrado dos judeus), em Jerusalém, no bairro de Kyriat Mosher. Essa é uma das maiores escolas religiosas da cidade.

Além das oito vítimas, o jornal israelense "Haaretz" diz que há nove pessoas feridas, três delas em estado grave. A informação contraria a declaração do responsável pelos serviços de emergência de Jerusalém disse à rádio do Exército israelense que havia pelo menos 35 feridos no local do ataque.

Texto completo no G1.

Frases da semana (a respeito da ocupação e do conflito na Fazenda Tarumã)

- “Delinqüente é tudo delinqüente”

Coronel Paulo Mendes Subcomandante geral da BM ao ser questionado se a força usada contra as mulheres campesinas é a mesma usada contra homens.


- “Seria muito pior se usássemos armas de verdade”

Coronel Lauro Binsfeld, comandante regional da BM justificando os ferimentos causados pelos seus comandados nas mulheres e crianças.


- “A Brigada Militar foi exemplar, agiu com vigor, dou nota 10 para eles”.

Governadora Yeda Crusius, avaliando a ação da BM na ação truculenta que resultou em mais de 60 mulheres feridas a balas e a estilhaços.


- “Ainda bem que temos uma policia forte para por fim a estas bagunças”

Fernando “fiteiro” Moura, titular do programa Conversas do fim do mundo na RCC-FM de Livramento.


- “Eu sou um profissional e vivo do meu trabalho há mais de 25 anos, semana passada minha luz foi cortada, quem paga minhas contas sou eu”.

Fotografo Duda Pinto, respondendo ao questionamento de um “coronel” amigo. Duda Pinto é autor de uma das melhores fotos feitas no conflito e que mostra os PMs apontando armas para mulheres campesinas e que rodou o mundo.


- “quero conclamar todas as mulheres e homens para esta reflexão, que não devemos nos acomodar na pobreza e miséria que a sociedade nos impõe. O que passei na prisão é inexpressivo se comparado à violência cotidiana que muitas mulheres sofrem no anonimato, urbanas e campesinas, seja em favelas, grotões ou mansões, mulheres que são vitimas de ofensas e violência de todo tipo e ordem, moral, física e psicológica”

Irma Ostrosky, líder da Via campesina que foi presa no conflito, logo após ser liberada em entrevista ao blog.



Origem: Blog do Gilmar da Rosa.


Latifúndio, eucaliptos e os excluídos da terra


Em decorrência do protesto das campesinas no eucaliptal da Stora Enso, muitas coisas foram faladas, vistas e debatidas. Muitas versões do ocorrido nesta região correram o país e o mundo, entretanto se faz imperativo ressaltar alguns aspectos aqui na campanha e fronteira do Rio Grande principalmente para quem não conhece estas bandas. Inicialmente é bom esclarecer que esta fazenda de eucaliptos da Stora Enzo fica no município de Rosário do Sul, e não sei qual foi à cabeça iluminada que decidiu trazer as manifestantes para Livramento que fica distante 80 km da referida fazenda. Aqui neste pampa, partindo de Livramento temos que rodar 100 km entre campos praticamente vazios (latifúndios) para chegar à cidade mais próxima. A fazenda que foi ocupada simbolicamente tem mais de 2 mil hectares e segundo a empresa emprega 120 pessoas (?), na época da criação de gado apenas 3 empregos eram gerados. Mesmo com estes números representantes dos latifúndios defendem ardorosamente as papeleiras. Para termos uma idéia clara do que estamos falando, observemos alguns números oficiais. Livramento tem uma área territorial de 7 mil km² e de acordo com dados do escritório regional da Emater, Livramento possuía em 2003 exatamente 3.218 propriedades rurais. Desse total, apenas 185 propriedades, ou seja, 5,7% delas ocupavam modestamente 54% da área total do município. Mais da metade do território santanense. Isso é o que se denomina conceitualmente de latifúndio, concentrador de terra e renda, fator de esvaziamento do meio rural, e entrave para um processo de desenvolvimento econômico. Aliás, não há um único lugar hegemonizado pela orientação política dessa burguesia agrária que não esteja atolado em uma crise econômica. O modelo faliu, e sobre as suas ruínas é preciso construir o novo que não é a monocultura do eucalipto. Por outro lado, temos 2.357 propriedades, que representam 73% delas, ocupando apenas 9,1% da área total do município. Portanto a maioria são pequenos e médios pecuaristas, alguns praticamente inviabilizados pelo tipo de uso que fazem da terra, esse público infelizmente está sob o guarda-chuva político e cultural do latifúndio. Aproveito para republicar parte de uma postagem que fiz sobre o tema em agosto ou setembro passado, pois é bom quando se fala de algo tão importante com fundamentação e números oficiais, em que pese que pouquíssimas ou quase nenhuma pessoa reflita sobre estes números que são absurdos desde sempre. Observem que 185 pessoas são proprietárias de mais da metade da cidade de Livramento, ou seja, 185 pessoas possuem mais de 3.500 km², Para se ter uma idéia do tamanho destas propriedades caberiam neste espaço 10 das 20 cidades mais ricas do Estado, ou centenas de municípios do norte e noroeste do Rio Grande onde predominam as pequenas propriedades e região mais desenvolvida, com mais alto IDH, com maior renda per capita e melhor distribuição de renda e geradora de milhares de empregos, seja através da agricultura e pecuária de pequeno porte seja na indústria. Difícil é ver pessoas e a “mídia” falando disso de forma imparcial, sem preconceito e sem viés ideológico. Reforma agrária é um daqueles temas invisíveis, como são invisíveis os seus protagonistas. Só aparece como caso de polícia, carregado de preconceito e de um viés ideológico fora do tempo, quando, na verdade, deveria ser tratada como ponto crítico entre aqueles, como a educação, que emperram a superação dos obstáculos para o verdadeiro desenvolvimento que a sociedade obviamente almeja. Esta proposta das papeleiras financiadoras da “governadora” que propõem como redenção da metade sul a plantação de eucaliptos além de acabar com o bioma pampa nada muda, aliás, no meu entendimento a única coisa que muda é a diversificação do latifúndio. Teremos o latifúndio dos eucaliptos que pretendem comprar mais de 100 mil Hectares por estas bandas e o dos grandes pecuaristas e suas vaquinhas. Nada contra os bichinhos, entretanto comparando os dois modelos de latifúndio, sabe o que muda do ponto de vista social amigo leitor? Nada. Absolutamente nada. Pois qualquer padaria, loja ou prestadores de serviços geram muito mais empregos do que uma propriedade rural de 5 ou 10 mil hectares. Imperativo dizer que comércio e serviços respondem por quase 80% de nosso PIB municipal, e que a prefeitura municipal continua sendo a maior empregadora na cidade. Indicadores cruéis de nossa decadência como sociedade. Triste sina.


Texto do blog do Gilmar da Rosa.