terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Carnaval no Rio: um enredo sobre corrupção e Dilma na escola de um bicheiro


Mas coube à Mocidade denunciar tudo isso que está acontecendo aí. Homens e mulheres de bem saíram bailando no Sambódromo para transformar a luta contra os moinhos num embate contra ladrões da pátria.
Um cara fantasiado de Quixote batalhava contra plataformas de petróleo (!?!) iluminadas sutilmente com a cor vermelha. De dentro delas saíam engravatados com valises cheias de dólares.
Um carro homenageou a ditadura. Num outro, Dom Quixote encontra ratos. Num outro, ainda, aparecem Guimarães Rosa, Euclides da Cunha e Ariano Suassuna (!?!).
Havia também um navio negreiro. Mas o melhor ficou para o final, com o carro “Lava Jato da Felicidade”, uma “esperança de um país melhor”, afirmam os autores. Num determinado momento, bailarinos sinistros com malas nas mãos fazem uma dança maluca com uma mulher num tailleur vermelho, todos misteriosamente sem cabeça.
Completando o quadro, um dançarino se apresentou com uma luva com um dedo a menos na mão esquerda. Gênio. O coreógrafo Jorge Teixeira diz que fez “uma representação do que mais incomoda hoje no país”.
Teixeira e seus colegas encontrariam matéria prima sobre banditismo em casa, mas isso exigiria coragem e menos indigência e malandragem.
O dono da Mocidade Independente — ou “presidente de honra” —, Rogério de Andrade, é um daqueles cidadãos que a imprensa carioca chama “contraventor”, um eufemismo maravilhoso que só o Rio explica.


Confira no Diário do Centro do Mundo.