sábado, 2 de fevereiro de 2008
Alegria, alegria
Vai trabalhar no Carnaval? Acredite: não é feriado nacional
No entanto, um argumento colocaria todo esse impasse por terra, embora não seja muito fácil de aceitar: acredite, não é feriado nacional. Nem na terça-feira, muito menos na segunda ou na quarta-feira de Cinzas.
Internet Robusta?
Como sabem os meus 3,5 leitores, a Internet nasceu de um projeto militar. Nos anos 60, muita gente estava desconfiada quanto à confiabilidade da rede de comunicações da AT&T no caso de um ataque nuclear, e um estudo foi comissionado para fazer um diagnóstico e propor alternativas. Foi aí que nasceu a idéia de transmissão de dados por pacotes, o protocolo IP e a Internet: a idéia básica é que, com um sistema altamente descentralizado, os pacotes podem fluir pela rede e chegar ao seu destinatário rapidamente, aproveitando os vários caminhos possíveis na rede, aumentando a robustez do sistema.
Ontem, uma âncora de navio rompeu dois cabos óticos no Mediterrâneo, próximo a Alexandria. Como resultado, boa parte do Oriente Médio e do sul da Ásia ficaram sem acesso à Internet. O Cairo sofreu um apagão geral, e o tráfego na Índia teve entre 50 a 60% de redução de capacidade. Segundo a Salon, trata-se de um cabo que vai de Alexandria, no Egito, até Palermo, Itália, ligando Europa e Oriente Médio.
O reparo pode demorar até dois dias, porque é preciso enviar navios, achar o cabo, suspendê-lo e consertá-lo, o que evidentemente não é como trocar uma lâmpada.
A reportagem lembre que em 2006 algo semelhante ocorreu na Ásia, quando um terremoto destruiu cabos submarinos próximos a Taiwan.
Justiça condena à prisão rapazes acusados de espancar doméstica
Os cinco rapazes acusados de espancar a empregada doméstica Sirlei Dias de Carvalho em um ponto de ônibus, no Rio, em junho de 2007, foram condenados ontem (31) pelo juiz Jorge Luiz Le Cocq D'Oliveira, da 38ª Vara Criminal do Rio. Cabe recurso.
Um deles foi condenado a cumprir pena em regime inicialmente fechado e os outros quatro, em regime inicialmente semi-aberto --posteriormente, todos poderão requerer progressão de regime, ou seja, do fechado para o semi-aberto e do semi-aberto para o aberto.
Texto completo na Folha Online.
Intriga e Batatinhas em Timor Leste
Confira o restante do texto no Sítio do Sérgio Léo.
Cartões corporativos e transparência
O governo federal decidiu mudar as regras para o uso dos cartões corporativos. Fez bem, pois de fato estavam ocorrendo abusos.
Há um aspecto desta questão, porém, que o público não está percebendo muito bem: saques de dinheiro vivo à parte, o uso do cartão corporativo ajuda o controle da sociedade sobre o gasto dos altos funcionários da burocracia federal. Sabemos que o ministro Orlando Silva passou o cartão em uma tapiocaria ou que a ministra Matilde gastou R$ 100 no bar Canto Madalena exatamente porque esses gastos estão sendo feitos por cartão de crédito. Ou seja, o cartão é um instrumento que favorece a transparência no trato da burocracia com o dinheiro público. Com o veto aos saques de dinheiro vivo, tal instrumento fica limitado exatamente ao que se imagina que ele deva servir, isto é, para que os funcionários públicos paguem suas despesas em situações de trabalho (almoços, viagens etc) de forma prática e ágil. Desta forma, cada centavo gasto pode ser verificado pela opinião pública.
É preciso deixar a hipocrisia de lado na questão dos gastos (e também dos salários) da burocracia estatal. Alguém já se interessou em saber como o governador José Serra (PSDB) e seus secretários gastam o dinheiro do contribuinte? Há alguma transparência na prestação de contas do governo paulista? Ou do governo de Minas, do também tucano Aécio Neves? Desde a sua gestão prefeitura, por exemplo, Serra tem arrumado maneiras nem sempre muito éticas de pagar melhor seus secretários e funcionários de alto escalão. Em geral, ele nomeia os secretários para vagas disponíveis em conselhos das poucas estatais que os tucanos ainda não venderam em São Paulo, fazendo com que cada um receba jetons e verbas extras pela representação nos tais conselhos.
Se Serra acha que os salários do funcionalismo estão baixos, especialmente os do primeiro escalão, deveria ter a coragem de comprar esta briga. Na Inglaterra, os salários dos funcionários públicos são comparados com os da iniciativa privada e ajustados periodicamente, para que não resultem discrepantes com o que se paga em média no mercado. O presidente do Brasil ganha hoje exatamente R$ 8.883,45, o que é um salário ridículo para as responsabilidades que o cargo apresenta. O mesmo raciocínio vale para os ministros e secretários de estado. Remunerar melhor a alta burocracia estatal não é apenas uma maneira de evitar a corrupção, mas uma questão de justiça, dada as qualificações exigidas para os altos cargos.
O texto continua no Blog Entrelinhas.
Enunciados Científicos a título de Ensaios, não dominação política
Departamentos de Biociências e Medicina da UFRGS e da PUCRS estão candidatando uma pesquisa sobre as possíveis causas da violência nas mentes de homicidas adolescentes. A pesquisa, diz-nos o célebre e sério pesquisador Ivan Izquierdo, é de amplo espectro, multi – ou trans, ou inter – disciplinar e terá como “grupo de controle” jovens voluntários não-apenados e jovens apenados, na FASE (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Estado), por homicídio. A pesquisa, segundo Zero Hora do dia 28 de janeiro deste ano, visa a “investigar os mais variados aspectos que possam explicar o que leva um jovem a se comportar de maneira violenta” (matéria de Marcelo Gonzatto). Izquierdo escreveu, dias antes, um breve texto no qual acusa de obscurantistas aqueles que se opuseram à pesquisa. Os opositores seriam psicólogos, representados pelo Conselho Federal de Psicologia e estariam acusando a hipótese – negada pelos professores de UFRGS e PUCRS – de que esse empreendimento tomasse o determinismo biológico como pressuposto para um determinismo social. As duas coisas que fundamentam a reação dos psicólogos, nesse embate, são 1) a análise genética de jovens homicidas e 2) a escolha de jovens da FASE, já condenados por homicídio.
Uma das dificuldades para entender essa briga é que o único procedimento investigativo até agora especificado é a análise genética. Outra, que o grupo escolhido seja da FASE. O fato de que só a investigação da genética dos jovens homicidas apenados seja especificada na pesquisa multidisciplinar deve justificação, sobretudo porque só geneticistas ou neurocientistas, como é o caso de Izquierdo, pronunciaram-se como parte do interesse puramente científico que estaria ameaçado pelos obscurantistas. Nenhum jurista, nenhum antropólogo, sociólogo ou economista disse algo, ainda, quanto aos procedimentos que serão adotados nas suas investigações que farão parte da pesquisa. Disso sobressai pelo menos a hipótese de que o aspecto genético esteja sendo privilegiado. E esse privilégio, supostamente apresentado nos embates via jornal, certamente deve ser demonstrado. Por que uma investigação genética desempenharia algum privilégio epistêmico no acesso às causas da violência? Em quê essa variante da premissa naturalista fundamenta seu manifesto – ainda que midiaticamente – privilégio sobre as outras áreas, ditas partes do mesmo empreendimento investigativo? Uma das dificuldades incontornáveis dessa variante do uso da premissa naturalista consiste, vejam bem, em que não é verdade que o seqüenciamento do genoma humano está completo, de sorte que, falando rigorosamente, sequer se pode estar reivindicando como variante da premissa naturalista, tout court – e pelo menos ainda – o procedimento estritamente genético da pesquisa.
A busca dessa demonstração é o que diferencia um epistemólogo de um cientista e também é o que marca a distinção da ciência frente aos interesses mundanos. Portanto, essa demonstração é todo o ponto que merece ser esclarecido, quanto à primeira dificuldade e, também, à segunda, relativa à escolha dos condenados já na FASE. Ocorre que essa demonstração parece obscurecida pela fé de que 1) a ciência vai nos salvar da violência e 2) a violência é um fenômeno individualmente determinável. É evidente que é assustador, dado o grau de violência das cidades brasileiras – ou latino-americanas, africanas, do Leste Europeu, enfim -, perceber que há muita gente a levar essas duas crenças a sério. E, como não bastasse, jogando-as para o barco retórico do esclarecimento. O professor de neurologia da PUCRS, Jaderson Costa da Costa afirmou (ZH, 28/01/2008) que “com o que se conhece até agora, a situação [da violência] não mudou”. É, isso aí: o problema da violência é da ordem do conhecimento, não da ação. É mais um problema da série dos que estão, conforme Foucault disse, no “difundir-se” da destruição, sob o título de ciência.
Tudo se passa como se o conhecimento ocupasse o lugar das preces e da compra de lugares ao céu. Sendo que, no lugar de salvação das almas, resta a salvação do corpo e da saúde, ainda que esta, a saúde, tenha a característica reguladora da realização impossível. Um incauto poderia perguntar: por que impossível? Porque sociedades não são celestiais e a ordem das ações não pertence ao universo mágico dos anjos, mesmo que eles assinem cheques e autografem livros como fossem cientistas. Essa transfiguração do conhecimento em prece religiosa é tão dogmática como a aversão da psicologia – que não sei onde reside, exatamente – às considerações de natureza genética, não só sobre a violência.
Parte do texto da Katarina Peixoto, no Palestina do Espetáculo Triunfante. Ela faz uma densa reflexão sobre a pesquisa citada acima. A conferir seus textos completos, com parte I, parte II, ...
Corte na CPMF dos outros é refresco...
Deu no Estadão:
“Impostos 157% maiores
Carga sobre paulistano fica 120% acima da inflação
Marcos Burghi, marcos.burghi@grupoestado.com.br
Cada morador da Capital pagou em média, no ano passado, o equivalente a R$ 1.918,95 em tributos municipais, como Imposto Predial Territorial Urbano(IPTU) e Imposto sobre Serviços(ISS), entre outros, um valor 157,91% maior que os R$ 744,02 registrados em 2000. Os dados são do Impostômetro, painel instalado na região central da Cidade, numa parceria da Associação Comercial do Estado com o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) que simula o quanto os contribuintes pagam aos cofres públicos de municípios, Estados e União em impostos, taxas e contribuições. No período, a inflação foi de 72%.“
E no resto do estado de São Paulo?
Bem, confira o resto no Hermenauta...
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Não há possibilidade de desenvolvimento sustentável
´Desenvolvimento Sustentável – Arrogância e Utopia´. O que quer dizer?
Significa que, mantidos o cinismo das formas de produção, crescimento populacional, aumento do consumo e políticas totalmente afastadas da relação ser humano-ambiente, não há a menor possibilidade de desenvolvimento sustentável, nem teoricamente. Esse termo é extremamente arrogante. O que precisamos é de ´Desenvolvimento de Sociedades Sustentáveis´. Essa história de ´salvar o planeta´ é bobagem. Primeiro porque o planeta não está em risco, segundo porque não teríamos condições de salvá-lo, nem ele precisa disso. O planeta sempre esquentou, passou por períodos de glaciação e vai continuar sua escalada. Daqui a 7,5 bilhões de anos, o sol apaga, congela. Ele tem seus próprios mecanismos de regulação.
Então a Terra não está em risco como se propaga?
O que está em risco é a sociedade humana, conceitos de bem-estar, democracia, respeito ao próximo, organização social. Isso está ameaçado porque tivemos uma educação que nos remete a sermos consumidores úteis e não a pensarmos a relação com o ambiente. Somente nos últimos tempos, com o aquecimento global, percebemos a necessidade de mudanças radicais em nosso estilo de vida.
E o aquecimento global?
A Universidade de Columbia publicou, em setembro, o índice de vulnerabilidade de 100 países. Lugares que estão mais em cima, como Finlândia, Islândia, Noruega e Dinamarca, estão menos vulneráveis. Mas o Japão, que é uma ilha, está em sexto lugar na lista. Por quê? Porque há mais de 15 anos eles investem em adaptações para se ajustar ao aquecimento global. A Holanda, que tem 57% de suas terras abaixo do nível do mar, está em 14º lugar. Países como Estados Unidos, Alemanha e França estão investindo nisso porque sabem o que pode acontecer nos próximos 10, 20, 50 e 100 anos. O Brasil está em 56º lugar em vulnerabilidade. Isso mostra que não temos alta governança.
Alta governança?
Isso mesmo. Quer dizer que, apesar de sermos o oitavo país mais rico do mundo, temos baixa capacidade de respostas. Isso acontece por diversos motivos, mas, principalmente, pela burocracia e corrupção. Temos tecnologia, cientistas brilhantes e o mapa de vulnerabilidade já está feito. Mas falta a parte seguinte, que são os planos de adaptação e mitigação. Estamos parados em relação a isso. Sabemos que terras boas vão virar semi-áridas e, depois, áridas. Sabemos que as regiões que mais vão sofrer no Brasil são Nordeste, Sul e Sudeste, pelas mudanças profundas no regime de águas. Fortaleza, por ser litoral e estar no Nordeste, está dentro da área de altíssima vulnerabilidade. Disponibilidade de água, perda de safras e migração precisam ser pensadas. Até 2050, quem está hoje com 10 anos de idade, vai passar sufoco, caso não haja planejamento agora. Não há necessidade de pânico, mas é preciso competência, envolvimento e seriedade.
Então o nosso fim pode ser adiado?
A destruição é inevitável. O que é evitável é apressar o processo para ficar mais tempo aqui e evoluir. Daqui a três bilhões de anos a Terra não vai mais reunir condições para que nossa espécie continue, pelo menos como é hoje. A evolução biológica não acompanha a evolução cultural. A cultural é muito mais rápida. Biologicamente levamos milhares e milhares de anos para incorporar adaptações, digamos, casuais, de uma mudança na composição química da atmosfera. E, se não tivermos mais 21% de oxigênio, mas 22%? Todos os seres humanos morrerão. Não há como se ajustar caso a mudança seja rápida. Biologicamente não teremos resposta. O grande fascínio da vida são os mistérios que nos cercam, a contemplação, a reflexão sobre esses mistérios. Infelizmente as políticas não têm tratam disso.
A conscientização pode minimizar os impactos?
Não acredito em grandes catástrofes ecológicas, mas muitas populações irão migrar passando fome, aliás, já está acontecendo. São 36 nações em guerra por causa de água, com recursos minados pela corrupção. O grande papel do movimento ecológico foi trazer a análise sistêmica, ver o todo, para que não se perca no tempo apenas ganhando dinheiro e comprando coisas. A indústria do entretenimento, por exemplo, mantém a pessoa presa diante da televisão, sem tempo para meditar, refletir ou buscar vida plena. As pessoas ficaram ocupadas em ganhar dinheiro e esse tipo de valor corrompeu demais, gerou valores perigosos. Ninguém poderia imaginar, há 20 anos, que alguém tivesse coragem de falsificar medicamentos para pessoas com câncer ou colocar soda cáustica em leite servido para idosos e crianças. Comportamentos dessa natureza são sintomas de afastamento da missão maior. Hoje, o grande desafio da educação é trabalhar valores, ética. Quando eu vejo educação ambiental centrada em coleta seletiva, despoluição, hortas, digo que é pouco. Temos que fazer isso e muito mais. Isso representa apenas 5% do problema.
É como ampliar a idéia de causa e efeito?
Exato. É preciso saber que são necessárias mudanças mais profundas que simplesmente proteção da camada de ozônio, economia de água ou energia elétrica. Claro que são fatores importantes, complementam elementos de gestão ambiental. Mas, o que se exige hoje, está muito além de separar e reciclar lixo. É preciso repensar o consumo. Há necessidade de recusar certas coisas. E isso não se faz de uma hora para outra. Estamos em processo evolucionário, no topo de mudanças e transformações que vão mexer com estilos de vida. As empresas, no início, incorporaram a questão ambiental forçadamente. Agora fazem porque dá lucro, quando elas economizam matéria-prima, quando melhoram o marketing ambiental. É preciso ter estados, empresas, pessoas que incorporem a necessidade de mudar a relação com o ambiente. Isso demora algumas décadas, mas acredito que estamos em bom caminho.
Para onde caminha a humanidade?
Vivemos um período fascinante. Talvez o mais exuberante da escalada humana na Terra. Porque estamos mudando paradigmas e o aquecimento global veio facilitar isso. Ganhamos esqueleto ósseo e corpo físico recheado de água e proteínas para vivermos a experiência humana por determinado período de tempo. Nossa experiência é para a evolução. Nosso papel é produzir transformações. Todo o universo está assim. Mas nosso equipamento sensorial é bruscamente atrapalhado pela religião e educação. Tem um pensador inglês que diz que o ser humano nasce ignorante, mas são necessários vários anos de educação para que ele se torne estúpido. A educação como está virou comércio e com baixíssimo potencial de preparar pessoas tolerantes, compreensivas, éticas, perceptivas, que tenham clareza do que vieram fazer aqui. Tudo embevecido pelo consumismo. A grande preocupação é reunir dinheiro para comprar coisas e pagar impostos. Depois envelhecem, entram em depressão e morrem. A vida é mais que isso e o tempo curto para vivermos essa experiência. É preciso aproveitar intensamente cada dia, minuto, segundo; ser consciente do próprio papel, dizer o que pensa, discordar elegantemente e contribuir.
O homem ainda tem a ilusão de ser o centro do Universo?
Temos um milhão de anos sobre a terra. Os gatos têm 35 milhões de anos; as lagartixas, 50 milhões; as samambaias, 400 milhões de anos. Imaginar que o planeta foi preparado para receber a espécie humana é arrogância e falta de percepção do que significa a vida na Terra. Somos apenas elo integrante da teia da vida que não deveria ser chamado planeta Terra, mas sim, planeta ´Vida´. Tudo aqui foi costurado, programado, concebido para abrigar vida. A vida no planeta é tão exuberante que, se um prédio ficar sem manutenção alguns anos, a vegetação toma conta. Você encontra uma flor emergindo no meio de um asfalto a 50º C. A Terra foi concebida para abrigar vida. Nós, seres humanos, somos, apenas, mais uma espécie. Fomos guinados a sermos a coisa mais importante do planeta por meio das religiões, erro que hoje elas próprias tentam consertar.
Erros que levarão tempo para serem reajustados?
O surgimento da nossa espécie, a partir do momento em que nos organizamos em sistemas urbanos, tornou nossa relação complexa. Agredimos muito, nos trancamos em paredes e achamos que, por meio de tecnologias, resolvemos tudo. É preciso perceber como as coisas funcionam. Não estamos isolados. Nosso corpo é formado por milhares de sistemas dentro de sistemas. Átomos que formam moléculas, células e tecidos; que formam o indivíduo humano, sociedades, populações, biota, ecossistema global, sistema solar, galáxia e cosmos. E, se regredir abaixo do átomo, tem os níveis de energia. Somos macro e micro ao mesmo tempo. Tanto religião quanto educação, enfiaram em nossas cabeças que somos indivíduos. Não! Somos elementos de um todo. Ao mesmo tempo pequenininhos e gigantescos. Não somos os donos da história. Temos, também, nossa importância cósmica. Não falamos mais em educação ambiental para pensar globalmente e agir localmente. É muito estreito. Tudo influencia o todo. Precisamos pensar cosmicamente e agir global e localmente.
NATERCIA ROCHA
Repórter
De novo: Relatório da Human Rights Watch critica impunidade no Brasil
A organização de direitos humanos Human Rights Watch apontou a impunidade como o principal problema referente ao abuso de direitos humanos no Brasil.
Em seu relatório anual sobre a violação de direitos humanos no mundo, divulgado nesta quinta-feira, a ONG diz que "apesar de o governo brasileiro ter feito esforços para tratar dos abusos de direitos humanos, raramente aponta os responsáveis".
"As violações aos direitos humanos raramente são investigadas", diz o documento.
"Em um esforço para remediar o problema, o governo brasileiro aprovou uma emenda constitucional em 2004 que torna delitos de direitos humanos em crimes federais".
"Isso permite que determinados casos de violações de direitos humanos sejam transferidos da esfera judicial estadual para a federal. Esta transferência, entretanto, só pode ocorrer se for solicitada pela procuradoria geral federal e acatada pelo Supremo Tribunal Federal. Até agora, não houve transferências desse tipo", diz o relatório.
O texto continua no G1.
Luís Nassif Desvenda a Veja
"O maior fenômeno de anti-jornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revista Veja. Gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico.
Para entender o que se passou com a revista nesse período, é necessário juntar um conjunto de peças.
O primeiro, são as mudanças estruturais que a mídia vem atravessando em todo mundo.
O segundo, a maneira como esses processos se refletiram na crise política brasileira e nas grandes disputas empresariais, a partir do advento dos banqueiros de negócio que sobem à cena política e econômica na última década..
A terceira, as características específicas da revista Veja, e as mudanças pelas quais passou nos últimos anos."
O trecho acima é o início de um longo dossiê do jornalista Luís Nassif, relatando o digamos, comportamento, da revista Veja nos anos recentes. É uma longa reportagem, que vale a pena conferir, na página do Luís Nassif.
Crise? Que crise? A da tapioca...
. Muito impressionado com a freqüência com que o PIG usa a palavra "crise", o Conversa Afiada pediu essa explicação a Giuliana Ragusa, professora de Língua e Literatura Grega da USP.
. O PIG usa a "crise" todo dia, toda hora (nos portais na internet) para designar qualquer evento que se possa transformar num instrumento para derrubar o Presidente Lula – já que não é outro o objetivo do PIG, senão, o golpe de Estado.
Nesta sua coluna, instrutiva e divertida, Paulo Henrique Amorim demonstra a eterna (re)construção da crise, pelo PIG, o Partido da Imprensa Golpista, com uma extensa cronologia. Confira no Conversa Afiada.
Neofalaciosos
Aguerridos defensores da diminuição, entre eles o deputado federal Nélson Proença (PPS) e o deputado estadual Berfran Rosado (PPS), parecem acreditar que "A atual dimensão limita investimentos em áreas de 197 municípios gaúchos, já que estrangeiros e companhias de fora do país não podem adquirir terras nestes locais". Para Proença, inclusive, "a dimensão das perdas que os municípios compreendidos nesta área tiveram com a atual lei só poderá ser conhecida após a alteração", referindo-se aos municípios das empobrecidas metade sul e fronteira oeste gaúchas localizados na referida faixa.
Talvez Proença, antes de incensar um ainda projeto de investimento privado, devesse ler outros depoimentos sobre perdas, como um comentário no Fazendo Média, via Dialógico, do leitor Leandro Alves, sobre a ação da Aracruz no norte do Espírito Santo:
"Só se vê por todo lado, a triste, desabitada e agourenta floresta de eucalíptos, é assustador. Conversei com nativos da região e as falas são de pura revolta e indgnação pelas terras perdidas, desemprego, miséria, fome e a total depredaçao do meio ambiente".
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Bem, mas o que de fato está por detrás de tais desprendidas motivações, afora a discutível tese de que efetivamente tal projeto possa trazer desenvolvimento para a metade sul gaúcha?
O ponto é que "O problema da faixa de fronteira ganhou força após o ingresso da sueco-finlandesa Stora Enso na Fronteira Oeste, em 2005. A indústria de celulose, que pretende instalar uma planta de mais de US$ 1 bilhão na região, previa adquirir 100 mil hectares no Rio Grande do Sul para fazer sua base florestal (...)
Por meio da Derflin, braço brasileiro da multinacional, foram comprados 46 mil hectares para o plantio de eucalipto, mas o processo foi interrompido após as dificuldades para registrar as terras no cartório, decorrentes da atual legislação. Pelo menos US$ 100 milhões em investimentos estão suspensos devido ao imbróglio jurídico" (Os grifos são meus).
Ou seja, uma multinacional tentou bancar a espertinha e se ralou, pois o processo de compra de terras por ela através de laranjas e de registro em cartório foi interrompido graças à legislação nacional, e não após as dificuldades para registrar as terras no cartório decorrentes da legislação nacional, como eufemiza ZH, uma vez que não é que seja difícil registrar terras nesse caso, mas sim que é impossível, desde que provada a relação de triangulação.
Mas que bom para ela que seus interesses no Brasil contam com a simpatia de deputados federais e estaduais, muito embora La Vieja acredite que se uma empresa brasileira tentasse passar a perna no estado finlandês ou sueco nenhum de seus deputados sairia em seu socorro ou defenderia qualquer de seus interesses.
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Por sua vez, José Antônio Alonso, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE-RS), não concorda nem com Proença e nem com Rosado.
Alonso teria dito, segundo ZH, que "a modificação pode até ajudar no desenvolvimento de algumas localidades, mas não será determinante na alteração do panorama geral da Metade Sul. A base do empobrecimento estaria em outros fatores, como estrutura fundiária e matriz produtiva pouco diversificada".
Ou seja, latifúndio e monocultura ou pecuária extensiva, como qualquer pessoa que tenha estudado minimamente a história econômica do RS sabe, e até mesmo alguns analfabetos.
Que pena que eles sejam inelegíveis.
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Finalizando, como La Vieja já havia dito ao comentar matéria veiculada em ZH por Lucia Ritzel, que viajou a São Paulo a fim de escrevê-la a convite da Aracruz e da Votorantim Celulose e Papel, é uma falácia se supor que a Aracruz, a Stora Enso e a Votorantim Celulose e Papel tenham projetos de desenvolvimento para a metade sul gaúcha. Empresas privadas só têm projetos de desenvolvimento para si próprias, e acidentalmente tais projetos podem ou não promover determinado ganho social. Empresas, como todo e qualquer almofadinha com MBA sabe, têm como objetivo final o lucro, e não os interesses das comunidades das quais exploram os recursos naturais.
O fato é que, escrevia La Vieja acerca do também falacioso comentário de Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa) entrevistada pela jornalista de ZH, segundo o qual "Os escandinavos deixaram de investir em seus países para investir no Brasil. Então, é nosso papel assegurar esses projeto",
"(...) está esgotada a capacidade de expansão territorial das papeleiras na escandinávia, e somente por isso, além dos preços da terra e da mão-de-obra, eles estão aqui, para não mencionar a peculiar simpatia que alguns novos jeitos de governar lhes devotam por conta do afrouxamento da legislação ambiental. E o fato dos escandinavos terem deixado 'de investir em seus países para investir no Brasil' não é condição suficiente, e sequer necessária, para que seja 'nosso papel assegurar esses projetos', pois mais essencial do que empresas multinacionais terem deixado de expandir suas matrizes seja lá por qual motivo é saber se realmente é do interesse e importante para o RS assegurá-los. Tais projetos é que precisam se submeter ao nosso crivo, e não o contrário. Eles é que podem não ser bons o suficiente para nossos interesses de desenvolvimento".
Também da Vieja Bruja, que, por sinal, gerou acalorada discussão.
Mau man
O objetivo de tal fundamental operação de inteligência era, segundo o secretário de Segurança do novo jeito de criminalizar problemas sociais, José Francisco Mallmann, além de procurar drogas e foragidos do sistema prisional, "revistar quem ameaça o cidadão".
Uau. Quase La Vieja sentiu a presença de Jack Bauer.
Tal operação, conclui-se de imediato, deve ter recolhido todos os pedintes, eufemismo às avessas de ZH para cidadãos, em flagrante delito, afinal de contas, segundo esse mesmo jornal, todos são contumazes praticantes do crime de extorsão.
Entretanto, e a adversativa é de La Vieja e particularmente nesse caso jamais de ZH, embora o erro no uso da crase o seja, "Até as 10h, ninguém havia sido preso".
Da Vieja Bruja.
Uma boa matéria que ninguém vai ler
Maior parte dos juros da dívida pública vai para 20 mil grupos familiares, revela Ipea
Cilene Figueredo
Brasília - O mercado financeiro está contribuindo para o enriquecimento de um seleto grupo de brasileiros. Segundo o estudo Os Ricos no Brasil, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 20 mil clãs familiares (grupos compostos por 50 membros de uma mesma família) apropriam-se de 70% dos juros que o governo paga aos detentores de títulos da dívida pública.
Apenas de janeiro a novembro do ano passado, o pagamento dos juros da dívida pública pelo setor público (composto por governo federal, estados, municípios e empresas estatais) consumiu R$ 147,3 bilhões. Em entrevista hoje (29) ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, afirmou que os ganhos no mercado financeiro provocam a transferência de renda para essa parcela da população.
De acordo com o estudo, isso ocorre porque o pagamento dos juros dos títulos da dívida, de forma geral, está atrelado à taxa básica de juros da economia, que está acima da inflação. Dessa forma, conforme o Ipea, há um ganho real dos clãs familiares e o aumento da arrecadação de tributos pelo governo, em última instância, vai para os credores da dívida.
Na opinião de Pochmann, seria interessante retirar esse lucro do mercado financeiro e inseri-lo no investimento produtivo. Segundo ele, isso pode ser feito por meio da redução da taxa de juros, construção de rodovias, construção de hospitais. Para ele, essas famílias teriam retorno financeiro semelhante se investisse o dinheiro no setor produtivo e em obras de infra-estrutura.
Do Blog Entrelinhas.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
FOGAÇA: UM DOS CINQÜENTA MELHORES PREFEITOS DO MUNDO
According to city residents from all continents, a great mayor must possess these qualities: good administrative abilities, able to provide safety and security and protect the environment, as well as having the ability to foster good relations between communities from different cultural, racial and social backgrounds. The World Mayor Project was first carried out in 2004. As in previous years, the 2008 contest again seeks out mayors who have the vision, passion and skills to make their cities amazing places in which to live and work - and visit. The World Mayor Project aims to show what outstanding mayors can achieve, and thus raise their profiles. It honours those who have both served their communities well and contributed to the well being of cities nationally and internationally. The most outstanding mayor of 2008 will be presented with the World Mayor Award.
Based on the number of nominations and the persuasiveness of supporting statements, City Mayors, the organisers of the World Mayor project, has drawn up a list of 50 finalists. The list includes 11 mayors from Asia, 10 from North America and 11 from Latin America, 15 from Europe, as well as 3 from Africa.
Some of the finalists for this year’s World Mayor title are from the world’s best-known and largest cities, while others represent smaller communities. Most of this year’s finalists have been being short-listed for the first time. Under the World Mayor rules, winners and runner-ups from previous years were not eligible. They include John So, Lord Mayor of Melbourne (Australia), Job Cohen, Mayor of Amsterdam (Netherlands), Hazel McCallion, Mayor of Mississauga (Canada) and Edi Rama, Mayor of Tirana (Albania)
The 50 finalists of 2008
Names in blue have been profiled (click on link). More profiles will be added.
AFRICA
• Omar El Bahraoui, Mayor of Rabat, Morocco
• Helen Zille, Cape Town, South Africa
• Amos Masondo, Johannesburg, South Africa
NORTH AMERICA
• Stephen Mandel, Edmonton, Canada
• Sam Katz, Winnipeg, Canada
• Martin Chavez, Albuquerque, USA
• Michael B Coleman, Columbus, USA
• Mufi Hannemann, Honolulu, USA
• Antonio Villaraigosa, Los Angeles, USA
• Willie W Herenton, Memphis, USA
• Manny Diaz, Miami, USA
• Raymond Thomas Rybak, Minneapolis, USA
• Phil Gordon, Phoenix, USA
LATIN AMERICA
• Julio César Pereyra, Mayor of Florencio Varela, Argentina
• José Fogaça, Porto Alegre, Brazil
• Juan Contino Aslán, Havana, Cuba
• Jaime Nebot, Guayaquil, Ecuador
• Paco Moncayo, Quito, Ecuador
• Salvador Gandara, Villa Nueva, Guatemala
• Antonio Astiazaran, Guaymas, Mexico
• Ernesto Gandara, Hermosillo, Mexico
• Ricardo Ehrlich, Montevideo, Uruguay
• Juan Barreto, Caracas, Venezuela
• Leopoldo Eduardo López, Chacao, Venezuela
ASIA
• Han Zheng, Shanghai, China
• Zhang Guangning, Guangzhou, China
• C M Sheila Dikshit, Delhi, India
• Fauzi Bowo, Jakarta, Indonesia
• Mohammad Baqer Ghalibaf, Tehran, Iran
• Tadatoshi Akiba, Hiroshima, Japan
• Hiroshi Nakada, Yokohama, Japan
• Marides Fernando, Marikina City, Philippines
• Vladimir Gorodets, Novosibirsk, Russia
• Park Wan-soo, Changwon City, South Korea
• Kadir Topbas, Istanbul, Turkey
EUROPE
• Patrick Janssens, Antwerp, Belgium
• Boiko Borisov, Sofia, Bulgaria
• Eleni Mavrou, Nicosia, Cyprus
• Bertrand Delanoë, Paris, France
• Pierre Albertini, Rouen, France
• Jens Böhrnsen, Bremen, Germany
• Ulrich Maly, Nürnberg, Germany
• Wolfgang Schuster, Stuttgart, Germany
• Kyriakos Virvidakis, Chania, Greece
• Sergio Cofferati, Bologna, Italy
• Walter Veltroni, Rome, Italy
• Rafal Dutkiewicz, Wroclaw, Poland
• Rosa Aguilar, Cordoba, Spain
• Göran Johansson, Gothenburg, Sweden
• Elmar Ledergerber, Zurich, Switzerland
Adib Jatene discorre sobre a febre amarela e cita equívocos
Leia a íntegra:
FEBRE AMARELA
ADIB D. JATENE
NO PERÍODO em que estive à frente do Ministério da Saúde, tomei conhecimento da importância da relação entre dengue e febre amarela silvestre e o eventual risco da reurbanização desta última. Desde 1942, não ocorreu nenhum caso de febre amarela urbana. Entretanto, persiste, e é impossível eliminar, sua forma silvestre. É por essa razão que o Ministério da Saúde vem vacinando sistematicamente toda a população das áreas de risco, onde há ocorrência de casos humanos, adquiridos sempre nas áreas de mata. Já vacinamos, nos últimos 12 anos, mais de 60 milhões de pessoas.
Nas matas, existe alta concentração de mosquito transmissor e animais, principalmente macacos, portadores do vírus. Daí o risco de pessoas não vacinadas incursionarem em regiões com alta concentração de mosquito, onde alguns estão contaminados e, por isso, são capazes de transmitir a doença. Assinale-se que, nos últimos 12 anos, tivemos 349 casos confirmados, com 161 óbitos, todos adquiridos por pessoas não vacinadas que freqüentaram áreas de mata.
A incidência desses casos variou de ano a ano. Tivemos anos com apenas três casos, enquanto em outros, como 1999, 2000 e 2003, ocorreram, respectivamente, 76, 85 e 64 casos, com mortes de 29, 40 e 23 pacientes.
Por que com essas três centenas e meia de casos, em doze anos, não tivemos transmissão urbana, já que, nas cidades, existe o Aedes aegypti, transmissor da dengue e da febre amarela?
As razões são três: em primeiro lugar, o número de doentes com febre amarela silvestre no mesmo espaço urbano e ao mesmo tempo é muito pequeno, o que reduz significativamente a chance de infectar o mosquito Aedes aegypti; em segundo lugar, é preciso alta concentração de mosquito, ao redor de 40% de infestação, o que corresponde a 40 habitações em cada 100 com a presença do mosquito, segundo a OMS, para que seja possível a transmissão da febre amarela; e em terceiro lugar, porque temos altos índices de cobertura vacinal na área endêmica, portanto, sem susceptíveis em número suficiente para sustentar uma transmissão.
A concentração do Aedes aegypti nas cidades brasileiras onde ocorre a dengue não ultrapassa, em média, 5 domicílios infestados em cada 100, suficiente para transmitir a dengue devido ao número alto de doentes, mas absolutamente insuficiente para transmitir a febre amarela urbana. Os que retornam às cidades afetados pela febre amarela silvestre são hospitalizados e têm desenlace, seja para cura, seja para óbito, em prazo relativamente curto.
Não há, portanto, nenhuma razão para vacinar as pessoas que não residem em área endêmica nem pretendem adentrar a mata dessas áreas. Vi na televisão pessoas que sempre residiram na cidade de São Paulo e que não pretendem viajar desesperadas, em filas para se vacinarem, alegando que tinham direito*. Certamente não tinham necessidade e se expõem aos efeitos adversos de uma vacina com vírus vivo.
Nos últimos quatro anos, foram registrados pelo sistema de informação de efeitos adversos pós-vacinação 478 casos (muito mais que os 349 casos de febre amarela registrados em 12 anos), desde reações simples até exantemas generalizados, febre alta e, em dois casos, meningite.
Em relação à vacina contra a febre amarela, a Fiocruz é, praticamente, a única produtora em todo o mundo. Há só um outro laboratório privado no exterior, produzindo cerca de 5 milhões de doses por ano, enquanto a produção da Fiocruz é o dobro.
A corrida pela vacina por pessoas que não precisam dela **reduz sua disponibilidade para os que efetivamente têm necessidade. Diante da imunização da quase totalidade da população de áreas de risco, o que vem sendo feita há décadas, as recomendações do Ministério da Saúde são suficientes, ratificadas por especialistas e pela própria OMS, para garantir que o país não corre risco de reintrodução de febre amarela urbana, o que seria catastrófico.
Em um país em que freqüentemente se busca desmoralizar iniciativas governamentais, disseminando desconfiança na palavra oficial, que se preserve a seriedade com que são tratados assuntos como a febre amarela. Nunca é demais ressaltar a luta por recursos para o setor, seriamente afetada pela decisão -inegavelmente democrática, mas, sem dúvida, perversa- que permitiu retirar R$ 40 bilhões destinados a atender a população de baixa renda e entregá-los a empresas e parcelas da população mais bem aquinhoadas, causando sério risco ao esquema financeiro para o setor.
ADIB D. JATENE , 78, cardiologista, é professor emérito da Faculdade de Medicina da USP e diretor-geral do Hospital do Coração. Foi ministro da Saúde (governos Collor e FHC), secretário da Saúde do Estado de São Paulo (governo Maluf) e diretor do InCor.
LADRÕES DE RINS: LENDA URBANA CONFIRMADA NA ÍNDIA
LADRÕES DE RINS: LENDA URBANA CONFIRMADA NA ÍNDIA
Quem já ouviu falar daquela lenda urbana segundo a qual qualquer um de nós pode ser doador involuntário de órgãos? Aquela, que muda de acordo com a cidade. No Rio de Janeiro, os "assaltantes" usariam mulheres para atrair banhistas na praia. Uma vez no motel com aquele mulherão de outro planeta, você seria anestesiado e só ao acordar descobriria que perdeu um dos rins. Em São Paulo a lenda diz que o mesmo risco existe para quem é vítima do chamado boa noite cinderela, o golpe em que um sonífero é acrescentado clandestinamente ao seu copo de bebida, dando aos traficantes de órgãos a oportunidade de levar um de seus rins. Como vocês devem estar fartos de ler e escrever sobre política, achei que ia interessá-los o fato de que a lenda urbana se confirmou na Índia, como noticia com destaque hoje o New York Times. A polícia desfez uma quadrilha q... Leia aqui o restante da matéria!
Também há uma ampla reportagem sobre o mesmo assunto, no G1.
Alerta Amarelo
ALERTA AMARELO: ANTES QUE JOGUEM A CULPA NA VACINA BRASILEIRA...
WASHINGTON - Se eu conheço bem a mídia brasileira, longe de se desculpar por ter errado e incentivado os brasileiros - todos os brasileiros - a se vacinar, vai haver uma tentativa de culpar o governo federal TAMBÉM pelos casos em que houve reação à vacina. Há mais gente internada hoje por reações adversas do que sob suspeita de febre amarela. Eu insisto neste assunto porque é inacreditável, em minha opinião, que a grande mídia brasileira não tenha escrúpulos para fazer uma cobertura EQUILIBRADA, que coloque os interesses do público acima dos interesses político-partidários. Não estou absolvendo o governo Lula, nem o Ministério da Saúde antecipadamente por erros que eventualmente tenham sido cometidos. É só ouvir a entrevista do dr. Granato, da UNIFESP, que está na Rádio Viomundo. Tomar ou não a vacina depe... Leia aqui o restante da matéria!
Do Vi o Mundo.
Nelson Jobim se reúne com presidente francês para acertar acordo estratégico
Nelson Jobim se reúne com presidente francês para acertar acordo estratégico
PARIS, 29 Jan 2008 (AFP) - O ministro brasileiro da Defesa, Nelson Jobim, conversou nesta terça-feira com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, sobre temas militares, de tecnologia e de relações entre empresas, que poderão culminar na assinatura de um acordo a ser divulgado em 12 de fevereiro.
O ministro Jobim disse levar uma mensagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que gostaria de ver um acordo estratégico entre os dois países sobre transferência de tecnologia. A França já mantém acordos semelhantes com Índia e China.
Caso este acordo seja assinado, os termos serão divulgados em 12 de fevereiro próximo na Guiana Francesa, durante o deve acontecer neste país entre os presidentes Sarkozy e Lula.
Depois da reunião com Sarkozy, Jobim se encontrou com seu colega francês, Hervé Morin, com quem conversou sobre os detalhes desta troca de tecnologia que permitirá que o Brasil construir um submarino de propulsão nuclear e helicópteros Super Cougar.
O Brasil já possui a tecnologia necessária de propulsão nuclear para a construção de um submarino, mas a França poderia contribuir com o casco nos estaleiros navais DCN, sob controle estatal e através da empresa de eletrônica Thales.
O Brasil também está interessado na compra de submarinos do tipo convencional com propulsão a diesel e elétrica do tipo Scorpene, construídos pela DCN em Cherburgo.
A aquisição destes submarinos por um montante de 600 milhões de dólares já é negociada pelo Brasil através de um crédito de 20 anos.
Além disso, os brasileiros estudam também a possibilidade de compra de cerca de 30 aviões-caça supersônicos, que poderiam ser do tipo Rafale, construídos pelo grupo francês Dassault ou pelo russo Sukhoi. Em qualquer dos dois casos, a negociação significaria estabelecimentos de acordos para a transferência de tecnologia.
Notícia completa no G1. Submarinos nucleares, submarinos convencionais, helicópteros militares, caças super-sônicos... Já temos porta-aviões. Talvez ainda exercícios militares conjuntos na fronteira com o departamento ultramarino chamado Guiana Francesa, e uso de bases brasileiras por militares franceses, e treinamento de militares brasileiros segundo a técnica francesa. Fiquemos de olho para ver no que vai dar.
Pena de Morte Não!
Eu fico apavorado, nauseado, desanimado, paralisado, todos os "ado" que vocês conseguirem adicionar a esta lista, ao pensar em um sistema que deve produzir mortes humanas de forma industrial e humanitária. Isso é simplesmente uma ofensa a mim, ao senhor aqui ao lado, ao universo inteiro, em sua beleza e existência para o nosso bem. Quando os nazistas fizeram isso, foram chamados de nazistas, e eram. O que devemos chamar esta gente que insiste no mesmo conceito, com métodos levemente diferentes, em nossos tempos, em nosso mundo?
Eu, um ser nada cristão, me sinto profundamente ofendido com a idéia de que cristãos convictos se sintam confortáveis em um sistema tão profundamente anti-cristão. Me sinto ofendido com a existência de sádicos que usem a sua condição de médicos ou carrascos para matar outros seres humanos de maneira humana. Me sinto profundamente ofendido com tudo isso, como me sinto ofendido como ser humano ao ver os instrumentos que eram usados para manter os escravos na condição de escravos - e isto tudo há apenas pouco mais de cem anos, um nada na nossa existência como sociedade.
Trecho de texto de Marcelo Cunha, no Terra Magazine. O texto completo você encontra no Terra Magazine.
A (des)confiança na mídia
Telespectadores da edição de terça-feira (22/1) do Jornal da Globo e leitores do jornal O Globo (24 e 25/1) foram surpreendidos com a informação de que "brasileiros confiam mais na mídia" e que "o governo ficou em último lugar" (entre as instituições mais confiáveis), segundo pesquisa realizada por uma empresa de nome Edelman. Surpreendidos porque outros resultados divulgados recentemente indicam tendência exatamente oposta.
O que justificaria mudança tão repentina na opinião dos brasileiros?
Um estudo mundial sobre a credibilidade das instituições, contratado pela BBC, a Reuters e o The Media Center, realizado em março de 2006, revelou que, no Brasil, mais da metade dos entrevistados – ou 55% – declarou que não confiava nas informações obtidas através da mídia. Entre todos os países pesquisados, esse percentual era igual ao da Coréia do Sul e só não era maior do que o obtido na Alemanha (57%). Além disso, a pesquisa revelou que, comparativamente, o Brasil era o país onde os entrevistados estavam mais descontentes com a sua própria mídia: 80% disseram que a mídia exagera na cobertura das notícias ruins; 64% concordam que raramente encontram na grande mídia as informações que gostariam de obter; 45% não concordam que a cobertura da grande mídia seja acurada; e 44% declaram ter trocado de fonte de informação nos 12 meses anteriores por terem perdido a confiança [ver, neste Observatório, "Pesquisa revela a (des)confiança na mídia"].
Parte da elite
Por outro lado, além das sucessivas pesquisas de opinião realizadas pelos principais institutos brasileiros (Ibope, DataFolha, Sensus, Vox Populi) indicarem índices positivos de avaliação do governo, o LatinoBarômetro 2007 divulgado em novembro de 2007 mostrava que o presidente do Brasil foi o mais bem avaliado da América Latina (ver aqui).
Ao contrário, a notícia publicada no jornal O Globo (25/1, A-8), com o título "Brasileiros confiam mais na mídia" e subtítulo "Pesquisa mostra que imprensa tem credibilidade para 64%; governo, para 22%" afirma que:
"Pesquisa realizada pela multinacional de relações públicas Edelman mostrou que 64% dos brasileiros consideram a mídia a mais confiável das instituições. Conforme informou ontem a coluna Ancelmo Gois, no Globo, o governo é a instituição de menos credibilidade para os brasileiros – apenas 22% das pessoas ouvidas disseram ter confiança" [ver abaixo texto integral da matéria].
Um leitor atento, no entanto, que não se inclua entre os brasileiros entrevistados e não confie tanto assim na mídia, poderá, ele próprio, visitar o site da Edelman – a maior empresa de relações públicas do planeta, com sede em New York/Chicago e escritórios em 46 cidades de 23 países dos 5 continentes, inclusive São Paulo – e obter informações fundamentais que não encontrará na matéria de O Globo sobre a tal pesquisa.
O texto completo, de Venício Lima, está no Observatório da Imprensa.
Por que as FARC não abandonam a luta armada, fundam um partido e disputam eleições democráticas?
Porque elas já tentaram isso. Em 1984 firmaram uma trégua com o então presidente da Colômbia Belisario Betancourt. As FARC abandonaram as armas e se transformaram num partido político, União Patriótica (UP).
Resultado: o governo da Colômbia se aproveitou do fato e matou três mil militantes, oito congressistas, dois candidatos presidenciais, 11 prefeitos e 13 deputados regionais.
Você, meu arguto leitor, minha sagaz leitora, havia lido essas informações na nossa “grande imprensa democrática”?
Texto do Blog do Mello.
E este texto é parte do que o Mello cita. Faz parte do jornal argentino Página 12:
Pero mientras los políticos europeos se pliegan a la línea de Alvaro Uribe, algunos medios de comunicación han aprovechado la visita del colombiano para recordar que en Colombia no existen actualmente las condiciones de confianza para llegar a un diálogo fructífero con las organizaciones armadas. El diario El País, por ejemplo, recordaba en un extenso artículo publicado el pasado domingo que cuando las FARC firmaron una tregua en 1984 con el presidente Belisario Betancourt, que les permitió la creación de un partido político, la Unión Patriótica, todo se fue por la borda, ya que apenas los guerrilleros pasaron a la legalidad, “les mataron 3000 militantes, 8 congresistas, 2 candidatos presidenciales, 11 alcaldes y 13 diputados regionales”.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
Dois Pesos e Duas Medidas!!!
A mesma Globo que acoberta as "derrapadas" do Fernando Sarney, não é tão generosa assim quando se trata do também empresário do setor televisivo Edison Lobão Filho, mais conhecido como Edinho Lobão, presidente do Sistema Difusora de Comunicação, a segunda maior emissora do estado, e que retransmite o sinal da concorrente SBT.
Globo x Mirante, Uma Relação Promíscua
É impressionante como a toda-poderosa Rede Globo de Televisão é parcial quando seus interesses econômicos e financeiros estão em jogo.
Eugenia Reemgente - II
Outra questão, mais polêmica, seria sobre a possibilidade de se oferecer os suplementos a jovens considerados "passíveis" de cometer crimes antes que eles cometam a infração. Frances Crook, diretor da instituição Howard League for Penal Reform, que faz campanha pela reforma do sistema penal britânico, acredita que a alimentação tem um papel importante no comportamento criminoso.
Mas discorda da proposta por trás do estudo. "Está tudo errado. O que precisamos é de uma abordagem ampla: esses jovens precisam ser ensinados a comprar e cozinhar uma refeição nutritiva e, o que é crucial, a sentar e comê-la com outros", disse Crook.
"Uma sociedade que acredita que um jovem infrator pode ser curado por um comprimido que ele consome em sua cela na prisão junto com a batata frita precisa fazer uma reflexão séria. Tomar um comprimido não pode jamais ser a resposta".
O que vai acima é a parte final de um experimento de oferecer óleo de peixe a jovens infratores no Reino Unido, como forma de diminuir sua agressividade. Texto completo, da BBC Brasil, no Terra.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
Vôos da CIA para Guantánamo passaram por Portugal, diz ONG
Um relatório que será divulgado na segunda-feira pela ONG britânica Reprieve aponta Portugal como principal passagem dos vôos da CIA (agência de inteligência americana) para transportar acusados de terrorismo para a base de Guantánamo.
Segundo o relatório, dos 744 prisioneiros que chegaram ao centro de prisão americana, 728 teriam passado antes por Portugal.
O relatório apresenta uma lista com nomes de prisioneiros, local e a data de partida dos vôos. Os aviões teriam feito escala em dois aeroportos do arquipélago português dos Açores, Santa Maria e Lajes, localizados no meio do Atlântico Norte.
A base militar que os Estados Unidos operam em Lajes, na Ilha Terceira, é uma das principais bases aéreas americanas fora dos Estados Unidos.
Os vôos teriam começado em 2002 e o mais recente data de 7 de maio de 2006.
Clive Smith, diretor geral da Reprieve, afirmou ao jornal português Diário de Notícias que "nenhum dos prisioneiros poderia ter chegado a Portugal sem a cumplicidade portuguesa".
A divulgação do caso está provocando um escândalo político em Portugal. Os partidos da esquerda, os Comunistas e o Bloco de Esquerda, pedem a formação de uma investigação para apurar as denúncias.
O acordo entre Portugal e os Estados Unidos para a utilização da base das Lajes prevê que a passagem, pelo aeroporto, de pessoas que não sejam militares norte-americanos, precisa de autorização do governo português.
Os prisioneiros de guerra não são considerados pessoal militar.
Texto completo no G1. O tratamento que estão recebendo também não condiz com o que deve ser dado a prisioneiros de guerra, é bom dizer...
Justiça Transicional
O tema está tornando bastante estudado internacionalmente. O Banco de Dados montado pela Universidade de Winsconsin lista mais de dois mil trabalhos acadêmicos sobre justiça transicional.
E o Brasil? Por aqui, a transição da ditadura para a democracia foi negociada com base em anistia ampla e sem qualquer tipo de comissão da verdade. A idéia era esquecer e jogar sujeira para baixo do tapete. Contudo, há sinais interessantes de mudança, oriundos principalmente da pressão externa. Em 1995, os parentes dos guerrilheiros mortos no Araguaia apresentaram petição contra o governo brasileiro na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, parte da Organização dos Estados Americanos. A Comissão pediu informações às autoridades brasileiras e o caso se arrasta há longos anos. Basicamente, o governo alega que as leis de anistia (1979) e dos desaparecidos (1995) encerraram a questão, e que as Forças Armadas não possuem documentos sobre a repressão à guerrilha.
Confira o texto completo em Todos os Fogos o Fogo.
FHC: Engraçadinho e cara de pau
Primeiro, porque ele parece realmente achar que agiu muito bem nas crises que enfrentou, a despeito de ter entregue o país na bancarrota. Não bastasse esta demonstração de auto-suficiência e ausência de espírito crítico, Cardoso demonstra ter falta de compostura (se disser "semancol", os jovens não vão entender...) suficiente para, pasmem, advertir o presidente Lula sobre os riscos de um apagão energético nos próximos anos. De fato, até mesmo quando quer fazer graça, Cardoso se atrapalha. Seu texto termina assim: "agora é preciso, para dizer isso e dormir tranqüilo, pelo menos olhar para os gastos sem controle e dar maior seguimento aos esforços para evitar que, havendo escassez de chuvas (eu sei que Deus é lulista, mas mesmo assim...), a energia nos falte". Bem, que ele reconheça que Deus é petista (seria o Tinhoso tucano?), vá lá, mas recomendar ao atual presidente "dar maior seguimento os esforços" para evitar a crise energética é quase como dizer "faça o que eu digo, não o que eu faço". Se alguém é responsável pela crise de energia que o país (quase) vive, este alguém tem nome e sobrenome: Fernando Henrique Cardoso.
Notícia do Blog Entrelinhas.
"Tirania dos blogues"
VOCÊ FAZ PARTE DO BANDO QUE SUCUMBIU À "TIRANIA DOS BLOGS"?
Against the Machine, Contra a Máquina, é um livro recém-lançado nos Estados Unidos. O subtítulo é explicativo: "Sendo humano na idade do bando eletrônico". O autor, Lee Siegel, dedica 182 páginas a detonar a interação da internet, que ele define como precursora da "cultura pelas massas", ou seja, de um produção cultural de baixa qualidade promovida pela multidão. Ele acaba revelando apreço pelos jornalões como o New York Times, com sua autoridade conquistada pela confiança dos leitores. Ele diz que se a troca de informação promovida pela internet fosse de fato revolucionária, teríamos cidadãos comuns especializados em cirurgia do coração. Ele acredita que a ascensão da internet equivale "ao colapso da comunidade." Já que o assunto parece ter despertado o interesse dos leitores, ... Leia aqui o restante da matéria!
Ou seja, o texto continua no Vi o Mundo.
Metalúrgicos paralisam fábrica da Fras-le na Serra
Atualmente, o trabalhador integrava o conselho fiscal do sindicato, cargo amparado pela legislação trabalhista com a estabilidade de emprego. Mesmo assim, acabou sendo demitido. Além de ser ilegal, o vice-presidente do sindicato, Leandro Velho, denuncia que o desligamento do metalúrgico teria tido motivo político. A Fras-le atualmente passa por vistoria dos fiscais do trabalho por não pagar insalubridade a alguns funcionários da fábrica. Jorge, que integra o Conselho Municipal de Saúde, teria ajudado a denunciar as irregularidades.
"Aqui é uma empresa que trabalha com lonas de freio. E tem muitos problemas de produtos químicos na fábrica. E daí tem setores que eles pararam de pagar insalubridade. Os fiscais do trabalho fizeram uma vistoria no ano passado e acharam que, além da insalubridade, é um setor que necessita pagar periculosidade aos trabalhadores. Então estamos entrando com ações coletivas na Justiça contra a empresa", argumenta.
Na parte da tarde, sindicalistas e representantes da empresa tiveram uma audiência na 4ª Vara do Trabalho em Caxias. Os trabalhadores exigiam a readmissão do metalúrgico, mas a empresa não aceitou. O gerente de recursos humanos da Fras-le, Fernando Guerra, diz não reconhecer a estabilidade do emprego de Jorge. Para o gerente, é de direito da empresa decidir sobre quem emprega.
"Houve o desligamento de um funcionário que, segundo o sindicato é detentor de uma garantia de emprego, de estabilidade, e a empresa entende que não. A gente entende que é um ato administrativo nosso, como tantos outros, como tantos desligamentos de outras pessoas. Uma vida normal da empresa", diz.
No final da tarde os trabalhadores deixaram a fábrica, atendendo ao interdito proibitório dado pela Justiça. No entanto, os metalúrgicos afirmaram que devem realizar novas mobilizações e não descartam recorrer na Justiça.
A empresa Fras-le pertence ao grupo Randon e é a maior fabricante de lonas de freio no mundo.
Ricos, pobres e a CPMF
Por Mauro Santayana
Três fatos encerraram o ano: a votação insuficiente para a prorrogação da CPMF no Senado (faltaram quatro votos), o aumento da confiança do país em Lula, segundo o Ibope, e a revelação, pela Folha de S.Paulo, de que 20 milhões de brasileiros deixaram as classes E e D, migrando para a classe C.
Os grandes interesses financeiros e industriais de São Paulo se mobilizaram a fim de garantir a extinção do tributo. Embora a alíquota fosse de apenas 0,38%, a contribuição tinha efeito colateral indesejável aos ricos. Como incidia sobre todas as operações de transferência de dinheiro, o cruzamento das informações permitia a identificação dos sonegadores e dos fraudadores. Era mais fácil identificar os laranjas, freqüentemente usados para a lavagem de dinheiro sujo, e ficava mais difícil o uso de CPFs falsos.
Foi por estar em vigência a CPMF que a receita fiscal aumentou nos últimos anos. Não que só a CPMF pudesse amedrontar os fraudadores e sonegadores. Ela já estava em vigência, quando ocorreram escândalos financeiros espantosos, entre eles o do Banestado, no governo dos tucanos. O que amedrontou os criminosos foi a soma de dois fatores: de um lado, a possibilidade do rastreamento do dinheiro ilícito e, do outro, a decisão de combater a fraude. Assim, o povo brasileiro pôde assistir a elevados senhores serem algemados e levados, de camburão, para os presídios. A Polícia Federal invadiu templos de consumo dos milionários, como a Daslu, recolhendo documentos comprobatórios de fraude fiscal, contrabando e falsificação de documentos.
Sonegadores passaram a pagar regularmente seus impostos – embora alguns, mais atrevidos, permaneçam devedores. Outros, ainda, mediante manobras jurídicas e vários expedientes, empurram para o futuro o pagamento da dívida para com o Tesouro, à espera de providências que os beneficiem.
Por isso, os mal chamados “Democratas”, sob liderança de José Agripino (RN), foram, com Artur Virgílio (AM) e Tasso Jereissatti (CE), do PSDB, os mais intransigentes inimigos da CPMF. Sua origem ideológica se encontra em 1937, com a União Democrática Brasileira, criada pelo paulista Armando Salles de Oliveira, para combater Getúlio Vargas. Ela se transformaria mais tarde na União Democrática Nacional, de Carlos Lacerda e Magalhães Pinto. Foi essa UDN que, sob o comando de Lacerda, levou Vargas ao suicídio, em 1954, e os militares ao poder dez anos depois. Em seguida, com o nome de Arena, manteve submissão absoluta à ditadura. Com a pluralidade partidária, transformou-se em PDS, e mais tarde em PFL. Com a recente erosão da sigla, os pefelistas buscaram mais um novo nome: “Democratas”.
São os mais ferrenhos representantes das oligarquias nordestinas. Quase todos os seus líderes descendem de senhores de engenho, que têm governado seus estados com mão de ferro, submetendo o povo à miséria. Até agora, eles se conservavam no poder trocando votos por comida em tempo de eleições. O programa Bolsa Família e o ProUni, e melhor atenção à saúde, os condena irremediavelmente ao desaparecimento como grupo de mando. É por isso que usam de todas as manobras para sabotar o governo. A eles não importa que – conforme advertiu dona Zilda Arns – a mortalidade infantil volte a crescer e os idosos morram nas filas dos hospitais. Nem que portadores de HIV e enfermos de hepatite C e de hemofilia deixem de receber medicamentos.
Os 20 milhões de brasileiros que, nos últimos cinco anos, passaram a viver bem melhor do que antes foram beneficiados diretamente pela CPMF. E é exatamente isso – a redenção dos pobres – que os “Democratas” querem impedir. Quanto ao PSDB, sua posição se deve à influência direta do ex-presidente sobre a bancada, mediante Virgílio e Jereissatti. Sob mando do senhor Fernando Henrique e de seu acólito Geraldo Alckmin, o PSDB não tem lugar para Aécio, nem para Serra, e a cisão o condenará ao destino do PFL. No fundo, tanto o mineiro quanto o paulista estão hoje mais próximos de Lula do que da ala direita dos tucanos.
Mauro Santayana trabalhou nos principais jornais brasileiros desde 1954. Foi colaborador de Tancredo Neves e adido cultural do Brasil em Roma nos anos 80. É colunista do Jornal do Brasil e articulista de diversas publicações
O "Caso Requião" segundo o Vi o Mundo
REQUIÃO: "OS JORNALÕES TOMAM DE CERTA FORMA O PARTIDO DA CENSURA"
DEPOIS DA DECISÃO JUDICIAL, O GOVERNADOR APARECEU NO PROGRAMA ESCOLA DE GOVERNO, DA TV EDUCATIVA DO PARANÁ, SEM SOM E COM A TARJA DE CENSURADO, O QUE LHE VALEU MULTA DE 50 MIL REAIS. O GOVERNADOR TAMBÉM OFERECEU UM RECEITA DE OVO FRITO, NUMA TENTATIVA DE LEMBRAR O JORNAL O ESTADO DE SÃO PAULO QUE, SOB CENSURA DURANTE O REGIME MILITAR, PUBLICAVA RECEITAS DE BOLO E TRECHOS DE "OS LUSÍADAS", DE CAMÕES, NO ESPAÇO DOS TEXTOS CENSURADOS. WASHINGTON - O governador do Paraná, Roberto Requião, disse em entrevista a este site que pretende denunciar à Organização dos Estados Americanos (OEA) e às Nações Unidas que se considera "amordaçado" por uma decisão judicial que o impede de falar na TV Educativa do Paraná, através da qual, às terças-feiras, é transmitido o programa Escola de Governo. O governador classificou o despac... Leia aqui o restante da matéria!
A sentença do juiz, ou como diz o Azenha, a "justiça preventiva":
DESEMBARGADOR DECIDIU FAZER "JUSTIÇA PREVENTIVA"
Trata-se de agravo de instrumento lançado contra decisão monocrática que deferiu, parcialmente, pedido de antecipação de tutela, tirada de ação civil pública envolvendo as partes em epígrafe, objetivando a condenação dos Requeridos ao ressarcimento ao erário público do montante indevidamente gasto em razão do uso indevido da TV EDUCATIVA DO PARANÁ, para sua promoção pessoal e agressão aos desafetos do Agravado Roberto Requião, bem como determinada a condenação da perda da função pública do Agravado Marcos Antonio Batista, responsável pela Agravada Rádio e Televisão Educativa do Paraná, em razão do desvio de finalidade. Na referida ação civil pública foi postulado o pedido de antecipação de tutela contra a União, ANATEL e Roberto Requiã... Leia aqui o restante da matéria!