sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Um dia glorioso para a democracia

"Se a sociedade civil tivesse há mais tempo reagido, talvez Bolsonaro não tivesse ido tão longe", diz Tereza Cruvinel após os atos de 11 de agosto

Ato pela democracia na Faculdade de Direito da USP, São Paulo (Foto: Felipe Gonçalves/Brasil 247)

Por Tereza Cruvinel*

O 11 de agosto lavou a alma dos brasileiros cansados das ameaças e bravatas de Bolsonaro, da verborragia de militares contra o sistema eleitoral, da estupidez dos bolsonaristas que pedem AI-5 e ditadura. O ato na Faculdade de Direito da USP foi um culto ecumênico à democracia e em todos os estados os brasileiros disseram NÃO ao retrocesso, ao obscurantismo, às trevas que supúnhamos ter vencido.

Antes tarde do que muito tarde. Se a sociedade civil tivesse há mais tempo reagido, talvez Bolsonaro não tivesse ido tão longe. Alguns condescenderam dizendo que ele era apenas bravateiro, ou que não se devia esticar a corda, ou que ele mesmo se enforcaria com sua incompetência e ignorância. Outros pensaram, sem dizer, que uma reação grandiloquente acabaria favorecendo Lula.

Foi preciso que Bolsonaro traísse o próprio país difamando seu sistema eleitoral junto a embaixadores estrangeiros,  para justificar um possível "capitólio" em novembro. Foi preciso que os militares explicitassem sua aliança com Bolsonaro fustigando o TSE e se arvorando em fiscalizadores da eleição, embora a Constituição não lhes atribua qualquer papel nessa área.

Foi tarde mas não muito tarde, pois veio antes do mal ser consumado. Mas não pode a luta pela democracia parar no 11 de agosto. O dique de contenção terá que ser mantido até que a eleição aconteça, e até que o presidente eleito tome posse, jurando a Constituição sob a qual haverá de nos devolver à normalidade.

Os movimentos sociais planejam um agosto de lutas, com atos nos dias 18 e 20 de agosto e outro em 10 de setembro, depois da festa bolsonarista no dia da Independência. Não vamos nos misturar com eles. Os juristas, empresários e outras figuras do primeiro andar que muito contribuíram para os atos de ontem não podem também se desmobilizar.

Agora virão também as manifestações no exterior. No dia 13 acontecerá na Union Square o ato "Nova York em Luta pelo Brasil". Outros estão sendo programados na Europa.

A luta não está ganha mas agora de fato começou. Enterremos os restos da ditadura que permitiram a germinação do bolsonarismo e da extrema-direta, e permitiram que milhares de brasileiros fossem abduzidos para uma realidade paralela em que se acredita na força do demônio, na virtude das armas e no benefício do ódio. 

*Teresa Cruvinel é colunista/comentarista do Brasil247, fundadora e ex-presidente da EBC/TV Brasil, ex-colunista de O Globo, JB, Correio Braziliense, RedeTV e outros veículos. - Fonte: Brasil247

quinta-feira, 11 de agosto de 2022

ESTADO DE DIREITO SEMPRE - 11 de agosto de 2022: ameaças à democracia unem o Brasil em dia histórico

Brasileiros e brasileiras de diferentes segmentos e ideologias se uniram para fazer frente às novas ameaças ao Estado Democrático de Direito feitas por Jair Bolsonaro



Em 11 de agosto de 1827 foram criados os primeiros cursos superiores de Direito no Brasil. Também em um dia 11 de agosto, do ano de 1992, milhares saíram às ruas em São Paulo em uma passeata que deu início às mobilizações que culminaram no impeachment do ex-presidente Fernando Collor. A data também marca o Dia do Estudante.

Próximo a um dia 11 de agosto, mais precisamente em 8 de agosto de 1977, o jurista Goffredo da Silva Telles Júnior leu a “Carta aos Brasileiros”, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Tratava-se de um manifesto contra a ditadura militar e que marcou um ponto de inflexão na luta contra o autoritarismo dos anos de chumbo.

Não à toa que, diante de novas ameaças à democracia em 2022, encampadas pelo atual presidente Jair Bolsonaro (PL), o dia 11 de agosto foi escolhido para a leitura da “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”, elaborada pela Faculdade de Direito da USP.

O documento, que reúne mais de 900 mil assinaturas, foi lido na mesma Faculdade de Direito e reuniu uma multidão de juristas, estudantes, sindicalistas, empresários e políticos. Trata-se da mais ampla mobilização contra Bolsonaro desde o início de seu governo, em 2019.

Apesar de não citar nominalmente o presidente, a carta pela democracia foi elaborada para fazer frente às ameaças que o atual mandatário faz ao sistema eleitoral brasileiro, colocando em risco a realização das eleições e, por consequência, a soberania da escolha popular. Além da instituição em São Paulo, outras 35 universidades, em todo o país, realizaram atos para a leitura da carta.

“Ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições (...) Nossa consciência cívica é muito maior do que imaginam os adversários da democracia. Sabemos deixar ao lado divergências menores em prol de algo muito maior, a defesa da ordem democrática”, diz um trecho do manifesto, que foi lido, no ato da USP, por pelas professoras da instituição Eunice Aparecida de Jesus PrudenteMaria Paula Dallari BucciAna Elisa Bechara e pelo advogado Flávio Bierrenbach.

Além da carta elaborada pela Faculdade de Direito da USP, foi lido no mesmo evento o manifesto “Em Defesa da Democracia e da Justiça”, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e que teve adesão de 107 entidades. (...)

CLIQUE AQUI para ler [na íntegra] a postagem assinada pelo jornalista Ivan Longo no site da Revista Fórum.

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

O inverno do traidor (O poder é efêmero e a infâmia eterna)

 

Por Weiller Diniz* 

Os traidores são as criaturas mais vis da humanidade. Não têm escrúpulo, moral, vergonha ou dignidade, apenas ambições. Em geral são medíocres e, por isso, se prostituem por qualquer mísera paga e desprezam os valores da decência e da civilização para que suas insignificâncias adquiram relevância, ainda que efêmera. Na história é a cobiça que engatilha as estocadas traiçoeiras. Elas, invariavelmente, são responsáveis por cicatrizes institucionais permanentes, hemorragias democráticas duradouras, sangramentos civilizatórios e feridas profundas por várias gerações. Para o chanceler de Napoleão Bonaparte, o tortuoso Talleyrand-Périgord, que apunhalou o próprio imperador, “traição é uma questão de datas”. A traição é tradição e transborda de abjetas infidelidades. Judas Iscariotes encabeça a lista dos infames e é a tradução de deslealdade. O mais conhecido tartufo do mundo delatou Jesus Cristo aos soldados romanos em troca de 30 moedas. Atormentado, suicidou-se. Outro emblema secular da perfídia é Marco Júnio Bruto, Brutus. Ele se aliou ao general Caio Cássio para usurpar o poder e assassinar o imperador Júlio César. O discurso de Marco Antônio nas escadarias do Senado romano seccionou os apóstatas, eviscerou os dissimulados, expôs habilmente os reais inimigos do povo e, sobretudo, reabilitou César, vítima da emboscada fatal. Brutus suicidou-se dois anos depois.

O cortejo das falsidades na história é engrossado pelo marechal Phillipe Pétain, oficial francês que esfolou a própria pátria e se curvou a Adolfo Hitler para pisotear a França. Ele foi acusado de deportar 77 mil pessoas para os campos de extermínio. Seu legado foi a vergonha, a infâmia e, ao final, a condenação à morte, convertida depois em prisão perpétua. Heinrich Himmler, carniceiro da SS nazista, antevendo a queda ensaiou a falseta contra Adolf Hitler e negociou a rendição da Alemanha com os Aliados em troca de sua liberdade. Fracassou. Ele foi considerado criminoso de guerra. Preso, se matou. Na América do Sul maior símbolo da insídia é o ditador chileno Augusto Pinochet, ídolo de Bolsonaro. Em agosto de 1973, o presidente Salvador Allende indicou Pinochet para assumir o comando do Exército, um dos militares que considerava mais leais. Semanas depois, Pinochet chefiou uma quartelada internacional para derrubá-lo, bombardeou o Palácio La Moneda e implantou uma ditadura sanguinária. Pinochet ofereceu um avião para a fuga de Allende, mas a conspiração era mais cruel: atirar o presidente golpeado da aeronave.

No Brasil a face mais tenebrosa da impostura é Joaquim Silvério dos Reis, um coronel da cavalaria, reles delator, figura deletéria sacralizada pelos Torquemadas da operação Lava Jato, que também enganou a Nação e experimentou um triunfo temporário, obtido através da usurpação, ilicitudes e transgressões. Joaquim Silvério se tornou um dos traíras mais famosos do país. Para escapar das suas dívidas com a Coroa, ele entregou Joaquim José da Silva Xavier, Tiradentes, líder dos inconfidentes que acabou enforcado e esquartejado. Além das dívidas anistiadas, o alcagueta foi premiado com uma pensão vitalícia. Desnecessário sublinhar qual Joaquim é reverenciado e qual é amaldiçoado.

A nova face dessa impostura, da ganância pelo poder e dinheiro é Sérgio Moro. Esse caráter deformado traiu a Constituição, traiu a verdade, traiu a história, traiu o Judiciário, traiu procuradores, traiu o governo que serviu e traiu o partido que o acolheu. Sente agora o fio da lâmina fria da insídia em sua nova legenda, o União Brasil. A legenda escalou uma candidatura fake à presidência e favoreceu Lula, a cabeça guilhotinada por Moro nos cadafalsos traiçoeiros da Lava Jato.  (...)

CLIQUE AQUI para ler na íntegra.

LUIZ CARLOS PRESTES NO 'JÔ SOARES ONZE E MEIA' - Entrevista realizada em 1990

 

*Via Blog do Júlio Garcia

REATIVANDO O BLOGUE COLETIVO: CONVITE À L'ARMATA!!!!



BLOGO! BLOGO! BLOGO! LEONE! LEONE! LEONE!

Companheiros(as):

Creio que não sejam necessárias muitas explicações [e argumentos] para reafirmar a importância [e a oportunidade] de reativarmos este - já histórico! - Blogue Coletivo. O momento conjuntural vivenciado no país - e as próximas e decisivas eleições, em particular - já fala por si.

Fica aqui, portanto,  nosso modesto Convite para que o conjunto da L'Armata de Editores Independentes retomem suas contribuições neste espaço democrático de Resistência - e de Luta!

Júlio C. S. Garcia

Editor do Blogue 'O Boqueirão Online' e do 

'Blogue do Júlio Garcia'