quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Resolução da Comissão Executiva Nacional do PT

Por uma frente de resistência pela democracia e pelos direitos do povo


A candidatura de Fernando Haddad e Manuela D’Ávila, representantes da democracia e do projeto de desenvolvimento com inclusão social inaugurado no governo do ex-presidente Lula, recebeu a votação de mais de 47 milhões de eleitores. Elegemos a maior bancada na Câmara dos Deputados e uma das maiores representações nas Assembleias Legislativas, quatro governadores do PT e muitos de partidos aliados.
Agradecemos a todos os militantes do PT, do PCdoB, do PSB, do PROS, do PSOL, do PCO e de todos de outros partidos que votaram em Haddad em defesa da democracia e dos direitos do povo. Neste segundo turno, formou-se uma verdadeira frente democrática, em defesa do estado de direito e da civilização, ameaçados pela candidatura fascista de Jair Bolsonaro; uma frente que contribuiu para manter acesa a luta pelo progresso e pela justiça social.
O processo eleitoral foi marcado, desde o início, pela violência e pelo ódio político, a começar pela cassação da candidatura do ex-presidente Lula. A cúpula do Judiciário ignorou uma determinação da ONU sobre o direito de Lula ser candidato. E foi incapaz de conter a indústria de mentiras nas redes sociais financiadas pelo caixa 2 de Jair Bolsonaro. Pela primeira vez desde a redemocratização tivemos uma eleição sem debates no segundo turno.
Diante da sociedade brasileira e dos observadores internacionais, que testemunharam os desvios e violência desta campanha, a Justiça Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal têm o dever de investigar as ocorrências denunciadas pela população, pela imprensa e pelo PT na campanha de Jair Bolsonaro.
O PT e Fernando Haddad continuarão ao lado dos trabalhadores, do povo sofrido, da soberania do Brasil e da democracia, como sempre esteve há quase 40 anos. Vamos defender os movimentos sociais, como o MST e o MTST, e as pessoas que pensam ou são diferentes de Bolsonaro: os negros, os indígenas, o povo LGBTI. Contra a violência que já se mostrou por agressões e até assassinatos de quem se opôs à candidatura Bolsonaro.
Vamos resistir à reforma da Previdência que Michel Temer e Jair Bolsonaro querem fazer, contra os aposentados e os trabalhadores. Resistir à entrega do patrimônio nacional, das empresas estratégicas, das riquezas naturais do Brasil aos interesses estrangeiros. Vamos resistir à submissão do país aos Estados Unidos. Nossa bandeira é a do Brasil. Nunca beijaremos a bandeira dos Estados Unidos como fez Bolsonaro.
Vamos resistir à extinção do Ministério do Meio Ambiente e a todos os retrocessos que atingem a agriculturafamiliar, os direitos de negros e mulheres, a valorização da Cultura e dos direitos humanos
Diante das ameaças às organizações e à integridade física de quem defende a democracia, inclusive com um ataque organizado às universidades, vamos construir uma frente de resistência pelas liberdades democráticas, de organização e de expressão.
Vamos criar uma Rede Democrática de Proteção Solidária, com o lema “Você não está só”, reunindo advogados voluntários para reagir aos casos de violação dos direitos humanos e direitos civis, de violação às liberdades de organização, de imprensa e de expressão.
Vamos reforçar a campanha Lula Livre no Brasil e no exterior, não só para fazer justiça a quem foi condenado e preso arbitrariamente, mas porque esta campanha simboliza a defesa da liberdade, da democracia e dos direitos humanos.
Convocamos os diretórios regionais e municipais a se integrar com os movimentos sociais, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, organizando plenárias de articulação da resistência a partir de amanhã.
A eleição de um aventureiro fascista é fruto de uma campanha de ódio e de mentiras, que nos últimos anos manipulou o desespero e a insegurança da população.
Vamos resistir numa grande frente pela democracia e pelos direitos do povo.
São Paulo, 30 de outubro de 2018

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Um repasse pela história recente da Colômbia com o ex-presidente, investigado pela Corte Suprema por manipulação de testemunhas e vínculos com o para-militarismo, como protagonista.

JORGE ENRIQUE FORERO


17 DE OUTUBRO DE 2018
A conjuntura política colombiana está cheia de nós críticos. Mas entre todos eles, o das investigações da Corte Suprema contra o ex-presidente Álvaro Uribe por manipulação de testemunhas e vínculos com o paramilitarismo parece decisivo.
E agora que a menção das ligações entre o ex-presidente e os paras lhe tem valido duas denúncias por calúnia e injúria ao ex-candidato presidencial e senador Gustavo Petro, convém fazer um exercício de memória para recordar o que sabemos de tais vínculos, repassando assim este episódio da história recente de nosso país, tão maltratada por produções televisivas nacionais e internacionais.

Há que voltar então aos anos sessenta. Naquela época, missões militares dos EEUU promoveram na Colômbia a criação de grupos de autodefesa constituídos por civis, como estratégia para combater a subversão em zonas rurais.
A proposta realizou-se no decreto 3398 e a na lei 48 de 1968, que autorizava o exército a organizar patrulhas de civis, dotando-a com armas de uso privativo das forças militares. O que mudou a história do país de maneira radical foi que a implementação de tal decreto alguns anos mais tarde coincidiu com a crescente presença de narcotraficantes naquelas mesmas zonas. Grandes latifundiários, espantados ante a ameça de sequestro por parte das guerrilhas, decidiram vender suas fazendas aos narcos em troca de depósitos no exterior: uma forma popular de lavagem de ativos naquela época. Os capos, outrora tolerados pelo Estado e agora cada vez mais visíveis, tiveram então a possibilidade de constituir ali o que Gustavo Duncan chamou de "santuários rurais": espaços isolados do controle do Estado, onde exercem com tranquilidade suas atividades ilegais. Como extensivamente documento Carlos Medina Gallego, esta coincidência levou a que os grupos de autodefesa fossem rapidamente cooptados pelos recém chegados, gerando esse casamento entre narcotráfico e contra-insurgência que caracterizará os anos vindouros: o "modelo Porto Boyacá". A partir de então os recém chegados narco-paramilitares se expandiram ao longo em todo país, tendo uma ação fundamental no genocídio político da União Patriótica -UP-, o partido que surgiu das negociações de paz com as FARC na década de 1980.

Texto completo em  https://josejustino.blogspot.com/2018/10/de-uribes-narcos-e-paramilitares.html