domingo, 4 de novembro de 2007

O Nobel de Al Gore

O Nobel da Paz concedido a Al Gore e ao Painel Internacional sobre Mudança Climática (IPCC) me interessa mais pela transformação na maneira de se pensar os temas de segurança do que pelo impacto à carreira do político americano.

Durante muito tempo, a segurança internacional foi analisada academicamente pelo prisma do poder militar. O que ameaçava um Estado era a capacidade de um exército inimigo derrotar suas tropas no campo de batalha. O Comitê do Nobel dava o prêmio da paz a quem evitava/encerrava guerras (Teddy Roosevelt, Woodrow Wilson, Carlos Lamas, Ralph Bunche) ou a instituições internacionais que desenvolviam trabalho na área de ajuda humanitária em conflitos (Cruz Vermelha, Anistia Internacional, ACNUR, Missões de Paz da ONU, Médicos sem Fronteiras).

O enfoque começou a mudar no ano 2006, quando o Nobel da Paz foi concedido ao criador do programa de microcrédito em Bangladesh, o economista Muhammad Yunus. O Comitê descobriu o que a reflexão acadêmica afirmava há mais de uma década: a paz é multidimensional e tem componentes relacionados ao bem-estar econômico, à conservação do meio ambiente e até ao modo como a identidade cultural é cultivada em cada comunidade. Na Teoria de Relações Internacionais, a maior contribuição para esse prisma múltiplo veio da Escola de Copenhague, em especial dos excelentes livros de Barry Buzan.
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