Como se o solapamento das conversações mundiais da Rodada Doha da Organização Mundial de Comércio (OMC) não tivesse sido suficiente (a última reunião, realizada em Genebra, produziu, mal e mal, um resultado apenas passável, de raspão), os Estados Unidos potencializaram sua insensatez ao promover, vigorosamente, a Parceria Transpacífica (TPP, pelas iniciais em inglês). O presidente dos EUA, Barack Obama, anunciou-a ao lado de nove países asiáticos durante sua recente viagem à região.
A TPP está sendo vendida nos Estados Unidos a uma mídia obediente e a uma opinião pública imbuída de confiança como evidência da liderança americana na área de comércio. Mas o contrário é que é verdadeiro, e é relevante que os que atribuem importância ao sistema de comércio mundial saibam o que está acontecendo. É de se esperar que esse conhecimento desencadeie o que eu denomino de "Efeito Drácula": expor o que preferiria continuar escondido à luz do sol e que vai murchar e fenecer.
A TPP é uma prova da capacidade dos lobbies setoriais americanos, do Congresso e dos presidentes do país em confundir a política pública de governo. O entendimento predominante em amplos círculos atualmente é de que os acordos de livre comércio, sejam eles bilaterais ou multilaterais (entre mais de dois países, mas não entre todos) são erigidos sobre a base da discriminação. É por isso que os economistas normalmente os denominam acordos de comércio preferenciais. E é por isso que a máquina de relações públicas do governo dos Estados Unidos denomina "parceria" o que é, na verdade, um acordo de livre comércio multilateral discriminatório, invocando uma falsa aura de cooperação e espírito cosmopolita.
Este texto, do Valor Econômico, está disponível no "clipping" do Ministério do Planejamento.
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