terça-feira, 30 de outubro de 2018

Um repasse pela história recente da Colômbia com o ex-presidente, investigado pela Corte Suprema por manipulação de testemunhas e vínculos com o para-militarismo, como protagonista.

JORGE ENRIQUE FORERO


17 DE OUTUBRO DE 2018
A conjuntura política colombiana está cheia de nós críticos. Mas entre todos eles, o das investigações da Corte Suprema contra o ex-presidente Álvaro Uribe por manipulação de testemunhas e vínculos com o paramilitarismo parece decisivo.
E agora que a menção das ligações entre o ex-presidente e os paras lhe tem valido duas denúncias por calúnia e injúria ao ex-candidato presidencial e senador Gustavo Petro, convém fazer um exercício de memória para recordar o que sabemos de tais vínculos, repassando assim este episódio da história recente de nosso país, tão maltratada por produções televisivas nacionais e internacionais.

Há que voltar então aos anos sessenta. Naquela época, missões militares dos EEUU promoveram na Colômbia a criação de grupos de autodefesa constituídos por civis, como estratégia para combater a subversão em zonas rurais.
A proposta realizou-se no decreto 3398 e a na lei 48 de 1968, que autorizava o exército a organizar patrulhas de civis, dotando-a com armas de uso privativo das forças militares. O que mudou a história do país de maneira radical foi que a implementação de tal decreto alguns anos mais tarde coincidiu com a crescente presença de narcotraficantes naquelas mesmas zonas. Grandes latifundiários, espantados ante a ameça de sequestro por parte das guerrilhas, decidiram vender suas fazendas aos narcos em troca de depósitos no exterior: uma forma popular de lavagem de ativos naquela época. Os capos, outrora tolerados pelo Estado e agora cada vez mais visíveis, tiveram então a possibilidade de constituir ali o que Gustavo Duncan chamou de "santuários rurais": espaços isolados do controle do Estado, onde exercem com tranquilidade suas atividades ilegais. Como extensivamente documento Carlos Medina Gallego, esta coincidência levou a que os grupos de autodefesa fossem rapidamente cooptados pelos recém chegados, gerando esse casamento entre narcotráfico e contra-insurgência que caracterizará os anos vindouros: o "modelo Porto Boyacá". A partir de então os recém chegados narco-paramilitares se expandiram ao longo em todo país, tendo uma ação fundamental no genocídio político da União Patriótica -UP-, o partido que surgiu das negociações de paz com as FARC na década de 1980.

Texto completo em  https://josejustino.blogspot.com/2018/10/de-uribes-narcos-e-paramilitares.html

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