Não aconteceu no primeiro mês, tampouco no início do segundo: o noticiário tabloidesco não costuma me interessar muito, afora os casos aqui e ali em que uma mocinha atraente aparece mais alegrinha. Mas, nas últimas talvez duas semanas, me flagro lendo tudo o que sai sobre a menina inglesa desaparecida Madeleine McCann e seus pais, Kate e Gerry McCann.
É com um bocado de horror que li sobre a suspeita da polícia portuguesa de que Kate poderia ser a assassina. A reação inicial é de desconfiança: não pode estar certo. Mas a reação de outros tantos é: dado que a jovem Kate não demonstra desespero, que mãe é esta? A mim isto faz dela uma mulher forte, determinada. A outros, para que fosse convincente, teria de ser lacrimejante qual personagem de melodrama.
Cada qual com suas convenções dramáticas internas.
Porque tudo é uma ilusão, naturalmente. Só a polícia portuguesa conhece os indícios que tem. Especular com base na aparência dos pais ou nas migalhas de suspeitas que a imprensa obtém é especular a respeito do nada ou, pior, é especular com base em psicologia barata e sensacionalismo.
Tanto que, para o leitor atento, o que se viu inicialmente foi na verdade não uma corrida por mais informação – obrigação jornalística – e, sim, a ação preconceituosa e bairrista dos tablóides britânicos que motivou uma reação provinciana e defensiva dos jornais portugueses. No momento atual, o jogo já é outro. Também o jornalismo marrom inglês quer o sangue dos McCann.
Os fatos passam ao largo do circo que se armou, um equivalente real e nojento dum reality show.
Continue lendo no blog do Pedro Dória.
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