sábado, 25 de dezembro de 2010

Nasceu o rei dos miseráveis


Era filho de um explorado carpinteiro, pela mais-valia das portas e janelas, e da humilde e doméstica María.
Nascido em Belém, sob a sangrenta estrela de David e na aldeia mais esquecida do mundo num 25 de dezembro de um ano que agora chamam de zero.

Ali nasceu, em meio ao esterco do gado, entre pobres bestas de carga e num humilde e vulgar casebre nasceu o maior homem deste mundo.

Foi filho de um explorado carpinteiro, pela mais-valia das portas e janelas, e da humilde e doméstica Maria.

Cresceu vendo as misérias de seu povo e a tristeza dos judeus pisoteados pelo imperador romano. O rei dos judeus miseráveis, se voltou subversivo e planejou o destino contra Roma, não como uma revolta sem transcendência e de imolação, na qual morreram inutilmente muitos zelotes com coragem mas sem estratégias, senão como predizendo com a clareza dos processos históricos que os sistemas imperiais se reviram na lassitude pueril de suas contradições, até virar pó.

Foi capturado pelo sistema, torturado e assassinado injustamente na cruz, cravado nos pés e nas mãos, frente ao sol morreu o homem. Vendo a utopia azul em forma de nuvem que havia embasbacado a grandes religiões históricas que se embriagaram de céus e perderam o apoio do solo.

Abaixo o mundo caiu derrotado para sempre pela força dos onipresentes status quo.

Hoje se o recordam entre árvores e enfeites natalinos, e cada um se programa para ser bom, para dar migalhas, para vestir-se de um velho barbudo bobo que presenteia brinquedos e sorrisos com a ideia clara de que suas fábricas fazem as horas extras da rentabilidade desumana. Entre falsas luzes que parodiam o brilho das estrelas e entre compras suntuárias de consumo imediato, segue-se crucificando de novo ao maior homem de todos os tempos. Aquele que não deram de beber e nem de comer, nem o visitaram no cárcere quando se fez subversivo, nem o deram nem de viver e nem bem de morrer: Jesus o nazareno, o messías que anunciouas boas novas do socialismo pelos séculos dos séculos.

Allan McDonald


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