Ao contrário de Lugo, Collor não foi deposto. Renunciou. Lugo tinha
apoio popular, a tal ponto que um dos motivos para a pressa dos
golpistas era impedir a chegada de seus aliados a Assunção. É trágico:
para dar um golpe contra o povo, correram de populares.
As acusações contra Collor não foram histórias que cairam céu contra
um presidente fraco que, por falta de apoio parlamentar, foi despachado
para casa.
Collor enfrentou um processo democrático, onde teve direito a ampla defesa.
Não tivemos nada disso contra Lugo. Não há um fiapo de prova de suas
responsabilidades pelas 17 mortes num conflito agrária, que criou a
comoção que ajudou os golpistas a criar um ambiente favorável a
derrubá-lo.
Os outros quatro episódios são acusações vagas e genéricas. Em nenhum
deles a culpa de Lugo está demonstrada. Sequer é descrita. Estamos
falando aqui de um arranjo político, uma oportunidade. Lugo era um
presidente incômodo, com ideias de esquerda – bastante moderadas, por
sinal – e seus adversários não quiseram perder uma chance de livrar-se
dele.
É o poder oligárquico em sua expressão extrema, anti-democrática e
absoluta – tão poderoso que pode cumprir um simulacro de democracia para
pervertê-la.
Confira a coluna de Paulo Moreira Leite sobre o golpe no Paraguai.
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