sábado, 25 de fevereiro de 2017

Governo Temer em crise: contradições no campo golpista aumentam espaço para resistência

Temer golpistas 2
Por Julian Rodrigues, especial para o Viomundo*
“Nos filmes policiais é fácil você arrumar aventureiro para assaltar um banco, mas a coisa começa a esquentar quando você vai dividir o saque. É exatamente o que está acontecendo efetivamente. Você assalta a soberania popular, e na hora de dividir o saque acontece o conflito” Jessé de Souza, ex-presidente IPEA
No finalzinho do ano passado, escrevi aqui no Viomundo que havia a possibilidade de as classes dominantes se livrarem de Temer em 2017, avançando no processo golpista com eleições indiretas.
O clima mudou no início do ano. A Globo aliviou para o golpista. FHC mandou seus sinais de apoio. O PSDB ganhou mais espaço no governo, Moro impediu que Cunha “constrangesse” o presidente enquanto o Senado aprovou, sem piscar, a indicação do troglodita tucano Alexandre Moraes para o STF.
A articulação golpista envolveu muitos atores:
– a burguesia nacional, descontente com a melhoria das condições dos trabalhadores e com as políticas sociais;
– a mídia falida, Globo à frente, que vive de subsídios governamentais e juros altos
– setores do governo dos EUA e grandes empresas de petróleo, de olho no pré-sal, preocupadas com a política externa dos governos do PT;
– a classe média tradicional, que não melhorou de vida nos nossos governos e foi manipulada pela mídia por meio do discurso anti-corrupção.
Acontece que a desgraceira é muito grande. A política ultra-recessiva tocada por Meireles resultou em recorde de desemprego de 13%.
As empresas não investem, não há crédito, não há perspectiva de melhora. São milhões e milhões de brasileiros regredindo, voltando à situação de pobreza e miséria da qual haviam sido retirados na era Lula-Dilma. O país está parado , mal-humorado e sem esperança.
O governo golpista adotou uma estratégia de choque para implementar seu programa autoritário e neoliberal. Em poucos meses tem executado com sucesso uma agenda radical de mudanças regressivas.
São tantos e tão rápidos os ataques que ficamos perplexos e sem condições de organizar uma reação efetiva. Desmonte da Petrobras, congelamento dos gastos sociais, reforma do ensino médio, privatização das terras, das florestas, das águas, retirada dos direitos trabalhistas.
Até aqui o usurpador tem obtido sucesso e garantido sua permanência na presidência, entregando o pacote de maldades.
Só que a aliança golpista é ampla e heterogênea. Os interesses e objetivos da Globo, dos tucanos, da maioria picareta do Congresso, da Fiesp, dos banqueiros (e do Ministério Público, do STF, da Polícia Federal e da turminha da Lava-Jato) não necessariamente se sincronizam e convergem totalmente.
Há uma disputa em curso. Os coxinhas moralistas de Curitiba querem não só destruir mas também o PMDB e o centrão fisiológico. (São tucanos de coração). Sonham em ser um pilar poderoso do bloco que dirige o país no pós-golpe.
O STF idem. Sócio do golpe, os ministros do Supremo descartaram qualquer disfarce. Alinharam-se a Temer e buscam mais influência e poder. Disputam com o Congresso Nacional a condição de definidores dos destinos do país. Colocam-se como fiadores da presidência e de todo sistema político. (...)
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