quinta-feira, 5 de outubro de 2006

O muro

Poucos dias após a aprovação do Senado norte-americano da lei que autoriza práticas de tortura de prisioneiros e "terroristas", o presidente Bush institui mais uma medida em nome da segurança nacional. Acaba de ser autorizada a construção do muro de 1.200km para separar os EUA do vizinho México. Estima-se o valor da obra em até 8 bilhões de dólares.

Prática semelhante é empregada por Israel nos territórios palestinos. Carlos Latuff retrata bem o sentimento de um povo feito prisioneiro em sua própria terra. Os Estados Unidos da América estão prestes a reproduzir tal símbolo de segregação a um preço absurdo que poderia ser revertido em políticas que tratassem dos movimentos populacionais de maneira adequada, se outros (obscuros) interesses não permeassem a questão. Ignacio Ramonet aponta o campo "ecológico e social" como um dos três "tabuleiros de xadrez sobre os quais se joga o nosso futuro". Segundo ele, existe a "necessidade de novas regras internacionais (para lutar contra a injustiça da ordem mundial que alimenta as tensões internacionais, para gerenciar as migrações (...). E também o destino das populações da Terra (África, pandemias, miséria, desigualdades quanto ao acesso à Internet, grandes aglomerações, fome, educação, trabalho, catástrofes naturais), onde predominam pobreza, desordens, perigos e caos."

Ignorando a advertência de Ramonet, a decisão tomada foi pela construção de um dique com mais de mil quilômetros de puro concreto, equipado com radares ultra-modernos e câmaras infravermelhas, que certamente não conterá um oceano de problemas das mais variadas origens. A água vai começar a acumular, e quando este dique romper, mais uma vez, os Estados Unidos enfrentarão um problema ainda maior - por eles mesmos criado e alimentado.

Um comentário:

Cé S. disse...

Meu amigo, estou satisfeitíssimo por ver sua postagem por aqui! Blogo, blogo, blogo! Leone, leone, leone!

E a imagem do dique é muito boa. Sim, é isto mesmo o que vai acontecer se as coisas continuarem desse jeito. Um dia a bagaça estoura.