segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Rigotto e o Destino

A grande e indiscutível vencedora do primeiro turno das eleições para governador no RS é Yeda Crusius. É de se esperar que ela finalmente se retrate das observações racistas sobre Alceu Collares e deixe claro sua postura pessoal e política ante as diversas etnias que compõem o RS. E também que ela explique os planos do seu candidato a vice-governador para a educação, os quais - não está claro - parecem incluir o fechamento de escolas estaduais de ensino secundário.

O grande perdedor é o governador Germano Rigotto. E sua postura não está à altura do acontecimento, pois é ressentida, culpa o Destino.

Diz ele que fatos além do seu poder o impediram de governar bem. Trocando em miúdos, o acaso governou, ele nada pôde fazer.

É o mais lamentável discurso que um administrador pode apresentar. Se quem manda é o Destino nós precisamos de sorte, não de governador em um estado da federação. Mas, obviamente, quem manda no sentido relevante não é o acaso, e o que esperamos de um governador é que ele decida e atue de acordo com os fatos que a ele se apresentam ao invés de lamentar a carência de outros fatos mais bonitinhos.

O irônico nessa história é que Rigotto teria se comportado melhor se houvesse lido "Hegel e o Destino", um brilhante artigo acadêmico sobre ética escrito por João Carlos Brum Torres, seu secretário de Coordenação e Planejamento. A postura chorosa de Rigotto é uma exemplificação bem apropriada daquilo que Brum Torres retrata no seu artigo como ressentimento frente ao Destino.

Ironia da ironia, Rigotto se lamenta pelas más colheitas destinadas pelo acaso ao mesmo tempo em que contou, o tempo todo, com incríveis potenciais não explorados porque desconhecidos. Potenciais intelectuais como aqueles do seu secretário, potenciais econômicos como aqueles de um estado trabalhador como o RS.

Até o momento, e talvez por acaso, o RS ganha ao deixar de lado alguém que não está à altura dos acontecimentos. Ó Destino!

Um comentário:

iagê disse...

espero que o Destino não nos reserve algo até mesmo pior que Rigotto. Se um governo omisso já foi desastroso, imagine uma governadora ativa do perfil de Yeda.