Today in Iraq nos traz a foto (acima) do corpo de uma garota de 8 anos, morta em um bombardeio estadunidense, sendo preparado para o funeral.
Os estadunidenses e ingleses suficientemente sofisticados para racionalizar perdas como a vida dessa garota de 8 anos deveriam ser, da mesma forma, igualmente sofisticados para reconhecer que, na cultura ocidental, a dor dos pais e parentes da garota morta é da mesma natureza da dor daquela que os devotos tratam como mãe e virgem ao mesmo tempo.
No fundo do que há de melhor na cultura ocidental há, entre outras coisas, a figuração da dor dessa mãe-virgem. Seu filho, o próprio Deus encarnado, é cadáver nessa representação.
O próprio Deus, cadáver, morto pelos homens, no colo da sua virgem mãe.
Se mortes como a da garota da foto não dizem nada para estadunidenses e ingleses, só posso achar que aquilo pelo que eles lutam é algum tipo de barbárie estranha. Se, do ponto de vista deles, tal morte não lhes diz respeito, só posso concluir que eles vivem em um mundo moral muito distante daquele fundamental para a cultura cristã-européia.
Se nessa história toda há alguém ameaçando a civilização européia, certamente não são aqueles com o raro privilégio e triste azar, nos últimos tempos, de viver num dos berços da mesma, entre os rios Tigre e Eufrates.
2 comentários:
Oi, César
Agradeço, desde já, pela (pronta) resposta.
Mas o que eu queria te perguntar era o livro de onde saiu essa frase... Se tiver uma pista, valeu, hein!
Abração
Lendo teu comentário me lembrei de uma tira da Mafalda em que ela pergunta para mãe, ao ver um mendigo, de como colocar um Band-Aid no coração para aplacar o sentimento de dor. A pureza infantil da Mafalda nos remete a pensar em nossa própria humanidade. Ainda bem que existe quem se importe. Parabéns!
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