terça-feira, 3 de agosto de 2010

Software livre e Materialismo Histórico

Pablo Eduardo Romero
Ciudad Caracas

É importante aprofundar a discussão do software livre como uma forma de relação econômica diametralmente oposta a qualquer das concebidas no capitalismo.

Sua "filosofia", determinada pelas quatro liberdades, não é suficiente para inserir-se e triunfar em um complexo modelo economico orientado à acumulação do capital. É necessário visualizar a concepção materialista da história para entender que a aplicação de uma forma distinta de produção, baseada no intercambio de saberes, deve fundamentar-se em resolver uma necessidade material na sociedade. Uma vez estabelecida sua existência como um elemento pertencente à estrutura econômica da sociedade, se levantará a base real sobre a qual se apoiarão as superestruturas jurídicas e políticas que determinarão as formas de consciência social.

O primeiro êrro drástico é pensar que o software livre não gera nenhum custo. A informação e o conhecimento são recursos com valores de uso, que tem uma utilidade definida no trabalho material e mental, e excluir o software livre das relações economicas geraria a perda de sua interpretação como força produtiva. As utilidades relativas a este tipo de relação são essencialmente produzidas pela transferência de conhecimento.

Mas não se deve confundir-se com a nefasta transgressão que produziu o capitalismo com a geração de patentes que tentam converter o conhecimento em um bem de capital. A ação ativa de propagar o conhecimento na sociedade é que gera uma utilidade, não o conhecimento que se transmite. Este deve ser de livre acesso. O efeito desta atividade provoca a disseminação massiva dos saberes e propicia uma evolução tecnológica constante. Erradica a dependencia monopolista permitindo que a sociedade resolva suas necessidades escolhendo em suma diversidade de possibilidades, tecendo uma rede de força produtiva na estrutura economica social.

Como antecedente histórico extremo encontramos na extinta União Soviética o resultado negativo de uma forte estatização que, mediante o excessivo controle do conhecimento não permitiu o progresso tecnológico adequado. Apesar de contar com a metade dos engenheiros do mundo inteiro, estes estavam submetidos a fortes controles no acesso à informação. Por outro lado, o capitalismo praticamente privatizou o conhecimento e o confinou nas grandes multinacionais, tendo como resultados nefastos a dependencia e a submissão teconológica da maioria dos paises do mundo a uns poucos paises imperialistas.

pablo@ciudadccs.info.ve


Vejam em REBELION.ORG



Um comentário:

José Elesbán disse...

Eu pensei que o texto continuava no Rebelion... :(