A
entrevista do ministro Luiz Fux à Folha, neste fim de semana, avulta em
valor pedagógico naquilo que explicita, sendo desnecessário aplicar-se a
ela a lógica do domínio do fato', tão cara ao udenismo ao qual
engatou a sua a carreira. Trata-se de oportuna ilustração da abrangência
ecumênica do método alpinista que a indignação seletiva costuma
atribuir como traço biográfico exclusivo de personagens
lamentáveis acoplados à luta social e à esquerda. Na escalada ao topo, o
pretendente à suprema toga não hesitou em servir-se do repertório que
abrange do tráfico de influência à oferta de dotes autoatribuídos -- no
caso, a persona de um zagueiro do Direito, capaz de 'matar no peito'
processos de interesse de seus interlocutores, desde que escalado para o
time do STF, naturalmente. Ao avocar-se o talento um rompedor de
fronteiras que depois defenderia como pétreas, já travestido em
torquemada dos holofotes, Fux ombreia-se em credibilidade ao adorno
capilar postiço que arremata a sua figura. O conjunto sinaliza uma
trajetória cuidadosamente produzida ao preço de apliques que se
renovam ao sabor da conveniência e do interesse. Sugestivo dessa
versatilidade é o fato de ter se oferecido à Folha para contar um pedaço
do que fez, acenou e moveu até ser indicado à vaga que ocupa hoje no
STF. O que disse dispensa-nos do que não disse, sendo suficiente ao
descortino de uma ética líquida à beira do ralo do descrédito. Resta
saber se o streap-tease mudará a hipocria dos critérios midiáticos que
reservam ao campo da
esquerda o monopólio do oportunismo.
esquerda o monopólio do oportunismo.
(Carta Maior; 2ª feira/03/12/2012)
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