Enquanto o Congresso Nacional é submetido a um constrangimento diário
desde a eleição do deputado Marcos Feliciano (PSC-SP), pastor
evangélico de discurso homofóbico e racista, para o comando da Comissão
de Direitos Humanos da Câmara, um caso semelhante na forma, mas muito
mais grave no conteúdo, permanece escondido na Assembleia Legislativa de
Minas Gerais. Em 1º de fevereiro, o tucano Carlos Mosconi assumiu pela
quarta vez consecutiva a presidência da Comissão de Saúde do Parlamento
mineiro. Médico de formação, Mosconi é idealizador da MG Sul
Transplantes, ONG que servia de central clandestina de receptação e
distribuição de órgãos humanos em Poços de Caldas, no sul do estado.
Segundo uma investigação da Polícia Federal, Mosconi chegou a encomendar
um rim para o amigo de um prefeito da cidade mineira de Campanha.
Em 19 de fevereiro, o juiz Narciso Alvarenga de Castro, da 1ª Vara
Criminal de Poços de Caldas, condenou quatro médicos envolvidos no
esquema de compra e venda de órgãos humanos, a chamada “Máfia dos
Transplantes”. João Alberto Brandão, Celso Scafi, Cláudio Fernandes e
Alexandre Zincone, todos da Irmandade Santa Casa, eram ligados à MG Sul
Transplantes. Scafi era sócio de Mosconi em uma clínica da cidade. A ONG
era responsável pela organização de uma lista de pacientes particulares
que encomendavam e pagavam por órgãos retirados de pacientes ainda
vivos. A quadrilha realizava os transplantes na Santa Casa, o que
garantia, além do dinheiro tomado dos beneficiários da lista, recursos
do Sistema Único de Saúde (SUS) para o hospital.
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