Os povos do mundo inteiro estão insatisfeitos com a falta de sentido
de uma sociedade conduzida pela ganância e pelo hedonismo. Nesse clima
de angústia de muitos e da ansiedade geral, todos os pretextos servem
para a explosão das ruas: uma árvore na Turquia e o aumento de vinte
centavos nos transportes públicos no Brasil. Convocados pela internet,
os manifestantes se reúnem, aos milhares. Cada um deles tem a sua
árvore, a sua passagem de ônibus, as suas frustrações pessoais.
Que
muitos jovens, ricos ou pobres, se deixem levar pelo entusiasmo e não
controlem seus próprios impulsos, podemos entender. Mas não se pode
aceitar que a isso fossem levados pelos noticiários de televisão, como
qualquer pessoa com o mínimo de neurônios ativos podia claramente
perceber. Ou incitados por um programa de televisão, cuja apresentadora
ensinava a redigir cartazes “contra a corrupção”. Com tais estímulos,
foi impossível que os mais sensatos deles impedissem o início de
depredação do Itamaraty e o apedrejamento da Catedral de Brasília. Fatos
como esses também ocorreram em outras cidades brasileiras, entre elas
São Paulo e Rio. Só diante da força policial, parcelas enfurecidas de
manifestantes se renderam.
A quem interessa a radicalização? Não interessa ao povo trabalhador
deste país, que está conseguindo, pouco a pouco, cobrar da sociedade o
que é de seu direito: educação, respeito social e empregos. E, como é a
esperança, e não o desespero, que faz as revoluções, seria natural que o
povo exigisse mais, em busca de sua plena emancipação histórica.
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