segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Para servir e proteger



“Se como juiz federal fui ameaçado por três homens de farda preta com pistolas automáticas, algemado e jogado como um bandido na mala de um camburão, simplesmente por tê-los repreendido, de forma educada, como convém a qualquer pessoa de bem, o que aconteceria a um cidadão desprovido de autoridade e conhecimento dos seus direitos?”

Um flagrante da crônica policial durante o carnaval é a prova eloqüente de que a polícia do Rio de Janeiro não trai mesmo a origem. O policial com farda (militar) ou sem farda (civil) não se comporta como guardião da cidadania. Talvez não conheça esse conceito. Talvez o despreze. Essa, enfim, é a polícia que a sociedade brasileira criou, voltada originalmente para reprimir a população mais pobre. Tem esse sentido o texto escrito pelo juiz Roberto Schuman, 31 anos, da 2ª Região do Tribunal Regional Federal. É inspirado na experiência que ele viveu, na noite da segunda-feira de carnaval. Mesmo depois de se identificar, foi tratado por policiais civis como um marginal. Em seguida, algemado e empurrado para dentro de um camburão. “Confesso que saí do camburão me sentindo como um trapo, um lixo, em relação à minha cidadania e à minha condição funcional”, escreveu o juiz aos amigos. Ele mesmo encontrou a foto de um de seus algozes no site da Polícia Civil. Nela, o policial Cristiano Carvalho Veiga da Mouta recebe do chefe da Polícia Civil, Roberto Hallak, o diploma de conclusão de um curso de Operações Especiais. Os policiais, de ouvido em ouvido, contam outra versão. Mas o que o juiz narra é exatamente o que a população conhece. Não parece invenção e, muito menos, mera coincidência. Se isso ocorre com um magistrado, talvez só reste constatar: “Pobres dos pobres!” (Mauricio Dias)
Vale a pena ler a íntegra do depoimento do juiz Roberton Schuman, publicado na revista Carta Capital. Clique >aqui.

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