A Coreia do Sul, evidentemente, fez coisas que, a maioria das pessoas concorda, são importantes para o desenvolvimento econômico, como investimentos em infraestrutura de saúde e educação. Mas, além disso, praticou uma série de políticas hoje supostamente más para o desenvolvimento econômico: ampla utilização de política industrial seletiva, combinação de protecionismo com subsídios às exportações; duras regulamentações sobre investimentos estrangeiros diretos; ativa, ainda que não particularmente ampla, utilização de empresas estatais; frouxa proteção a patentes e outros direitos de propriedade intelectual; pesada regulamentação das atividades financeiras nacionais e internacionais em um país.
O G-7 foi sempre extremamente relutante ao recomendar essas políticas "heterodoxas" e insistiu que o pacote do Consenso de Washington - abertura, desregulamentação e privatização - era a receita certa para todos. Quando confrontados com o caso coreano, os defensores do Consenso de Washington tentaram descartá-lo, qualificando-o de exceção. Entretanto, a história das decolagens desenvolvimentistas na maioria dos países do G-7 - especialmente no Reino Unido, EUA, Alemanha, França e Japão - é, na verdade, muito mais próxima do modelo coreano do que qualquer coisa parecida com a agenda Consenso de Washington. As políticas "não ortodoxas" usadas pela Coreia e quase todos os outros atuais países ricos precisam ser seriamente consideradas em qualquer discussão inteligente e aberta sobre opções de desenvolvimento.
Texto do Valor Econômico, reproduzido no blog do Luís Nassif.
Um comentário:
Protecionistas de outrora pregam liberalismo.
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