segunda-feira, 2 de maio de 2011

Não há 1º de Maio em Washington

Marco A. Gandásegui, h.
Alai

O presidente panamenho, Ricardo Martinelli, entrou em 28 de abril na Casa Branca para reunir-se com o mandatário norte-americano, Barack Obama. Juntos aparentemente anunciaram que o Executivo dos EEUU enviara ao Congresso o projeto de Tratado de Livre Comércio (TLC/TPC). O ex-presidente Bush nunca o havia enviado porque um Congresso controlado pelo Partido Democrata o rechaçaria. Quando Obama chegou à presidência não enviou o tratado com o Panamá pelas mesmas razões. Agora que o Congresso está em mãos do Partido Republicano, o presidente democrata envia o projeto com a certeza de que será aprovado.

A festa organizada por Martinelli em Washington é única por parte de um presidente panamenho. Para organizar festas a comitiva tem fama bem merecida. O numeroso grupo - que viajou em vários aviões - inclui a maior parte de seu Conselho de Gabinete, uma boa parte da bancada oficial na Assembléia e numerosas delegações empresariais. O Tratado cede aos EEUU direitos para introduzir todas as suas linhas de exportação sem pagar impostos e, além disso, inclui cláusulas que submetem à supervisão de Washington o “centro financeiro”. (Esta “última” conquista norteamericana beneficiará os bancos de duvidosa reputação do sul da Flórida). O Panamá só se beneficiará, segundo se anunciou, com um incremento de uns 20 por cento de sua cota de exportação de açúcar.


Vejam o texto completo em REBELION.ORG (ou no espaço de comentários deste post)

3 comentários:

zejustino disse...

Abaixo, tradução livre do texto deste post:

"Não há 1º de Maio em Washington

Marco A. Gandásegui, h.
Alai


O presidente panamenho, Ricardo Martinelli, entrou em 28 de abril na Casa Branca para reunir-se com o mandatário norte-americano, Barack Obama. Juntos aparentemente anunciarão que o Executivo dos EEUU enviará ao Congresso o projeto de Tratado de Livre Comércio (TLC/TPC). O ex-presidente Bush nunca o havia enviado porque um Congresso controlado pelo Partido Democrata o rechaçaria. Quando Obama chegou à presidência não enviou o tratado com o Panamá pelas mesmas razões. Agora que o Congresso está em mãos do Partido Republicano, o presidente democrata envia o projeto com a certeza de que será aprovado.

A festa organizada por Martinelli em Washington é única por parte de um presidente panamenho. Para organizar festas a comitiva tem fama bem merecida. O numeroso grupo - que viajou em vários aviões - inclui a maior parte de seu Conselho de Gabinete, uma boa parte da bancada oficial na Assembléia e numerosas delegações empresariais. O Tratado cede aos EEUU direitos para introduzir todas as suas linhas de exportação sem pagar impostos e, além disso, inclui cláusulas que submetem à supervisão de Washington o “centro financeiro”. (Esta “última” conquista norteamericana beneficiará os bancos de duvidosa reputação do sul da Flórida). O Panamá só se beneficiará, segundo se anunciou, com um incremento de uns 20 por cento de sua cota de exportação de açúcar.

O Partido Democrata norteamericano se opunha ao Tratado pelo crescente abuso dos governos panamenhos frente aos direitos dos trabalhadores organizados do Panamá. O presidente Obama pôs todas as justas demandas trabalhistas de lado e se aliou à atual maioria republicana para enviar o projeto ao Congresso.

Obama pode dizer que pelo menos não lhe faltou o respeito ao 1º de Mayo, dia que os trabalhadores do mundo comemoram para relembrar o massacre protagonizado em 1886 pela polícia de Chicago contra uma multidão unida em protesto pelas violações dos direitos do povo. Depois do massacre os "notáveis" da cidade atribuiram a acusação de "terroristas" aos dirigentes sindicais. Acredita êle que não faltou com o respeito porque nos EEUU - lugar onde se deu a tragédia - a data foi apagada de sua história oficial.

O mundo do trabalho se detem no domingo 1º de mayo de 2011 para refletir sobre o futuro da humanidade sem perder de vista as batalhas do passado e o sacrifício de seus mártires. No Panamá faz apenas alguns meses dois operários das bananeiras foram assassinados cruelmente em Changuinola por forças repressivas do atual governo. Faz três anos, operários da construção civil na cidade de Colón foram baleados pela polícia do governo anterior ao atual. A história das lutas operárias no Panamá sempre foram inustas e desiguais.
(...)

Continua no próximo comentário.

zejustino disse...

Continuação do texto traduzido:

(...)Os trabalhadores da Ferrocarril Interoceánico em meados do sćulo XIX, sem sindicatos e com organizações precárias, foram perseguidos a sangue e fogo. Os operários que construiram o Canal do Panamá, no inicio do século XX, organizaram seus sindicatos mas estes não conseguiram evitar a morte e as humilhações dos trabalhadores no regime de “apartheid” sob as mãos dos administradores ianques. Em meados do século XX os trabalhadors das novas industrias urbanas e rurais lutaram para alcançar o respeito que mereciam mas igualmente eram perseguidos, encarcerados e mortos por uma polícia militar panamenha.

A história da classe operária panamenha é de luta e sacrifício. Atualmente, a política oficial pretende criar uma massa de trabalhadores "precários" submergidos no emprego informal. É o sistema que pretende desarticular e afogar aos trabalhadores e suas organizações. Os governos tem convertido o emprego informal como lei. O objetivo dos dirigentes governamentais é destruir os sindicatos para que os trabalhadores fiquem à mercê de seus empregadores.

Segundo um comunicado do Partido Alternativa Popular (PAP), “no caso particular do Panamá, a classe operária observa como o governo incrementa o orçamento nacional, produto do depósitos de atividades especulativas. ingresos de actividades especulativas. Entretanto, o incremento das riquezas só beneficia aos ricos e, ao mesmo tempo, aumenta a pobreza entre os trabalhadores.Na última década centenas de milhares de postos de trabalho foram encerrados e em seu lugar apareceram os chamados "informais, mal pagos e indecentes".

El PAP acrescenta que “a política especulativa dos proprietários panamenhos, que controlam todos os estímulos do governo, tem disparado os preços dos bens de primeira necessidade em uma espiral cujo fim não se conhece. O custo da “cesta básica”, que deve satisfazer as necessidades das famílias dos trabalhadores, tem ficado muito além do alcance dos panamenhos. O transporte público, o arroz, a carne, a casa, os medicamentos e os utensílios escolares sobem de preço enquanto que o salário dos trabalhadores tende a diminuir".

A política de segurança, retiradas dos manuais dos EEUU, equipara os trabalhadores aos narco-traficantes como se os operários fossem inimigos e os identificam como elementos perigosos para a segurança do Estado. "O investimento de milhões de dólares na compra de novos armamentos, no adestramento militar dos policiais, na construção de bases aero-navais em todo o país responde a uma política de contrôle das organizações operárias, em aliança com e financiado pelos EEUU.

Continua no próximo comentário.

zejustino disse...

Continuação e final do texto:

(...)A unidade de todos os trabalhadores é a senha que levanta o PAP. Há que "construir os pontos organizativos entre os panamenhos oprimidos da cidade e do campo". Além disso, faz referencia à situação da "juventude operária que é vítima da injustiça do sistema capitalista que a impede de alcançar trabalhos decentes. Essa mesma juventude que faz muito tempo tinha oportunidades de melhorar sua condição social mediante a educação, hoje é reprimida, obrigada a submeter-se ao crime organizado e enviada aos centros de detenção desumanos de onde são violados todos os direitos humanos. Os jovens que deveria estar nas escolas ou nos centros de produção são enviados para o cárcere.

Outra fonte próxima aos trabalhadores panamenhos, a Frente Panamá Soberana (FPS), diz que "as notícias que emanam do governo do presidente Martinelli assinalam que a situação ficará pior nos próximos três anos de governo, com o incremento sem contrôle do preço da cesta básica". Aponta a preocupante política do "governo que somente investem em atividades especulativas que não geram emprego e nem desenvolvimento. Em troca, os especuladores mais "ricos do país faz na realidade uma "Estratégia de Investimentos" que lhes repartirá 13 bilhões de dólares entre 2011 e 2014".

A Frente Panamá Soberana (FPS) faz um chamado à classe trabalhadora para promover a unidade entre os operários e todos os panamenhos. "Os triunfos do futuro, segundo a FPS, dependerão da unidade e do trabalho de todos".

Panamá, 28 de abril de 2011.

- Marco A. Gandásegui, hijo, es profesor de la Universidad de Panamá e investigador asociado del CELA"