Há
uma travessia em curso no pêndulo da crise mundial. Sua velocidade é
crescente . A esquerda brasileira, as forças progressistas e o próprio
governo devem apertar o passo para não se perderem na inútil batalha do
dia anterior. Vive-se um deslocamento de forças e percepções para fora
do centro de gravidade do conservadorismo mercadista. O discernimento
da sociedade já não cabe mais em velhos perímetros calcificados pela
ortodoxia. O campo conservador desidrata a ponto de regurgitar
expoentes e agendas do centro político. Editoriais e o colunismo da
chamada grande imprensa colidem diariamente com o seu próprio
noticiário. O dispositivo midiático demotucano apregoa aquilo que a
página seguinte evidencia ser a catástrofe em marcha na vida das nações.
Por mais que se desvirtue a realidade o efeito espelho percola a
formação das consciência, argui certezas e desacredita receitas. A
agenda que dobra a aposta na doutrina neoliberal perde legitimidade na
esteira de uma contradição insolúvel: as bases sociais mais amplas
beneficiadas por esse modelo estão agora sendo pisoteadas por ele. A
classe média europeia ou a norte-americana verga sob o peso brutal da
instabilidade que devora o lastro econômico e a sua contrapartida
subjetiva. A mudança é abrupta e truculenta. Se a esquerda não se
credenciar, a extrema direita só ocupará o vácuo pela violência, a
intolerância e a xenofobia. A 2ª feira foi particularmente pedagógica na
exposição dessa nova moldura. Nos EUA, o presidente Barack Obama --um
exemplo de centro expelido pelo estreitamento conservador- demarcou
seu campo na luta pela reeleição. E o fez afrontando o fiscalismo
suicida que ancora a doutrina do Estado mínimo.
Vejam o texto completo em CARTA MAIOR de 3ª feira,20/09/ 2011
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