Sobre o núcleo de personagens que simboliza os patrões, nada de novo: um artista plástico mediano e acomodado, herdeiro da fortuna de um avô; uma executiva de nariz empinado, ciosa de sua imagem pública junto aos pares; e um pós-adolescente comum, que parece ter mais sentimento pela empregada do que pela própria mãe, que fracassa no vestibular e cuja ação mais arrojada na vida até então é o ato transgressor e revolucionário de...estar começando a fumar maconha. A grande novidade mesmo de “Que horas ela volta?” é Jéssica. Afinal, o perfil um tanto esquemático, mas verdadeiro, de uma família de classe média alta em suas crises existenciais burguesas e o perfil de uma empregada doméstica resignada com o destino é o que sempre tivemos neste país, há décadas. Isso é o passado. Um passado que teima em continuar existindo. Jéssica não. Ela é o presente. Ela é a realidade de milhões de brasileiras e brasileiros que hoje querem uma vida melhor, mais digna e mais cidadã. O que “Que horas ela volta?” não consegue anunciar, como de resto não estamos conseguindo nenhum de nós, é o futuro. O país que virá por ai nos próximos dez, quinze, vinte anos, após todas as mudanças sociais promovidas na última década e toda a forte reação a elas que se observa neste momento.
Confira o texto de Wagner Iglecias, no Jornal GGN.
Um comentário:
Que horas ela volta? - Cinema.
Postar um comentário