"Aqui, no cerco de 1941, morreu um milhão de pessoas", repetem os guias diariamente, a todos os visitantes. "Aqui viviam 3 milhões de habitantes. Um milhão conseguiu fugir, um milhão morreu, um milhão sobreviveu." Penso que os guias são, às vezes, filhos dos que sobreviveram, e ouviam contar em casa, ao mesmo tempo em que o aprendiam na faculdade de turismo, que não havia então mais água potável na cidade, nem comida, e que houve canibalismo, e que quando afinal, depois de 900 dias, o cerco e os bombardeios terminaram, não havia mais na cidade um único cão, um único gato, todos haviam sido comidos. Marina Colasanti, aqui.
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