Essa onda recente de denúncias contra parlamentares pode não ter sido explicitamente montada para remendar a credibilidade dos grandes órgãos de imprensa, mas é exatamente esse o papel que ela cumpre. Vale aqui, no nível das reações grupais, o que vale em ponto menor na vida de cada um de nós. Guiamo-nos por uma espécie de instinto, que nos diz o que fazer em situações de perigo antes mesmo que possamos tomar plena consciência dos passos que fomos dando para nos proteger. Ao encher as primeiras páginas com manchetes bombásticas a respeito de pequenas e médias transgressões de nossos parlamentares, tanto os jornalões quanto a revistona colocam-se no papel de zeladores da ética e dos bons costumes. Ao mesmo tempo, fabricam um “outro” encarregado de defini-los (mentirosamente, é claro) por antonomásia.
Chamando esse Outro de ladrão, colocam-se no lugar dos santos guerreiros impolutos que, movidos pelo mais puro idealismo, resolveram arremeter em bloco contra o dragão da maldade. Isso depois de terem protagonizado um dos mais descarados esquemas de acobertamento já postos em funcionamento no Brasil até hoje.
Um dos textos que compõem o “post” no blog do Luís Nassif, sobre os seis meses de investigação sobre o grampo de Gilmar Mendes e Demóstenes Torres, “denunciado” pela revista Veja.
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