Em 1859 apareceram dois livros que, até nossos dias, são referências para as discussões científicas, da sociedade e da natureza: Para a crítica da economia política (em junho), de Karl Marx, e A origem das espécies (24 de novembro), de Charles Darwin, autor nascido em 12 de fevereiro 1809. O livro do alemão, que quase uma década depois teria continuidade com O Capital, não teve pronta repercussão. Mas o do inglês foi um marco imediato nas ciências naturais e, comenta-se, teve sua primeira edição esgotada em 24 horas. Gigantes do pensamento do século XIX, Marx e Darwin tinham compromissos de classe diferenciados. O primeiro abraçou a causa socialista e a luta do proletariado. O segundo, integrante da classe dominante inglesa, abastado, investidor em ferrovias, convivendo com o clero e com a aristocracia, evitava os debates políticos públicos. Os dois respeitavam-se, contudo, como cientistas que desejavam ''sinceramente a ampliação do saber e, a longo prazo, é certo que isso contribuirá para a felicidade da humanidade'', como escreveu Darwin na sua única carta conhecida endereçada a Marx.
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3 comentários:
Zé Justino,
Sem querer entrar em mais delongas sobre o assunto, que para mim tem mais a ver com crença do que com ciência, a ciência poderia ter evoluído o tanto que evoluiu sem A Origem das Espécies.
Método científico já existia desde o século XVII, fosse especulativo (Descartes), fosse experimental (Galileu). Grandes descobertas da biologia no final do século XIX, a micro-biologia, com Pasteur, e a genética, com Mendel, se fizeram independentes de A Origem das Espécies.
O livro serviu sem dúvida como justificação para abrir uma batalha ideológica com crentes em qualquer divindade, como aliás explicita muito bem o artigo citado. E estamos aí com os delírios do Sr. Richard Dawkins.
Bom para quem quiser justificar sua vida indenpendente de divindade, não necessariamente bom para a ciência, embora muitos, talvez a maioria dos cientistas queira nos fazer crer nisto.
Prezado Zealfredo,
Concordo com você. Nesse caso, porém, acredito que o autor do texto está se referindo ao "aniversário" de duas grandes obras fundamentais para a Ciência.
O Darwin, como todos os outros, estava sobre os ombros de grandes heróis (ou pensadores). Depois do Darwin, ainda teve o Oparin, um cientista soviético que aplicou o Materialismo Científico na origem da vida e acabou arranjando inimigos mais agressivos junto aos fundamentalistas religiosos.
Essa questão da "imposição" do pensamento científico ou da "crença" dos cientistas sobrepondo-se ao senso comum é interessante porque me trouxe a lembrança meu curso de Física. Um dos professores questionava justamente o poder da seguinte expressão muito utilizada por todos nós a respeito de alguma informação que acreditamos muito: "Isso está cientificamente provado!". Está cientificamente provado uma ova! Ao utilizar uma expressão como essa deveríamos desmontar nossos alfarrábios, sacar as lapiseiras e começar a demonstração. Mas são poucos, muito poucos, os que fazem o procedimento passo a passo.
Quando se trata de ciência e religião gosto muito daquela frase de Jesus depois de espancar os banqueiros (trocadores de moedas) na frente do templo: "A César o que é de César e a Deus o que é de Deus). Isto é, à Ciência os fatos ou fenomenos naturais passíveis de serem representados e reconstituídos por uma teoria. À religião os fatos e fenomenos que fazem parte das crenças dos indivíduos.
Well, well...
Como talvez dissesse o Ministro Marco Aurélio, é bom discordar...
[]
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