A diferença em relação a esse novo colonialismo é que os países estão permitindo prontamente serem conquistados. O primeiro-ministro da Etiópia disse que seu governo está "ansioso" para oferecer acesso a centenas de milhares de hectares de terras agrícolas. O ministro da agricultura da Turquia anunciou: "Escolham e peguem o que quiserem". Em meio à guerra contra o Taleban, o governo paquistanês investiu em sua autopromoção em Dubai, buscando seduzir os xeiques com redução de impostos e isenção de leis trabalhistas.
Todos esses esforços têm duas esperanças em comum. Uma é a esperança de os países pobres atingirem o desenvolvimento e a modernização em seus precários setores agrícolas. A outra é a esperança do mundo de que os investidores estrangeiros na África e na Ásia sejam capazes de produzir alimentos suficientes para um planeja que logo será povoado por 9,1 bilhões de pessoas; que eles tragam consigo todas as coisas que faltam aos países pobres, incluindo tecnologia, capital e conhecimento, sementes modernas e fertilizantes; e que esses investidores sejam capazes não só de dobrar as safras mas, em muitas partes da África, multiplicá-las por dez. Estimativas anteriores na verdade preveem um declínio na capacidade de produção de 3 a 4% em 2080, em comparação ao ano 2000.
Mais no texto da Der Spiegel, no UOL.
Um comentário:
O texto é longo, algo sensacionalista, e a Der Spiegel é uma revista que, às vezes, faz o papel de Veja.
Mas é relevante.
Outro trecho:
"Mas o que acontecerá num mundo globalizado quando as colônias surgirem novamente? O que acontecerá, por exemplo, se a Arábia Saudita adquirir partes da região de Punjab no Paquistão ou se os investidores russos comprarem metade da Ucrânia? E o que acontecerá quando a fome atingir esses países? Será que os estrangeiros ricos instalarão cercas elétricas em volta de suas terras e guardas armados escoltarão os carregamentos das safras para fora do país? O Paquistão já anunciou planos para enviar 100 mil membros de suas forças de segurança para proteger as terras pertencentes a estrangeiros.
Como a corrida pelas terras dos tempos modernos é muito delicada, normalmente apenas o chefe de Estado do país é que conhece seus detalhes. Em alguns casos, entretanto, governadores já leiloaram terras para quem pagasse mais, como no caso do Laos e do Camboja, onde até mesmo os governos não sabem mais quanto de seus territórios ainda lhes pertence."
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