Naquele debate havido no Senado Federal, em que o presidente Nuzman retirou-se do recinto, seu substituto na mesa, acuado pelas perguntas dos senadores, tentava explicar que um dos grandes legados do Pan Americano teria sido o know how adquirido por brasileiros em organizar competições de grande porte.
Ora, o ex-jogador de vôlei sentado ao meu lado, levantou a bola de maneira tão perfeita, que não me restou outra opção que não cortá-la e fazê-la explodir no chão da quadra adversária.
Ao ouvir aquele comentário do representante do COB, eu retruquei sem pestanejar:
"Ora, se vocês aprenderam com o Pan a organizar eventos de grande porte, por que razão contrataram a empresa suiça EKS, a peso de ouro, sem licitação pública, para prestar assessoria para a campanha olímpica?".
Uma moça que estava sentada na platéia olhou para mim e sorriu.
Os senadores sacudiram a cabeça positivamente. E não houve resposta da outra parte.
Pois é, o COB adora contratar consultoria no exterior.
Agora quem vem por aí é o Mister Steve Roush, ex-diretor de alto rendimento do Comitê Olímpico dos Estados Unidos ("USOC") e sua empresa de consultoria TSE/Consultings.
O "post" completo no blog do Juca Kfouri.
2 comentários:
Ficou meio longo, eu não sou o maior fã do Juca, mas este foi ótimo.
Outro trecho:
"Vamos passar a chamá-lo de o Mago Steve Roush, aquele que em um passe magistral de ilusionismo, transformou o Brasil em potência olímpica.
Não interessa se não temos esporte nas escolas.
Mister Roush não quer saber se o país tem alguma política esportiva de longo prazo levada a sério pelo governo federal, que possibilite o esporte para todos.
Mago Roush fará do Brasil um celeiro de medalhistas, com a mesma simplicidade com que transformará um lenço em um pombo branco.
Afinal de contas, Mister Roush esteve à frente da equipe norte americana em três edições olímpicas.
E ainda afirmou, na nota divulgada à imprensa, que "o cenário esportivo brasileiro atual é muito semelhante a situação que encontrei nos Estados Unidos em 1.999".
O Mago tem razão.
Em 1.999, assim como no Brasil, somente 12% das escolas públicas dos EUA tinham algum tipo de quadra esportiva.
Os "elefantes brancos" construídos pelo USOC apodreciam por falta de uso.
O povo não tinha acesso aos esportes.
As universidades padeciam pela falta de organização esportiva.
Os atletas norte americanos deixavam de viajar por falta de dinheiro.
Tinha medalhista olímpico recebendo pouco mais de US$ 500 (quinhentos dólares) por mês para treinar e viver.
Em 1.999, seguindo a brilhante coerência de pensamento do Mister Roush, as atividades esportivas no seu país de origem eram paupérrimas, assim como o são no Brasil atual.
A história do esporte dos EUA divide-se antes e depois do Mister Steve Roush.
Mesmo com aquela pobreza, já no ano seguinte, sob os auspícios do Mister Roush, os Estados Unidos tornaram-se, nos Jogos de Sydney, uma potência olímpica.
Que coisa estupenda esse Mister Roush!"
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