Em nome da luta contra o terrorismo, os homens mascarados têm todos os direitos. Eles cercam as casas, penetram nas aulas, levam os jovens ou os matam na hora. Eles raramente se apresentam, e prendem sem mandado. A impunidade é garantida para eles. Eles estão acima da lei, "acima de tudo que vive", como resumia o escritor Alexandre Soljenitsyne a respeito da polícia soviética (NKVD, OGPU, MGB), o braço armado dos expurgos stalinistas.
Na grande sala de jantar da fazenda da família, no número 55 da rua Pavlova, em Ordjonikidzevskaia, Aminat Makhloeva também se angustia. Seu filho Maskhud foi levado em 29 de outubro por homens mascarados, com a regata cobrindo a cabeça, presa por fita adesiva. Khamutkhan, o pai, com seu chapéu muçulmano na cabeça, quer acreditar que seu filho "ainda está vivo".
A casa é espaçosa e iluminada, com suas paredes caiadas, e há poucos objetos. "Durante uma busca em 2008, os policiais roubaram a chapka e o kinjal (faca tradicional) do avô e outros objetos", explica o pai, um ex-pedreiro. Ele foi se queixar às autoridades, sem resultados.
Um pouco mais além, em Sleptsovsk, os Albakov ainda estão em estado de choque. Em 10 de julho, os homens mascarados levaram o filho, Batyr, 26, engenheiro mecânico do aeroporto local, para "uma verificação de identidade". Ele não voltou. Onze dias depois, seu corpo foi encontrado em uma floresta em Arshty, na Inguchétia. Segundo a versão oficial, Batyr, "um combatente" segundo a mídia, foi morto durante uma "operação especial" da polícia tchetchena conduzida pelo deputado da Duma (Câmara Baixa do Parlamento russo) Adam Delimkhanov.
Confira a reportagem do Le Monde, reproduzida no UOL.
2 comentários:
Pelo que pude entender, "combatente" lá é o equivalente a baleado aqui por resistir à prisão.
Depois desta notícia da Ingushétia, acho que não vou mais reclamar que o método de investigação de algumas polícias por aqui é o espancamento do suspeito para ver se ele confessa...
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