Imagine que um dia, lá pelos seus 30 e poucos anos, você descubra que
seus pais não são seus pais biológicos. Seus pais biológicos foram
mortos durante o sangrento regime militar da Argentina, que entre 1976 e
1983 tirou do mapa 30 mil pessoas, e você não sabia. Seus pais
adotivos, a quem você ama, fazem parte de uma família que apoiava o
regime ditatorial, na melhor das hipóteses, ou de organizações
diretamente responsáveis pela morte dos seus progenitores, na pior
delas.
106 pessoas, até hoje, passaram pela situação acima desde que as Avós
da Praça de Maio – seguindo o exemplo das Mães da Praça de Maio, que
lutavam para ter seus filhos desparecidos de volta —, começaram a
batalhar para restituir os bebês sequestrados durante a ditadura.
Estima-se que 500 bebês tenham sido roubados sistematicamente de
militantes que os tiveram em cativeiro, ou que foram mortos por
militares, para em seguida ser entregues para outras famílias.
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