Marcel Proust trabalhou quase vinte anos – e intensamente – em sua obra-prima.
Em busca do tempo perdido canalizou e
catalisou de modo tão absoluto a energia produtiva do autor, que a obra
está tão intimamente ligada a ele como nenhuma outra obra se encontra
ligada a seu autor. A Recherche significa o supra-sumo quase
único da produção de Proust, o turbilhão que devorou todo o resto de
suas obras, transformando-as em meros esboços daquilo que viria mais
tarde, em veredas que levam à grande clareira onde pôde enfim ser
levantado o monumento de um romance imortal. Se James Joyce é lembrado
pelo Ulisses, escreveu também os Contos dublinenses, o Finnegans Wake e o Retrato do artista quando jovem. Se Robert Musil é lembrado por O homem sem qualidades, escreveu também O jovem Törless, os três contos grandiosos de Três mulheres, uma série de peças teatrais, ensaios como “Sobre a estupidez” e as duas novelas de As reuniões. Se Guimarães Rosa é marcado pelo Grande sertão: veredas, também é o autor de Sagarana, de Tutaméia etc.
Em busca do tempo perdido fez de Marcel Proust um mito.
Confira no Sul21.
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