"A leitura incorreta das pesquisas
Enviado por: weden
A pesquisa do Datafolha trouxe à luz dois dos maiores enigmas da imprensa brasileira no momento atual.
Ao tomar "classe média" como um valor absoluto - simplificando: "aquele que mora num dois ou três quartos num bairro como Botafogo" - acaba por esquecer que, para a realidade do país, a classe média é composta majoritariamente pela classe C (que hoje é ocupada por 45 milhões de lares e é a que mais cresce no país).
Não se pode culpar só a imprensa: o próprio sociólogo Leôncio Martins Rodrigues, freqüentador assíduo das páginas de jornais, afirmava há duas semanas que "a classe média" estaria assumindo uma atitude de pavor ao governo Lula. Mas aqui ele está se referindo, no mínimo, à classe B - renda acima de 10 salários mínimos.
Colunistas a todo momento se referem a quem ganha menos de 3.500 reais mensais como "irremediavelmente pobre", e associam ao bolsa família a realidade da aprovação de Lula.
Ora, o programa bolsa família não alcança famílias que ganham mais de um salário mínimo, o que faz constatar que a aprovação do governo se dá majoritariamente pelos não atendidos pela bolsa.
Está faltando sintonia na mídia: que se pauta pelo imaginário de uma classe média própria a países hiperdesenvolvidos - cuja maior causa é a escassez de jornalistas de origem pobre nos cargos diretivos dos jornais.
"Classe média" aqui, na China, na Rússia, na Argentina, no México, compõe um outro quadro de referência econômica.
Portanto, reajustando o imaginário para a realidade de um país "em desenvolvimento", quem recebe 2.000 reais, por mês, também é classe média, e esta está majoritariamente apoiando Lula."
Texto completo no blog do Luís Nassif.
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