Certa manhã, em maio de 2004, quando o artista Steve Kurtz abriu os olhos, após um sono inquieto, descobriu que sua mulher estava morta. Chamou a polícia, pelo 911, e inaugurou um pesadelo. Os policiais encontraram um laboratório com culturas de bactéria (o artista e a mulher trabalhavam com um projeto que seria exibido naquele mês, sobre alimentos transgênicos) e avisaram ao FBI, que apreendeu vários pertences do casal e passou a perseguir o sujeito.
Constatou-se que a mulher havia morrido de ataque cardíaco, e que as bactérias era de uso comum em laboratórios de escola secundária, mas o FMI não larga o pé do homem, e o processa por fraude em correspondência ou coisa parecida. Depois de anos de pressão, parece que conseguiu que o professor que enviou as bactérias ao artista, pelo correio, deponha contra ele (o professor está muito doente,e não agüenta mais o pesadelo imposto pelo FBI). Pelo Patriot Act, baixado por Bush depois do 11 de setembro, o artista pode pegar até 20 anos de prisão, se culpado. A história virou documentário, que teve repercussão pífia nos EUA, e a história continua como conta a Art in America, AQUI.
Aliás, o filme passou pelo Rio, neste ano. Não me lembro de ter visto matéria sobre isso em algum caderno cultural; quem sabe foi derrubada para dar lugar a alguma história sobre a Sandy e o Júnior. Há campanhas no mundo todo pelo cara.
Esse é o mundo de quem empacota seus medos e os entrega à polícia, com carta branca e regras frouxas, para perseguir os criminosos. Como o alienista do Machado de Assis, que via maluco em todo canto, a polícia é paga para encontrar culpados, nem que, às vezes, tenha de fabricá-los.
Do Sítio do Sérgio Léo.
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