sábado, 29 de dezembro de 2007

Pedindo uma cerveja no Zimbábue

Keynes disse certa vez que numa situação de hiperinflação é melhor pedir três cervejas ao entrar num bar, porque o preço da bebida irá subir ao longo da noitada. Pensei na frase do economista ao ler o post de Chris Blattman (que toca um dos melhores blogs que conheço a respeito de desenvolvimento e questões afircanas) sobre o Zimbábue, país que vive uma terrível crise política e econômica. A foto mostra a quantidade de dinheiro necessária para comprar um copo de cerveja. Há polêmicas sobre o índice de inflação, mas acredita-se que possa ser de mais de 10.000% anuais - os piores na América Latina estiveram em torno de 3.000%. A expectativa de vida baixou para 37 anos.

Na época colonial, o Zimbábue se chamava Rodésia, batizado em homenagem ao empresário e explorador britânico Cecil Rodes, que se tornou conhecido por sua declaração de que ficava angustiado ao ver o céu estrelado, porque ali estavam vários planetas que ele nunca poderia colonizar. Para azar dos africanos, boa parte do continente estava disponível. A África Austral, com seu clima ameno, foi especialimente propícia ao estabelecimento de milhões de colonos brancos. Não por acaso, foi lá que as independências não puderam ser negociadas e tiveram que ser conquistadas à bala: África do Sul, Angola, Moçambique, Namíbia, Zimbábue.

No Zimbábue, a minoria branca fez uma célebre declaração unilateral de independência dos britânicos, porque acreditava que Londres iria chegar a algum tipo de acordo com a maoria negra. Esta, evidentemente, não gostou da perspectiva de viver num regime racista e o resultado foi uma feroz guerra civil. O líder do governo branco, Ian Smith, morreu há poucas semanas. O chefe dos rebeldes, Robert Mugabe (foto) governa o pais desde os anos 1980.

O texto continua em Todos os Fogos o Fogo, inclusive com figurinha.

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