Porto Alegre (RS) - Cerca de 2,5 mil trabalhadores da fabricante de lonas de freio Fras-le paralisaram as atividades durante toda a segunda-feira em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. Eles protestaram contra a demissão, sem justa causa, do metalúrgico e sindicalista Jorge Rodrigues, ocorrida na sexta-feira. Jorge era funcionário há 26 anos da empresa e já foi presidente, por três vezes, do Sindicato dos Metalúrgicos da região.
Atualmente, o trabalhador integrava o conselho fiscal do sindicato, cargo amparado pela legislação trabalhista com a estabilidade de emprego. Mesmo assim, acabou sendo demitido. Além de ser ilegal, o vice-presidente do sindicato, Leandro Velho, denuncia que o desligamento do metalúrgico teria tido motivo político. A Fras-le atualmente passa por vistoria dos fiscais do trabalho por não pagar insalubridade a alguns funcionários da fábrica. Jorge, que integra o Conselho Municipal de Saúde, teria ajudado a denunciar as irregularidades.
"Aqui é uma empresa que trabalha com lonas de freio. E tem muitos problemas de produtos químicos na fábrica. E daí tem setores que eles pararam de pagar insalubridade. Os fiscais do trabalho fizeram uma vistoria no ano passado e acharam que, além da insalubridade, é um setor que necessita pagar periculosidade aos trabalhadores. Então estamos entrando com ações coletivas na Justiça contra a empresa", argumenta.
Na parte da tarde, sindicalistas e representantes da empresa tiveram uma audiência na 4ª Vara do Trabalho em Caxias. Os trabalhadores exigiam a readmissão do metalúrgico, mas a empresa não aceitou. O gerente de recursos humanos da Fras-le, Fernando Guerra, diz não reconhecer a estabilidade do emprego de Jorge. Para o gerente, é de direito da empresa decidir sobre quem emprega.
"Houve o desligamento de um funcionário que, segundo o sindicato é detentor de uma garantia de emprego, de estabilidade, e a empresa entende que não. A gente entende que é um ato administrativo nosso, como tantos outros, como tantos desligamentos de outras pessoas. Uma vida normal da empresa", diz.
No final da tarde os trabalhadores deixaram a fábrica, atendendo ao interdito proibitório dado pela Justiça. No entanto, os metalúrgicos afirmaram que devem realizar novas mobilizações e não descartam recorrer na Justiça.
A empresa Fras-le pertence ao grupo Randon e é a maior fabricante de lonas de freio no mundo.
Um comentário:
Notícia bem importante. Raramente temos informações sobre abusos contra trabalhadores
Postar um comentário