A discussão gerada pela lista de produtos norte-americanos que devem sofrer sobretaxa de importação como forma de retaliação pelos subsídios concedidos aos produtores de algodão dos Estados Unidos – que prejudicaram os agricultores brasileiros – é um bom momento para tratar de um problema interno. Como estamos discutindo a imagem internacional das mercadorias que vendemos, creio que vale a pena ver como o esforço de alguns para gerar produtos de qualidade pode ser posto por água abaixo por aqueles que querem lucro fácil obtido com a transformação de pessoas em instrumentos descartáveis.
Há incidência de trabalho escravo não apenas em lavouras de algodão, mas também em outros pontos da cadeia – como bem mostra as repetidas libertações de imigrantes latino-americanos, principalmente bolivianos, em oficinas de costura em São Paulo. Hoje, os casos de empregadores flagrados com escravos nas fazendas de algodão representam cerca de 3,7% da “lista suja” do Ministério do Trabalho e Emprego, que relaciona pessoas físicas e jurídicas que se utilizaram desse tipo de mão-de-obra. Como a atividade pode ser intensiva em força de trabalho, o número de libertados chega a 7% do total da lista. Nada comparado ao gado bovino, primeiro lugar em fazendas fiscalizadas devido a esse crime, ou à cana-de-açúcar, que vem sendo campeã no número de libertados nos últimos anos. Mas ainda assim preocupante.
Texto completo no blog do Sakamoto.
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