terça-feira, 11 de maio de 2010

Editorial da CARTA MAIOR

"Você e o pessoal do sistema financeiro podem ficar tranquilos que não vai ter nenhuma virada de mesa". A frase foi dita, em tom exasperado, pelo candidato José Serra, que destratou a jornalista Míriam Leitão ao vivo, alto e bom som, em entrevista à rádio CBN, ontem (dia 10 de maio). Mas isso não era para ser dito no rádio. Daí a irritação. Serra saiu do sério e bateu boca, sem dó nem piedade. Logo ele, que diz ter se preparado a vida inteira para este momento, não estava preparado para ser pego de surpresa e ter que declarar, com todas as letras, algo que deveria ser mantido em conversas de bastidor. E, imagine, arrancado justo por uma jornalista que deveria ter, como sua obrigação profissional diária, facilitar as coisas para o candidato da oposição, e não arremessar-lhe bolas divididas. Fogo amigo! Modéstia às favas, a palavra mais repetida por Serra ao longo de sua emissão radiofônica e histriônica foi "eu". Entre um "eu isso", "eu aquilo", indignado com a pergunta, Serra mostrou para que está "preparado". Está preparado para ser o candidato dos ricos. Preparado para ser o representante da Avenida Paulista. Preparado para unir dois lados que se odeiam, mas que perfilam ombro a ombro: a FIESP e a Febraban. E agora, José? Como fica aquela fotomontagem angelical da capa da Revista Veja? Foi-se por água abaixo, em trinta segundos de bate-boca. Também caiu por terra o arremedo de contrariedade com a política monetária do Banco Central. A contragosto, Serra teve que confessar: baixar juros, só quando a inflação estiver caindo; de preferência, com deflação. Quanta ousadia!"
(Carta Maior; 11-05)


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