Há uma guerra acontecendo, e as potências nucleares vêm se preparando para ela, e tomando posições estratégicas, desde antes mesmo que os seus adversários percebessem que havia uma disputa. O Irã é o atual campo de batalha desta guerra, o lugar onde eles vão dar mais um passo para garantir o seu poder. É por isso que a Turquia e o Brasil não poderiam ser autorizados a negociar uma saída para o impasse nuclear iraniano, é por isso que a Declaração de Teerã tinha de ser ignorada e uma nova rodada de sanções precisava ser imposta ao Irã: a única solução aceitável para eles é que os iranianos renunciem ao direito de desenvolver a sua própria tecnologia nuclear para fins civis, independentemente de esse direito estar consagrado nas leis internacionais e em tratados internacionais em vigor. E essa "solução" tem de ser alcançado pelos seus próprios esforços e meios, e não pela intervenção de novatos intrometidos como o Brasil ou a Turquia. Esses países têm de ser mantidos no seu lugar como parte do problema e nem por um momento devem achar que podem ser parte da solução.
A meta atual das potências nucleares, que a vêm perseguindo com diligência nas duas últimas décadas, passo a passo, é fazer com que o desenvolvimento do ciclo completo da tecnologia nuclear para fins civis seja um monopólio de quem já o domina, os "estados nucleares" do Tratado de Não Proliferação. Os meios para esse fim são o Protocolo Adicional do TNP, tornando as inspeções intrusivas da AIEA obrigatórias para todos os países (exceto os estados nucleares, é claro), e a proibição de transferências internacionais de tecnologia nuclear, mediante novas regras sobre o comércio nuclear impostas pelo Grupo de Fornecedores Nucleares (GFN). Depois de estabelecido o precedente iraniano, fixando o “direito” das potências nucleares a forçar um país a renunciar aos seus direitos, eles vão resolver os "problemas" restantes: Brasil, Turquia, Argentina, Coreia do Sul, Paquistão, África do Sul e, em última instância, a Índia, já objeto de pesadas pressões americanas nas negociações do NSG, apesar de ter firmado em 2008 um acordo de cooperação nuclear com os Estados Unidos.
Confira o texto completo no blog do Luís Nassif.
Um comentário:
O imperialismo e suas armas...
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