segunda-feira, 8 de agosto de 2011

UMA 2º FEIRA COMO MANDA O FIGURINO NEOLIBERAL: AO SABOR DOS MERCADOS 'AUTORREGULÁVEIS'

O  anúncio de que o Banco Central europeu compraria títulos da dívida pública espanhola e italiana reverteu a espiral de juros que os investidores vinham impondo a Roma e Madrid. Mas no meio da manhã da 2º feira Angela Merkel acionou o lança chamas germânico: a dama de ferro avisou que não haveria recursos adicionais para acudir economias  incendiadas pelos interesses autorreguláveis dos mercados em crise mundial. A reticência da dama-de-ferro a uma ofensiva estatal anti-crise atiçou as labaredas da incerteza que alimentam fugas e ataques de capitais. Mais que isso deu aos mercados financeiros nova evidência de que o dinheiro  é Rei. Manda e desmanda porque a Política resignou-se ao papel de  vassala que lhe coube no enredo do neoliberalismo. Países e lideranças apequenaram-se ao longo de décadas de submissão à agenda dos mercados. Agora revelam seu despreparo, tropeçam e emitem sinais contraditórios. Obama fala em confinaça nos EUA: em seguida Wall Street desaba mais de 5%. A única certeza é a falta de quaquer certeza, exceto uma: a economia capitalista não volta ao trilho do crescimento sem uma ação estatal coordenada e contundente. A agonia pode demorar anos em lenta espiral declinante porque faltam os atores principais desse enredo: líderes e partidos progressistas.  Quem tem dinheiro em ações e depende de  lucros para obter dividendos se acautela e  dispara ordens de vendas;  poucos se dispõem a aceitar o convite para a compra. Bolsas despencaram em todo o mundo nesta 2º feira. Caiu a ficha: a crise dos mercados financeiros desregulados requer ação política forte para devolver as manadas ao piquete. Ninguém se apresenta para botar sela e bridão no dinheiro chucro.E ele continua a distribuir coices urbi et orbi.
 

(Carta Maior; 3º feira, 09/08/ 2011)

Um comentário:

Anônimo disse...

USA.....é a criatura comendo o criador!