O governo americano tenta há quase uma década abafar o que fez com Khaled el Masri, um cidadão alemão cuja história de identidade confundida, abdução e abuso marca um dos pontos baixos da "guerra ao terror" pós-11 de Setembro da CIA.
Na quinta-feira (13), o acobertamento acabou. A Corte Europeia de Direitos Humanos decidiu que o desaparecimento forçado de Masri, sequestro e transferência encoberta, sem o devido processo legal, para a custódia americana, há nove anos, violou as garantias mais básicas da decência humana. Notadamente, a corte apontou que o tratamento sofrido por Masri no Aeroporto de Skopje "nas mãos da equipe especial de rendição da CIA (...) representou tortura".
Apesar da corte não ter jurisdição sobre os Estados Unidos, sua decisão é uma condenação poderosa das táticas impróprias da CIA e do fracasso abjeto de qualquer tribunal americano de fornecer reparação a Masri ou a outras vítimas da política desacreditada de Washington de detenção secreta e rendição extraordinária.
Os 17 juízes da grande câmara da corte europeia, vários dos quais criados sob o comunismo, fizeram o que nossa própria Suprema Corte se recusou a fazer: condenar um abuso escandaloso sofrido por um homem inocente e cometido por serviços de segurança fora do controle.
O texto do International Herald Tribune, republicado no UOL, pode ser visto no Colagens do Umbigo e da Mosca Azul.
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