terça-feira, 9 de julho de 2013

As grandes lambanças

Mauro Santayana

O caminho encontrado pelos Estados Unidos para ampliar a sua espionagem no mundo pode ser definido com um vocábulo bem brasileiro: tratou-se e se trata de uma grande lambança. Dominada a República pelo fundamentalismo mercantil (a expressão é de Celso Furtado), o governo de Washington, já a partir de Bush, terceirizou a mais grave obrigação dos estados nacionais — a segurança de suas fronteiras e de seus povos. Depois de contratar mercenários para os combates, passou a contratá-los para definir a estratégia internacional do país. 

Espionar os eventuais inimigos é uma prática universal, desde que se desenharam as fronteiras políticas. Os espiões têm que ser recrutados com extremo cuidado a fim de que se garanta a sua lealdade. Ainda assim, os riscos são imensos, porque não há só a espionagem; existe também a contraespionagem. Por isso mesmo, o mais famoso agente-duplo do mundo, o britânico Harold Russel Kim Philby, que chefiava uma das seções mais poderosas do M-16, era também o chefe da espionagem soviética no Reino Unido. Philby deu um sério conselho aos jovens que sonham com o romantismo e as emoções da espionagem: trabalhassem sempre por dinheiro, porque nunca saberiam a que país estariam  servindo realmente. 


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