terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Morreu o último trotskista histórico



Na última quarta-feira, 16 de janeiro, em Paris, morreu o companheiro Pierre Lambert (foto), líder da Quarta Internacional e um dos principais inspiradores da corrente petista 'O Trabalho' (* nome também do jornal da antiga Organização Socialista Internacionalista - O.S.I. - informação do blog). Os seus funerais ocorrem nesta sexta-feira, no cemitério parisiense Père Lachaise, onde serão prestadas as últimas homenagens e será cremado, conforme a sua vontade. O presidente do PT, Ricardo Brezoini, divulgou nota de pesar sobre o falecimento de Lambert: “Foi com pesar que tomei conhecimento do falecimento do companheiro Pierre Lambert...Francês, Lambert desde os 14 anos esteve ao lado dos trabalhadores pela sua emancipação. Foi o principal dirigente da 4ª Internacional, foi um lutador incansável contra a exploração em todo o mundo. Também foi dirigente sindical metalúrgico e ajudou a manter ativa a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) em seu país. Registro o meu reconhecimento pela sua atuação e minha admiração por sua história de militante operário e internacionalista. A Pierre Lambert, minhas homenagens e minha gratidão”.

Também a CUT enviou mensagem sobre a morte de lambert: “A Direção Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores – CUT Brasil – recebeu com pesar a notícia do falecimento do companheiro Pierre Lambert...Durante a ocupação nazista da França na 2ª Guerra Mundial ajudou a manter viva a Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) na clandestinidade como dirigente sindical metalúrgico. Ao longo de sua trajetória militante, o companheiro Lambert também ocupou responsabilidades sindicais em representação dos trabalhadores do setor de Seguridade Social em seu país. Como militante internacionalista, Lambert ajudou a organizar várias reuniões de sindicalistas realizadas em Genebra por ocasião das conferências anuais da OIT, colocando no centro a defesa da independência sindical e das convenções da OIT que protegem os direitos trabalhistas. Com seus companheiros de idéias do Brasil, muitos deles militantes de nossa central, Pierre Lambert insistia na necessidade de defender a CUT, conquista da classe trabalhadora, contra políticas que levam à sua divisão e enfraquecimento. Assim, ao expressar o nosso pesar e enviar nossas condolências aos companheiros, amigos e familiares de Pierre Lambert, estamos homenageando a memória de um velho militante do movimento operário francês e internacional que sempre foi solidário com a Central Única dos Trabalhadores”.

Pierre Boussel-Lambert morreu aos 87 anos de idade. Ele era o último representante vivo daquela geração denominada de “trotskismo histórico”, da qual faziam parte Ernest Mandel, Nahuel Moreno, Cannon, Livio Maitan, Joseph Hansen, Pierre Frank, Michel Pablo, Pierre Broué, Healy, Ted Grant, Raymond Molinier e tantos outros. Claro, não havia entre eles uma unanimidade, a não ser a defesa das idéias essenciais de Léon Trotsky. Tanto é assim que, no início dos anos 50, um debate dividiu a 4ª Internacional, opondo Pablo, Mandel, Livio e Frank a Lambert. Este tinha maioria do PCI (Partido Comunista Internacionalista) francês e outros mantiveram o controle da Internacional, constituindo o que logo depois veio a se chamar o Secretariado Unificado da Quarta Internacional. Nunca mais houve possibilidade de reconciliação entre as duas principais correntes do trotskismo mundial. Lambert permaneceu firme e irredutível nas opiniões firmadas nos anos 50 do século passado. Foi mentor do ex-primeiro ministro francês Lionel Jospin e sempre exerceu uma considerável influência intelectual na esquerda francesa e mundial. (Por Luiz Pilla Vares, do portal PTSul)

*Do Blog do Júlio Garcia http://jc-garcia.zip.net

2 comentários:

Jens disse...

Que o companheiro descanse em paz.

Carlos Eduardo da Maia disse...

Os trotskistas históricos estão indo embora.