Esse caso do italiano é exemplar por permitir traçar o perfil psicológico do chamado delator público - aquele que se empenha no exercício da delação amparado por leis. É um tipo similar ao que eu costumava chamar de “assassinos na legalidade” - aqueles cidadãos que, sentindo que alguém transgrediu alguma regra ou lei, aproveitavam para exercitar seus instintos mais animalescos contra o presumível culpado. No meu livro “O jornalismo dos anos 90″ descrevo vários casos em que o linchamento se fazia supostamente amparado pela legalidade - com leis ou o clamor das ruas fornecendo o salvo-conduto para o linchamento.
Texto completo no Luís Nassif.
Outro "post" sobre o mesmo assunto no mesmo blog do Luís Nassif.
Um comentário:
Mais um trecho:
"Como prende-se uma pessoa, traumatiza-se sua filha, baseado em um julgamento moral de dois anônimos - que podem ser os deformados morais da história?
Pinçando o que saiu nos jornais, pinçando mesmo, porque nenhum teve a coragem de ir a fundo investigar as razões dessas testemunhas, fica claro o somatório de detalhes que alimentou seu preconceito: o pai é italiano; a mãe uma negra brasileira; a filha, uma mulata. De 8 anos. É impossível um pai branco ter carinho por uma filha mulata. O preconceito era contra a filha.
De nada adiantaram os atenuantes, de nada adiantaram as demais testemunhas negando terem visto qualquer ato malicioso. A malícia está na cabeça dos pervertidos. A juíza terceirizou o julgamento moral e permitiu a prisão do pai, permitiu que ele fosse arrancado do convívio da família e jogado num xadrez."
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