O ódio de classes como mística de luta sempre foi inaceitável para os cristãos. Recordo-me dessa questão posta por Frei Betto a Fidel Castro em seu livro "Fidel e a Religião". Não me recordo exatamente as observações de Fidel, apenas que não punha esse princípio como um dogma marxista.
Mas eu não falo do ódio das classes subalternas. Aliás, por mais sórdido que seja, sempre me recordo de Millôr Fernandes, quando ironizando a organização dos pobres: dizia em outras palavras que eles "nutrem um profunda admiração por seus patrões". Vi ao longo desses anos que os subalternos brasileiros – salvo os movimentos organizados - são levados mais por esse sentimento do que pelo ódio aos dominantes. Nunca me esqueço uma vez, no porto de Remanso, São Francisco, um visitante querendo uns peixes que eu pescara, que afirmava de modo contínuo: "sou motorista da família Ermírio de Morais". O ufanismo dele não era por ser motorista, mas por trabalhar na família do empresário.
Vejam o texto completo em CORREIO DA CIDADANIA
Um comentário:
"Quero falar do ódio de classes que esses dias está sendo destilado por setores da mídia contra os pobres organizados – esse é o problema -, da revelação pública do sentimento de Boris Casoy contra os garis, de parlamentares como Caiado e Kátia Abreu, de fazendeiros que esmagam os Guaranis no Mato Grosso, do chefe do Supremo que devolveu a terra aos fazendeiros quatro dias depois de o presidente da República repassá-las aos Guaranis, assim por diante. Se havia algum pudor em esconder esse preconceito de classe, de etnia, ele não existe mais."
Postar um comentário