É curioso essa guinada no estilo, em plena era da informação. No governo de São Paulo, Serra atuou com agressividade ampla em relação não apenas a adversários, mas a qualquer pessoa que ousasse fazer uma crítica. Do lado jornalístico, manteve marcação cerrada, conseguindo o pescoço de críticos e – através de um Secretário de Comunicação troglodita – ameaçando jornais de interior que ousassem criticar e investindo sobre os maiores que abrigassem artigos contrários.
No caso do Valor Econômico, usou todo o poder do Estado para conseguir espaço para um artigo do Secretário de Justiça acusando uma jornalista – que ousou criticar a lei antifumo – de estar a soldo da indústria do cigarro. Obrigou o Paulo Markun a romper meu contrato com a TV Cultura logo após artigos meus mostrando a deterioração dos balanços da Sabesp. Depois, na sucessão derrubou Markun – porque sua lealdade não era a Serra mas ao governador de plantão – para colocar um secretário seu na presidência.
O inferno em que se transformou a vida política nacional nos últimos anos, a sucessão de factóides, CPIs, dossiês, a truculência desmedida, a radicalização irresponsável – e que deixará marcas profundas na divisão do país – foi tocada por pessoas estreitamente ligadas a Serra – Raul Jungman e Marcelo Itagiba. A montagem da rede de ataques à reputação pela Internet foi feita foi seu chefe de campanha, Eduardo Graeff.
Valeu-se do blogueiro Reinaldo Azevedo para ataques desqualificadores contra jornalistas, adversários dentro do PSDB, adversários fora do PSDB, com uma virulência incompatível com qualquer limite jornalístico. Foi alertado por amigos próximos, em vão. A síndrome do Escorpião foi maior que a prudência política.
Texto completo (beeem longo) no blog do Luís Nassif.
2 comentários:
A conferir quem vai confrontar José Serra com seu passado (muito) recente.
Lá no blog do Nassif tem uma turma pó-de-arroz que ainda não sentiu (não quer ou não tem a perspicácia) o verdadeiro olor do neo-fascismo.
O neo-liberalismo já provou que não se sustenta e os neo-liberais daqui e de alguns grotões do planeta perceberam que a única solução para manter uma situação de exploração do trabalho (aquele fenômeno famoso da queda da taxa do lucro) e de saque dos recursos de uma nação é manter um regime fascista "perfumado". A foto das fuças insanas do Nosferatu empunhando um fuzil é simbólica e sua "política" de criminalização de movimentos sociais e censura a quem a questiona é uma das provas desse viés fascista.
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